Casa Mineira era o nome do estabelecimento comercial de
meu pai. Era uma espécie de shopping, que na época era chamada de “ venda “. Vendia-se quase de tudo. Na
placa lia-se Secos e molhados, ferragens, tecidos e miudezas em geral. Havia
três “vendas” ao lado da nossa e mais duas em frente. Havia no vilarejo uma barbearia, três bares com
mesa de sinuca, e um bazar. Uma igreja católica e uma de protestantes. Farmácia
não existia. Para a celebração de missa, duas vezes por mês, vinha um padre da
nossa comarca, Uraí. A rua era um deserto, de vez em quando uma carroça, um
carroção e alguns tropeiros. Durante o dia o pessoal ia para a lavoura. Havia
um Grupo Escolar e mais tarde o
Complexo Escolar Rubens Lucas
Filgueiras, em homenagem a meu pai. Quando lá cheguei eu estava com 9 anos de idade. Mamãe era costureira de
camisas e uma guerreira. Amava o serviço mais rude. Fora criada na fazenda de
meu avô Espíndola, seu pai. Em uma bela
tarde, mais ou menos às 15 horas, eu senti que ia perder os sentidos. Foi um
alvoroço. Fiquei ruim mesmo. Foi tipo epilepsia. Pensavam que eu morreria.
Nossa casa era geminada com a “venda “. Depois que recobrei os sentidos, mamãe
ouviu alguém chamando e batendo palma, lá na “venda”. Meu pai foi para lá
enxugando as lágrimas. Era um viajante desconhecido. Perguntou o que havia
acontecido. Então ele falou: “ Olha, seu Rubens, é a primeira vez que faço a
praça , e pelo visto o senhor tem ainda bastante das mercadorias que eu vendo.
Mas até parece que eu fui enviado por Deus, porque eu cheguei na hora exata.
Vou dar o endereço de um médico, lá de São Paulo, pro senhor. E com a ajuda de
Deus ele vai curar o seu filho. Eu tinha um primo epilético que ficou curado e
hoje ele é aviador. E o senhor sabe que aviador não pode ter lesão alguma. Só
que o médico é careiro demais. Ele cobra uma fortuna! O tratamento dura cinco
anos. De seis em seis meses ele vai querer ver o seu filho. Vai aplicar uma
vacina, bem cara, que depois de aplicada ele joga a ampola ao chão e a
esmigalha. Ninguém jamais viu o que é aquilo. Vem pessoas até do exterior. Quanto ao pedido, na próxima
visita a gente conversa. Papai anotou o nome- Dr Benedito Tannuri. Alameda
Franca, 1052 ou 1055 ( não me recordo agora), Mamãe perguntou quem era e o
papai contou-lhe a estranha visita. Mamãe apossou-se da graça ( em segredo).
Pediu que papai procurasse saber o nome dele e para que firma trabalhava. Ela
ia publicar a graça alcançada. O homem chegou e disse as palavras que ela
usava. Detalhe: Havia os três comerciantes que estavam sentados num banco, na
entrada da porta, do lado de fora. Eles disseram que o papai estava sonhando. “
Não entrou ninguém aqui, seu Rubens. Nós estamos aqui sentados. Ninguém entrou
em sua venda. O senhor deve ter
cochilado e sonhou! Meu pai mostrou-lhes o endereço. Ficaram boquiabertos.
Fomos pra São Paulo. Fiz o tratamento. Graças a Deus e a intercessão de Nossa
Senhora Aparecida, há 58 anos estou curado, em nome de Jesus. Ninguém viu o viajante. Deve ser um
anjo de Deus, um espírito que se materializou para dar o endereço. Louvado seja Deus! O tratamento
foi penoso demais e caríssimo. É uma história diferente, curiosa, mas longa.
Gastaria mais dois ou três textos. Uma conhecida minha foi lá, fez o tratamento
e está curada também. Dr. Benedicto já está no céu. Que descanse em paz, daqui
eu digo; Obrigado, Dr. Benedito, descanse em paz e que a luz perpétua ilumine
seu espírito. Mamãe fez uma promessa e não a contou pra ninguém, Durante os
cinco anos de meu tratamento ela não fez uma peça de roupa nova; punha uma velinha no azeite e oferecia pra
Deus e Nossa senhora. Ficava acesa a noite toda. Também deixou de comer carne
na sexta feira. Terminado o prazo da promessa, ela explicou – nos o porquê de tudo. Pedimos seu perdão e
ela nos perdoou. ( José Roberto )
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Pedido de um milagre
Não sei minha
idade quando comecei a perder os sentidos, no final da refeição ou logo após-
um ou dois minutos. Sentia um paredão escuro diante de mim, que ia e
voltava, logo em seguida esse escuro ia
girando em cores diferentes e uma coisa, mais ou menos como uma tocha colorida
surgia do lado esquerdo, girando para o lado direito. Meu olho esquerdo começa
a piscar e fixo na tocha , acompanhando seu movimento para o lado direito e em seguida
eu perdia os sentidos. Acordava alguns
minutos depois, com meus pulsos sendo friccionados e cheirando álcool e cânfora
que colocavam em uma garrafinha. Em seguida vomitava e depois dormia com um pouco de dor de cabeça. Os irmãos de
papai e cunhado eram médicos, lá em Miraí, Minas Gerais. Anos e anos cuidavam de mim. E as crises se repetiam, sempre às refeições, nunca fora delas. Viemos
para Serra Morena, aqui no Paraná. Tinha eu 9 anos. Aos 12 anos
levaram-me para fazer tratamento na antiga capital do Brasil – Rio de Janeiro - na
Santa Casa de Misericórdia. Com 5 anos
de idade mais ou menos, comecei a cair muito. Resumindo: problema ósseo. Parei
de crescer verticalmente. Todas minhas articulações começaram a se engrossar. 9
meses me estudaram. Reuniam os médicos e eu ali – como nasci sendo observado e
respondendo às perguntas. Meu pai estava lá comigo. Meus dois primos, Dr.
Henrique e Dr Justino, estudantes na ocasião nos auxiliando. Do problema ósseo descobriram que o tutano
deixou de circular em meus ossos e saía pela urina. Precisei tomar remédio que
não existia no Brasil. Precisava tomar
l2, mas papai só pode comprar 6. Felizmente estacionou. Não cresci mais porque tomei a metade. Quanto à perda de
sentidos, ninguém descobriu. Diziam que não
era epilepsia mas era parente dela. Não havia cura. Nos anais da
Medicina desconheciam meu caso. Meus
pais muito religiosos viviam intercedendo a Deus. Por sermos católicos pedíamos
também a ajuda de Nossa Senhora. Fazíamos simpatia, íamos a benzedores, enfim,
tudo por uma boa causa. Em segredo mamãe pedia a Deus, por intermédio de Nossa
Senhora Aparecida, que enviasse uma pessoa estranha, que chegasse no exato momento
da crise e indicasse um médico que com a ajuda de Deus iria curar-me. Pedia
para saber se sua prece foi atendida que tal fato acontecesse fora de hora
habitual, que era às refeições. . E
foi atendida. ( No próximo texto contarei o inacreditável.
O inacreditável mesmo.)
E a vida continua
É desnecessário perguntar, está
muito claro e com razão. Pré-julgar não é o correto, mas as evidências
confirmam a suposição. Caminhos diversos, encruzilhadas, labirintos da vida.
Solução é a procura, e nesta, a indecisão. Resolutamente pára, avalia seu ‘ interior ‘ . Houve abuso de
confiança, todavia ninguém
é melhor – é a certeza quase absoluta de sua conclusão. Há, porém, um diferencial não
muito em voga e seu desuso faz cair no esquecimento. Retornar àquilo que deixou
de existir é impossível. Chico Buarque
de Holanda já disse em sua canção: “ O lar não mais existe, ninguém volta ao
que acabou “. Regras fixas existem , e o ser humano continuará o mesmo,
é a sua natureza. Lamentar não justificaria.
Aceitar sua condenação antecipada
, assim como este “ aprendizado “, é a saída. A esperança do acerto algum dia é
o consolo. A vida continua e com ela o eterno ciclo da mutação. Que bom!
Difícil para quem não conseguiu viver o presente. Para esse alguém, o sonho tornou-se só, e apenas, um sonho não sonhado.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
PEQUENA PAUSA

Já fiz vários
rascunhos de textos na tentativa de pedir desculpas pela pausa em minhas
postagens. Uma tristeza me invade a alma nestas festas. Não tenho inspiração alguma, tampouco o
espírito natalino. Tenho conseguido me safar
quando peço desculpas por não comparecer
às reuniões festivas. Mas
com vocês , meus amigos , quero ser verdadeiro.
Depois da perda de meu irmão, mãe e meus outros dois irmãos, num espaço de mais ou
menos 3 anos, a magia desta época ficou
no passado. Neste ano, principalmente, perdi grandes amigos do coração bem recentemente mesmo. E assim sendo,
peço desculpas pela pequena pausa na postagem de meus textos. Procurarei
vídeos e outras coisas para compartilhar. Toda a felicidade e bons momentos festivos desejo a vocês. Obrigado pelo convívio e participação.
FELIZ NATAL.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
NA PRAÇA
Imaginariamente, ainda revejo você, na praça da antiga estação rodoviária. Eu, em pé, na porta do antigo Bar da Lavoura e, entre nós a Rua Sergipe. A memória fotografou, o coração arquivou. O impulso me levou até aquele banco . Como me aproximei e o que disse não sei . Recordo-me, apenas, estar diante de seu conjunto frontal, inebriado e mergulhado na sua aura, em êxtase com seu cheiro, seu gestos e... o olhar que até hoje me hipnotiza e desarma. Conversamos muito, eliminamos as arestas de dúvidas e desentendimentos. Continuamos a nos ver e o ritual dos enamorados se repetia, com maior intensidade. As diferenças pareciam inexistir. Fomos felizes por algum tempo, mas o mesmo acaso do destino, sem pensar duas vezes nos separou, e a história outro rumo tomou. Só fisicamente nos separou, pois estaremos sempre juntos nessa lembrança , (José Roberto )
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Comentários
Wanda Cobo
Adilson Silva
Olá Professor José Roberto, Parabéns pelas excelentes matérias , muito bom conhecimento para todos. muita paz e fraternidade. Londrina-Pr
Marcos Vitor Piter
Excelentes e Sabias palavras parabéns Professor um Abraço dos Amigos de Arapongas - PR.
João Costa
Meus parabéns por vc e por tudo que pude ler continue levando este conhecimento p/ todos. Forte abraço! João Batista.
--------
Meu amigo continue contribuindo com a sua sabedoria. Forte abraço... João Batista 31/10/2013
Daiane C M Santos
Parabéns, muito criativo e inteligente!
Zeze Baladelli
Oi meu amigo,entrei seu blog,parabéns querido,voce é um gentleman,um grande amigo e muito inteligente,desejo que Deus te abençoe mais e mais...super beijo...
MARINA SIMÕES
Caro amigo Roberto, muito obrigada por suas sábias e verdadeiras palavras. Como é bom encontrarmos no nosso dia adia pessoas que comungam nossas idéias, nossas críticas, ou mesmo comentário sobre determinados assuntos. Eu procuro escrever e mostrar mensagens de
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.
fé, de esperança, ou mesmo um alento carinhoso para nós que vivemos um mundo tão cruel, egoísta e caótico. Estou tentando escrever um comentário sobre seus textos. Parabéns, eu os tenho como que a "arquitetura" com as palavras. É um estilo totalmente seu, e meu amigo é simplesmente estimulante. Ele nos faz pensar e isto é muito bom. Um grande abraço. Marina.
JOÃO RENATO
Aqui estou eu novamente é impossivel não entrar aqui para vê estas maravilha por vc postada. Forte abraço do seu amigo hoje e sempre...........
ADALGISA
Parabéns! meu amigo querido!!!Adorei seu blog, mensagens lindas e suaves como a tua persoalidade e seu jeito de ser!!!Abraços e beijos.
TIAGO ROBERTO FIGUEIREDO
Parabéns professor José Roberto seu blog está divino..abs !
JAIRO FERNANDES
Olá, Querido Professor José Roberto! Fiquei muito emocionado com suas mensagens postadas, gostaria muito de revê-lo novamente após muitos anos, você fora meu professor e tenho muita saudade, gostaria que enviasse-me o seu endereço.ʺ Deus te ilumine sempreʺ Pois fazes parte de minha história de vida.
ALICE MARIA
Oi tio.Muito lindo seu cantinho na internet. Tô de olho. Lembro também de algumas coisas lá da Serra, principalmente da venda do vô Rubens. Beijo ,Alice Maria.
WANDA COBO

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