De longa data que se entoa a
máxima: “bonitinho e sem conteúdo”, como se todo aquele agraciado com a beleza
estivesse ignorado à eterna ignorância. Como se na beleza exaurisse toda a
virtude de quem é belo. O belo é belo, nada mais que belo. Ser belo lhe basta.
Quem nunca ouviu o “ por fora bela viola, por dentro pão bolorento ”? Novamente,
evidencia o preconceito com a beleza, tratando-a como qualidade única de um
sujeito, incompatível com quaisquer outras.
Da sabedoria popular também se colhe o alerta acerca da superproteção paterna. “Dou
liberdade para meus filhos fazerem o que bem entendem, afinal os crio para o
mundo”, é ideia basilar no discurso dos adeptos do construtivismo, cada vez mais
em voga. Traçado o cenário, trago a lume os versos do Jorge Bem Jor. “Moro, num
país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. Ora, seria o Brasil o
filho bonito por natureza e superprotegido pelo Criador? Adornado por verdes e
praias a perder de vista e, não bastasse, a salvo de tantos desastres naturais
que acometem seus pares? Seria essa beleza natural a âncora a tornar inócuos os esforços rumo ao progresso
efetivo? A minar quaisquer tentativas de destacar-se noutras searas? A macular com
podridão e feiuras inenarráveis os centros de poder, em contraste com a feição
digna de prêmio no concurso de “país universo”?
E quanto à superproteção em face de diversas expressões de fúria da natureza que reconhecidamente possui? Explicaria o acomodamento deparado em tantos setores?
Quem dera as explicações para os fracassos atuais fosse assim tão singela. Assim fosse, estariam prestando verdadeiro favor aos poluidores, os desmatadores e congêneres, enfeiando o filho belo na tentativa de despertar-lhe para outros talentos, colocando em prática os dizeres “beleza um dia acaba”. Igualmente, estariam prestando verdadeiro favor à pátria os causadores de enxurradas de corrupção, avalanches de dívida pública, montanhas de discórdia nas relações internacionais. Se é verdade que em toda brincadeira há um fundo de verdade, que o Brasil se inspire, então, guardadas as devidas proporções, em beldades que, por suas múltiplas virtudes, desmentiram todos os mitos em torno da beleza. Vide Elvis Presley e Julie Andrews. Quando à redoma de que decorre a superproteção, torçamos para que seja eliminada por forças tão magnificentes quanto as naturais, porém com a vantagem de não atingir inocentes e desavisados. Que venham, então, mais jorros desse lava jato colossal, símbolo da esperança de muitos e do despreparo de outros tantos. ( AURORA LEAL, advogada em Londrina, página 2, FOLHA OPINIÃO, ESPAÇO ABERTO, segunda-feira, 21 de setembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
E quanto à superproteção em face de diversas expressões de fúria da natureza que reconhecidamente possui? Explicaria o acomodamento deparado em tantos setores?
Quem dera as explicações para os fracassos atuais fosse assim tão singela. Assim fosse, estariam prestando verdadeiro favor aos poluidores, os desmatadores e congêneres, enfeiando o filho belo na tentativa de despertar-lhe para outros talentos, colocando em prática os dizeres “beleza um dia acaba”. Igualmente, estariam prestando verdadeiro favor à pátria os causadores de enxurradas de corrupção, avalanches de dívida pública, montanhas de discórdia nas relações internacionais. Se é verdade que em toda brincadeira há um fundo de verdade, que o Brasil se inspire, então, guardadas as devidas proporções, em beldades que, por suas múltiplas virtudes, desmentiram todos os mitos em torno da beleza. Vide Elvis Presley e Julie Andrews. Quando à redoma de que decorre a superproteção, torçamos para que seja eliminada por forças tão magnificentes quanto as naturais, porém com a vantagem de não atingir inocentes e desavisados. Que venham, então, mais jorros desse lava jato colossal, símbolo da esperança de muitos e do despreparo de outros tantos. ( AURORA LEAL, advogada em Londrina, página 2, FOLHA OPINIÃO, ESPAÇO ABERTO, segunda-feira, 21 de setembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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