Nunca batemos enxada
juntos com nossos avós, mas Dalva e eu
lidamos na chácara, desde a primeira vez, sem palavras sem qualquer acordo
prévio, simplesmente fomos lidando, na nossa terapia semanal.
Sem qualquer plano também: vamos também obedecendo às estações e até às tempestades, recolhendo galhos velhos pelo vento derrubados, arrancando mato aqui e acoli, podando, plantando, adubando, colhendo flores, frutas, verduras.
Temos parcerias entretanto, como a horta. Eu cavoco a terra a pá, misturando estrume seco recolhido na praça, aqui no bairro ela é usada também por cavalos. E Dalva planta e cuida da horta.
Nas podas de árvores e arbustos, um poda, outro recolhe os galhos. Nos plantios, eu cavo a cova, ela desensaca e coloca a muda, eu fecho a cova, ela estaqueia.
Ela trepa nas árvores, eu pego as frutas que ela lança. Ela enche a sacola, eu carrego. Eu lavo a cachorra, ela enxuga.
Sem precisar combinar nada, só agindo, corações juntos.
A terra está no nosso sangue.
Passarinho canta, a gente escuta junto: - Ouviu? Ensopamos os macacões de suor, tomamos banho de chuveirão no terraço, onde almoçamos esperando beija-flor.
Nossos avós voam sobre nós, abençoando. Eles viveram da terra, plantaram para viver, colheram sucessos e fracassos, mas sempre falaram da terra com respeito e amor, pois nos fracassos aprenderam e cresceram.
Da terra tiraram a água do poço, na terra descansaram, nos deixando uma herança de amor ao trabalho e fé na honestidade, confiança para criar, ousadia para mudar, pois eles mudaram do campo para a cidade, como seus pais mudaram de continente!
Quando nós suamos na chácara, é o suor deles que nos banha e abençoa, nos legando força e confiança.
Quando lidamos juntos com nossas ferramentas e nossas plantas, estamos sempre no coração da chácara.
Não batemos enxadas juntos, mas os corações... ( Crônica do escritor londrinense Domingos Pellegrini, página 21, cultura, espaço DOMINGOS
PELLEGRINI
d,pellegrini@sercomtel.com.br
facebook.com/escritordomingospellegrini
domingo, 11 de outubro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).Sem qualquer plano também: vamos também obedecendo às estações e até às tempestades, recolhendo galhos velhos pelo vento derrubados, arrancando mato aqui e acoli, podando, plantando, adubando, colhendo flores, frutas, verduras.
Temos parcerias entretanto, como a horta. Eu cavoco a terra a pá, misturando estrume seco recolhido na praça, aqui no bairro ela é usada também por cavalos. E Dalva planta e cuida da horta.
Nas podas de árvores e arbustos, um poda, outro recolhe os galhos. Nos plantios, eu cavo a cova, ela desensaca e coloca a muda, eu fecho a cova, ela estaqueia.
Ela trepa nas árvores, eu pego as frutas que ela lança. Ela enche a sacola, eu carrego. Eu lavo a cachorra, ela enxuga.
Sem precisar combinar nada, só agindo, corações juntos.
A terra está no nosso sangue.
Passarinho canta, a gente escuta junto: - Ouviu? Ensopamos os macacões de suor, tomamos banho de chuveirão no terraço, onde almoçamos esperando beija-flor.
Nossos avós voam sobre nós, abençoando. Eles viveram da terra, plantaram para viver, colheram sucessos e fracassos, mas sempre falaram da terra com respeito e amor, pois nos fracassos aprenderam e cresceram.
Da terra tiraram a água do poço, na terra descansaram, nos deixando uma herança de amor ao trabalho e fé na honestidade, confiança para criar, ousadia para mudar, pois eles mudaram do campo para a cidade, como seus pais mudaram de continente!
Quando nós suamos na chácara, é o suor deles que nos banha e abençoa, nos legando força e confiança.
Quando lidamos juntos com nossas ferramentas e nossas plantas, estamos sempre no coração da chácara.
Não batemos enxadas juntos, mas os corações... ( Crônica do escritor londrinense Domingos Pellegrini, página 21, cultura, espaço DOMINGOS
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