Assim como os pequenos circos que volta e meia armavam sua lona na pequena cidade e eram motivo de alvoroço e alegria, havia também os parques de diversões. No mesmo estilo do circo, o parque chegava à cidade e era sempre bem-vindo. Uma atração principalmente para a criançada por causa dos brinquedos coloridos. Na verdade nem eram muitos e se fosse hoje, nenhum seria aprovado pela segurança, mas isso não tinha a menor importância. Ficava cheio de pessoas indo e vindo, principalmente crianças, rindo e brincando nos balanços, chapéu mexicano, cavalinhos, trenzinhos, roda não tão gigante, barraquinhas de tiro ao alvo, pescarias, laços, argolas e outras brincadeiras.
Havia ainda as barracas do espelho mágico que refletia a gente em formas diferentes, a barraca de mulher barbuda, do gorila falso, tudo fazia rir, gargalhar, gritar.
Em algumas noites, eram apresentadas peças teatrais, abrindo grandes cortinas de veludo vermelhas, como tinha o Parque do seu Piva, que corria as pequenas cidades da redondeza. Hoje, passando dos oitenta anos, seu José Aldenuchi é muito conhecido em um bairro de Londrina onde mora. Sem perder o charme e elegância de apresentador, está sempre com seu chapéu coco preto e quando se toca no assunto, é com muita emoção que fala sobre os bons tempos de parque.
Muita musica enchia os ares, provocando grande agitação e uma alegria contagiante. Foi numa dessas noites que eu, acompanhando minha irmã e o namorado dela, fomos ao parque de diversões. Estava tão radiante que não me contive e comecei a correr, feliz, no meio da multidão, olhando os brinquedos que rodavam, balançavam, voavam, misturados aos gritos e às gargalhadas. E como havia muita gente, dei um encontrão numa outra criança, tão forte, mas tão forte, que nós duas caímos com o nariz escorrendo sangue.
Aí que o rebuliço ficou maior ainda: foi juntando gente, nos acudindo, a hemorragia que não parava: sentia uma dor forte no nariz, muita vergonha e o pior: a tristeza de ter que ir para casa, quase arrastada, carregando no coração a dor maior de não poder ficar no melhor lugar do mundo, naquela noite: o parque de diversões. ( ESTELA MARIA FREDERICO FERREIRA, leitora da FOLHA, página 2, FOLHA RURAL, espaço DEDO DE PROSA, sábado, 3l de outubro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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