Em encíclica, papa propõe “conversão ecológica” e mobiliza Igreja pela
preservação ambiental.
Talvez você esteja cansado de ouvir pedidos para ajudar a salvar
o planeta. Porém, o último apelo, que partiu do papa Francisco, teve grande
repercussão. Em junho foi lançada a primeira Encíclica ( espécie de carta de
recomendações) da Igreja Católica inteiramente dedicada à interação das pessoas
com o meio ambiente.
No documento, intitulado Laudato si (“Louvado seja”) e destinado a “todas as pessoas de boa vontade”, o papa descreve os impactos das ações humanas no meio ambiente e propõe a proteção da Terra como “nossa casa comum” criada por Deus. No entender de Francisco, os danos ambientais afetam principalmente os mais pobres”.
“A encíclica atinge a todos, desde aqueles que têm poder nas áreas política e econômica,
cientistas, até os indivíduos. Todos devem se preocupar urgentemente com o meio ambiente”, diz Joel Medeiros, padre coordenador de ação evangelizadora da arquidiocese de Londrina.
Na avaliação da professora Irene Zaparolli, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a fé pode ajudar no enfrentamento dos desafios que envolvem o meio ambiente. “A crença leva as pessoas a confiar na existência de um poder sobre-humano, ao qual se deve respeito e obediência”, explica. “Os instrumentos jurídicos, econômicos e sociais não são suficientes para o uso racional dos serviços ecossistêmicos”.
No Brasil, 79% da população afirmam seguir uma religião. Assim, não há como negar o poder de mobilização das religiões. “Os procedimentos usuais baseados na ciência não são suficientes, embora continuem necessários, para orientar o processo de tomada de decisões”, complementa Irene.
Agrônoma e catequista na paróquia Rainha dos Apóstolos, em Londrina, Marisa Colares acredita que os fiéis têm mais responsabilidade. “Quem crê num ser supremo acredita que o amor de Deus está em tudo. Vendo um rio maltratado, você vai sentir dor no coração, se tiver fé no ser que criou aquele rio com amor”.
A catequista observa que as ações individuais, em família e em comunidade são fundamentais, mas ressalta que a sociedade precisa dialogar com políticos e empresários.
No documento, intitulado Laudato si (“Louvado seja”) e destinado a “todas as pessoas de boa vontade”, o papa descreve os impactos das ações humanas no meio ambiente e propõe a proteção da Terra como “nossa casa comum” criada por Deus. No entender de Francisco, os danos ambientais afetam principalmente os mais pobres”.
“A encíclica atinge a todos, desde aqueles que têm poder nas áreas política e econômica,
cientistas, até os indivíduos. Todos devem se preocupar urgentemente com o meio ambiente”, diz Joel Medeiros, padre coordenador de ação evangelizadora da arquidiocese de Londrina.
Na avaliação da professora Irene Zaparolli, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a fé pode ajudar no enfrentamento dos desafios que envolvem o meio ambiente. “A crença leva as pessoas a confiar na existência de um poder sobre-humano, ao qual se deve respeito e obediência”, explica. “Os instrumentos jurídicos, econômicos e sociais não são suficientes para o uso racional dos serviços ecossistêmicos”.
No Brasil, 79% da população afirmam seguir uma religião. Assim, não há como negar o poder de mobilização das religiões. “Os procedimentos usuais baseados na ciência não são suficientes, embora continuem necessários, para orientar o processo de tomada de decisões”, complementa Irene.
Agrônoma e catequista na paróquia Rainha dos Apóstolos, em Londrina, Marisa Colares acredita que os fiéis têm mais responsabilidade. “Quem crê num ser supremo acredita que o amor de Deus está em tudo. Vendo um rio maltratado, você vai sentir dor no coração, se tiver fé no ser que criou aquele rio com amor”.
A catequista observa que as ações individuais, em família e em comunidade são fundamentais, mas ressalta que a sociedade precisa dialogar com políticos e empresários.
EFEITOS CONCRETOS
A arquidiocese de Londrina, que abrange outros 15 municípios,
pretende disseminar o discurso do papa aos fiéis por meio, por exemplo, das
homilias, distribuição de exemplares da encíclica para agentes de pastorais
religiosas e políticos e talvez até de audiências públicas.
De acordo com o padre Joel Medeiros, além da conscientização individual, a expectativa é que os fiéis, em uma integração inter-religiosa, pressionem o poder público por mudanças. “Se o povo começa a tomar consciência da situação, acaba influenciando os tomadores de decisões. E esperamos que as prefeituras também tomem consciência e desenvolvam políticas públicas para favorecer o meio ambiente”, diz Medeiros.
De acordo com o padre Joel Medeiros, além da conscientização individual, a expectativa é que os fiéis, em uma integração inter-religiosa, pressionem o poder público por mudanças. “Se o povo começa a tomar consciência da situação, acaba influenciando os tomadores de decisões. E esperamos que as prefeituras também tomem consciência e desenvolvam políticas públicas para favorecer o meio ambiente”, diz Medeiros.
OS PONTOS CHAVES DA ‘ENCÍCLICA
VERDE’
Poder e lucro
O papa Francisco pede mudanças profundas nos estilos de vida, nos
modelos de produção e consumo e nas estruturas de poder. E critica a “recusa
dos poderosos” e o “desinteresse dos outros” na busca de solução para a crise
ambiental. “Enquanto uns se afanam apenas com o ganho econômico e outros estão
obcecados por conservar ou aumentar o poder, o que nos resta são guerras ou acordos
espúrios, em que o que menos interessa
às duas partes, é preservar o meio ambiente e cuidar dos mais fracos.
Mudanças climáticas
Francisco considera que “há um forte consenso científico” em torno da
existência do aquecimento global e reconhece que as mudanças climáticas são
principalmente consequência das ações humanas.
Dívida ecológica
O líder católico atribui aos países ricos uma “dívida ecológica” com os
países pobres por conta da exploração de recursos naturais.
Guerra por água
“É previsível que o controle da água por grandes empresas mundiais se
transforme numa das principais fontes de conflitos deste século” escreveu o
pontífice. Ele critica a privatização da água, já que se trata de um direito
que determina a sobrevivência das pessoas.
Sacrifícios individuais
O papa propõe a adoção de mudanças nos hábitos diários, como “evitar o
uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo,
cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os
outros seres vivos, usar transporte público, partilhar o mesmo veículo com
várias pessoas, plantar árvores, apagar luzes desnecessárias”.
Pressão
Francisco sugere que a população e instituições pressionem líderes
políticos por mudanças. “ “A sociedade deve forçar os governos a desenvolver
normativas, procedimentos e controles mais rigorosos. Se os
cidadãos não controlam o poder político, também não é possível combater os
danos ambientais”.
Fracasso internacional
O papa também demonstrou preocupação com a “fraqueza da reação política
internacional”. Na encíclica verde, ele defende um “consenso mundial” para a
tomada de medidas contra a crise ambiental.
( A
encíclica, em português, está disponível para download no site do Vaticano : w2.vatican.va). Página 4, ESPECIAL AMBIENTE E
SUSTENTABILIDADE , RELIGIÃO 7 MEIO AMBIENTE, publicação do jornal FOLHA DE
LONDRINA, quarta-feira, 16 de setembro de 2015).
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