Cinco meses após o término da Rio-2016, o Maracanã, palco da abertura e encerramento dos Jogos, está abandonado e sem segurança para proteger o patrimônio histórico do nosso esporte.
No início desta semana, o busto do jornalista Mario Filho foi furtado de dentro do emblemático estádio e revelou o descaso do poder público com a praça esportiva que já foi a maior do mundo. Mario Filho, falecido em 1966, foi um dos entusiastas da construção do Maracanã, que começou a ser erguido em 1947, para a primeira Copa do Mundo no Brasil em 1950.
Assim como em 2014, o Mundial daquele ano também terminou com um gosto amargo dentro de campo. Faz parte do jogo. Um dia se ganha, outro se perde. Tragédia muito pior do que o 7x1 imposto pela Alemanha à Seleção Brasileira, no Mineirão, dois anos atrás, foi o alto investimento em arenas e complexos para atender às exigências da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional (COI), para sediar os maiores eventos esportivos do planeta no curto intervalo de dois anos. A reforma do Maracanã custou R$ 1,2 bilhão e, hoje, o local é alvo de furtos, vandalismo e do próprio abandono. Dinheiro público que não voltará mais.
Nessa quinta-feira (12), a Fifa informou que negocia com a CBF a liberação de cerca de R$ 316 milhões, como legado da Copa. O montante seria destinado para projetos no “País do Futebol”, sem passar pelas mãos dos cartolas brasileiros. A entidade máxima do futebol congelou o repasse ao presidente da CBF Marco Polo Del Nero, indiciado nos Estados Unidos por corrupção e por ter recebido propina por acordos comerciais.
Os dois eventos também deixaram os “elefantes brancos” e problemas administrativos para manutenção das caríssimas áreas esportivas. No mês passado, a prefeitura do Rio confirmou a cessão do Parque Olímpico da Barra da Tijuca ao governo federal após inúmeras tentativas de concessão ao setor privado.
Enquanto isso, medalhistas, como a nadadora Poliana Okimoto, já sofreu com a falta de apoio e patrocínios no início do próximo ciclo olímpico até 2020. Mais que lembranças, grande eventos deveriam deixar grandes legados para a população, como áreas para prática do esporte de base, infraestrutura e mobilidade urbana. Infelizmente, a herança deixada foi a conta a se pagar pela ausência de um planejamento adequado e pela falta de competência na administração do dinheiro público. (OPINIÃO, página 2, sexta-feira, 13 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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