Português e matemática são duas matérias que a maioria das pessoas consideram opostas. Afinal de contas, uma trata de palavras e a outra de números, não é? Acontece que não é bem assim. Os números, “ matéria-prima “da matemática, não são só algarismos ( aqueles ” símbolos “ que usamos para fazer contas, como 1, 2 ou 3 ), eles também precisam ser lidos, pronunciados. É aí que se tornam palavras. ( “ matéria-prima “ do português).
Primeiramente, é bom lembrar que existem tipos diferentes de numerais: os cardinais ( um, dois, três ,quatro ), os ordinais (primeiro, segundo, terceiro ), os multiplicativos ( dobro, triplo, quádruplo ) e os fracionários ( meio, um terço, um quarto). Além desses, é possível também falar dos numerais coletivos, usados para designar um número específico de elementos ( dezena, dúzia, centena ).
Com relação aos cardinais , é bom tomar cuidado com a grafia de números grandes ( usa-se a vírgula para separar centenas e a conjunção E com dezenas e unidades: 2.702,423 fica “ dois milhões, setecentos e dois, quatrocentos e vinte e três ) e com as flexões ( quando usar “ duzentos “ ou “ duzentas “, por exemplo).
Aliás, falando sobre flexões um erro que muita gente comete é com relação ao número “ zero “, o qual, por ser menor que um, pede a concordância no singular. Sendo assim, o correto é dizer “ zero real “ zero reais “ ) e “ zero grau “ ( em vez de “ zero graus “ ).
Já com os ordinais, os problemas mais frequentes são com relação à grafia e pronúncia, já que todo mundo sabe falar até o décimo, mas daí pra frente pode trazer dúvidas. º Então, algumas dicas: não se usa hífen entre ordinais compostos ( o correto é “ “décimo segundo “, os algarismo são escritos seguidos de um pequeno “o” ou “a”, de acordo com a concordância ( 10º ou 10ª ou 50]) e se você não souber como ler um ordinal, o melhor é recorrer a um dicionário ( por exemplo: 50º se lê “quinquagésimo”).
Quanto aos multiplicativos, é só, mais uma vez, buscar no dicionário se precisar, já que muita gente se atrapalha com palavras como “ quíntuplo “ ou “ sêxtuplo “.
Os fracionários não costumam causar problemas, mas é bom lembrar que quando a fração tem um denominador maio que 10, usamos a palavra “ avos “, como em “ um doze avos “, por exemplo. Aliás, só por curiosidade, esse termo tem origem no numeral “ oitavo “ ( de “ oit’avos “ = oito partes ).
Também falando em frações e divisões, vale a pena outra observação sobre vocabulário: o ato de dividir em duas partes iguais ( iguais ou não ) pode ser chamado de “partir”. Já quando dividimos em mais partes, estamos “ repartindo “, ou seja, partindo de novo.
Finalmente, um último detalhe, sobre um tipo especial de números, os algarismos romanos. Como você com certeza já estudou, os romanos utilizavam letras para representar os números ( I+1), V=5, X=10, etc. Esse tipo de numeral é muito utilizados em nomes de reis ( Luís XV, Dom João VI) ou papas (Bento XVI, João Paulo II), mas o que talvez você não lembre é que existe uma regra para ler ou pronunciar tais algarismos: até o IX devemos usar os ordinais ( Dom João sexto , João Paulo segundo ), daí em diante, usamos cardinais ( Luís quinze, Bento dezesseis). E, embora seja comum usar os algarismo romanos para nos referir a séculos, os manuais de ortografia mais modernos sugerem o uso preferencial dos arábicos ( “século 20, em vez de “ século XX “ ).
E você, tem alguma dúvida sobre a grafia de algum numeral? Mande para nosso e-mail ( bemdito13@gmailcom). Até a próxima terça! ( FLAVIANO LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS e ESPANHOL , coluna BEM DITO, página 5. Folha 2, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, terça-feira, 6 de outubro de 2015).
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