Embora a educação, em seu sentido lato,
seja mais antiga, pois educamos de muitas formas, transmitindo conhecimentos
indispensáveis à vida mesmo sem qualquer inventário formal, é a invenção da
escrita que marca o início da História e, talvez, até mesmo da civilização. Um
sistema organizado de caracteres tornou possível registrar fatos e idéias, de
modo que fossem conhecidos por outras pessoas em outros lugares e tempos, e
constituiu uma das maiores realizações culturais da humanidade.
A escrita trouxe a necessidade de ordenar e racionalizar o que será expresso, resultando em um verdadeiro salto neurolinguístico: melhoramos muito nossa capacidade de raciocinar quando aprendemos a escrever, e aprimoramos tanto mais essa habilidade, quanto mais temos o hábito da leitura.
Quem convive com crianças sabem que elas adoram histórias, em filmes, desenhos animados, teatro, videogames, revistas. Mas sabe também que nada supera uma história contada: o preâmbulo “era uma vez dois irmãos chamados João e Maria...” é o portal para que as crianças se tornem João ou Maria, percam-se em florestas escuras, entrem em casas feitas de doces, derrotem bruxas malvadas. A imaginação e a fantasia são desatadas, e medos e vitórias vividos na mente, que é onde tudo existe antes de ser realidade. Ver um ator representar um personagem é divertido, ser o personagem é essencial, precisamente por causa dessa possibilidade de criação interna.
Por isso, nos decepcionamos quando assistimos a um filme baseado em um livro de que gostamos: os personagens não têm a mesma profundidade, os cenários não são como esperávamos, o ritmo da narrativa é outro, os diálogos são diferentes, tudo parece ter sido alterado. A comparação costuma ser injusta, pois são formas de arte totalmente diferentes. Quando lemos acontece algo semelhante ao ocorrido com as crianças, criamos nossa própria história, em nosso próprio tempo; se comparamos com outra pessoa idéia acerca de fatos ou protagonistas de um livro que ambos tenhamos lido, ficamos surpreso com o quanto as impressões são diferentes, “pessoais”, ainda que guardem total fidelidade quanto ao enredo.
Estudiosos da aprendizagem reforçam hoje a importância da imaginação no desenvolvimento das funções cognitivas, e a leitura constitui uma das melhores formas de despertar a imaginação. Ler é um grande prazer, como sabem até mesmo nossos jovens, os quais, na visão de outras gerações, parecem não gostar disso. Em outros tempos víamos pessoas lendo livros e jornais em público, na essência é a mesma cois que fazem os que utilizam smartphones, tablets e outros; além de servir para jogos e comunicação, esses aparelhos servem também para ler notícias e romances, exatamente como se fazia outrora.
A frase “No princípio criou Deus o céu e a terá...”que comove e desafia religiosos e não religiosos há milênios, já foi transmitida em todas as línguas, e em todas as formas: inscrições rúnicas, papiros, pergaminhos, códices, bíblias de Gutenberg, livros, fascículos, e todos os meios eletrônicos existentes e a criar. O conteúdo valerá sempre pelo que representa.
Mas, para os que os amam, livros são quase entes vivos. Exalam quando novos o perfume da novidade, velhos, algo que remete à primeira vez que foram lidos, são confortadores, bonitos, companheiros. Apesar de toda tecnologia, ainda não se criou nada melhor.
Quando alguém lê histórias para crianças dá-lhes tempo e atenção; e a idéia fr que é daqueles livros que vem as maravilhas, talvez seja a maneira mais carinhosa e eficaz de formar leitores. (Texto escrito por WANDA CAMARGO, professora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil em Curitiba. Extraído do ESPAÇO ABERTO, pag. 2, publicado pela FOLHA DE LONDRINA, sábado, 31 de janeiro de 2015).
A escrita trouxe a necessidade de ordenar e racionalizar o que será expresso, resultando em um verdadeiro salto neurolinguístico: melhoramos muito nossa capacidade de raciocinar quando aprendemos a escrever, e aprimoramos tanto mais essa habilidade, quanto mais temos o hábito da leitura.
Quem convive com crianças sabem que elas adoram histórias, em filmes, desenhos animados, teatro, videogames, revistas. Mas sabe também que nada supera uma história contada: o preâmbulo “era uma vez dois irmãos chamados João e Maria...” é o portal para que as crianças se tornem João ou Maria, percam-se em florestas escuras, entrem em casas feitas de doces, derrotem bruxas malvadas. A imaginação e a fantasia são desatadas, e medos e vitórias vividos na mente, que é onde tudo existe antes de ser realidade. Ver um ator representar um personagem é divertido, ser o personagem é essencial, precisamente por causa dessa possibilidade de criação interna.
Por isso, nos decepcionamos quando assistimos a um filme baseado em um livro de que gostamos: os personagens não têm a mesma profundidade, os cenários não são como esperávamos, o ritmo da narrativa é outro, os diálogos são diferentes, tudo parece ter sido alterado. A comparação costuma ser injusta, pois são formas de arte totalmente diferentes. Quando lemos acontece algo semelhante ao ocorrido com as crianças, criamos nossa própria história, em nosso próprio tempo; se comparamos com outra pessoa idéia acerca de fatos ou protagonistas de um livro que ambos tenhamos lido, ficamos surpreso com o quanto as impressões são diferentes, “pessoais”, ainda que guardem total fidelidade quanto ao enredo.
Estudiosos da aprendizagem reforçam hoje a importância da imaginação no desenvolvimento das funções cognitivas, e a leitura constitui uma das melhores formas de despertar a imaginação. Ler é um grande prazer, como sabem até mesmo nossos jovens, os quais, na visão de outras gerações, parecem não gostar disso. Em outros tempos víamos pessoas lendo livros e jornais em público, na essência é a mesma cois que fazem os que utilizam smartphones, tablets e outros; além de servir para jogos e comunicação, esses aparelhos servem também para ler notícias e romances, exatamente como se fazia outrora.
A frase “No princípio criou Deus o céu e a terá...”que comove e desafia religiosos e não religiosos há milênios, já foi transmitida em todas as línguas, e em todas as formas: inscrições rúnicas, papiros, pergaminhos, códices, bíblias de Gutenberg, livros, fascículos, e todos os meios eletrônicos existentes e a criar. O conteúdo valerá sempre pelo que representa.
Mas, para os que os amam, livros são quase entes vivos. Exalam quando novos o perfume da novidade, velhos, algo que remete à primeira vez que foram lidos, são confortadores, bonitos, companheiros. Apesar de toda tecnologia, ainda não se criou nada melhor.
Quando alguém lê histórias para crianças dá-lhes tempo e atenção; e a idéia fr que é daqueles livros que vem as maravilhas, talvez seja a maneira mais carinhosa e eficaz de formar leitores. (Texto escrito por WANDA CAMARGO, professora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil em Curitiba. Extraído do ESPAÇO ABERTO, pag. 2, publicado pela FOLHA DE LONDRINA, sábado, 31 de janeiro de 2015).