Famílias que passaram um período fora do Brasil contam suas
experiências.
Fazer as malas e desembarcar
num país novo dá sempre um frio na
barriga. Imagine então quando essa decisão envolve um longo período fora e uma
família toda. O casal Frederico Fernandes e Márcia Sel já passou por essa
situação duas vezes. Na primeira, há sete anos, os dois embarcaram rumo ao Canadá
para passar um ano na companhia do filho Gregório , na época com 2 anos e sete
meses de idade. A viagem tinha como objetivo os estudos de Frederico, professor
de literatura que foi fazer pós-doutorado no país, e envolveu muita
expectativa por parte do casal antes de
tomar a decisão. “Foi muito difícil. Estávamos muito temerosos. Nosso maior
receio era de não conseguirmos nos adaptar e de sermos estrangeiro num outro país. Nunca havíamos
tido a experiência de passar tanto tempo
fora, conta Frederico.
Segundo ele, isso fez com que os dois tivessem muito cuidado coma preparação da viagem, que, por fim, correu de forma tranquila. Durante o período em que estiveram no exterior, Márcia engravidou e deu à luz Francisco, o caçula da família. “A gravidez não foi planejada, mas veio no momento certo. Sou psicóloga e tive que me afastar do trabalho durante a viagem, então pude aproveitar esse momento para me dedicar à família. Além disso, com o Francisco veio a possibilidade de ser mãe em uma outra cultura”, conta Márcia.
Tal experiência também rendeu a ela uma segunda profissão. “No Canadá eu tive um parto humanizado e a oportunidade de conhecer o trabalho de doula. Acabei participando de um grupo e fiz o curso para trabalhar como doula. Ou seja, além da experiência particular, tive também a oportunidade de adquirir uma nova profissão”, destaca.
De volta ao Brasil, a família passou cinco anos em Londrina antes de voltar a colocar o pé na estrada. Dessa vez, o destino era Bolonha, na Itália, de onde voltaram há três meses. Segundo o casal, dessa vez a tomada de decisão foi mais fácil graças à viagem anterior. “O fato de ser um país bem diverso e com uma língua diversa, essa experiência exigiu de nós um período maior de adaptação. Mas sempre digo que a adaptação para algo melhor é sempre mais fácil do que o inverso. Além disso, nossa situação era totalmente diferente da de quem vai como imigrante, por exemplo, sem data para voltar. Nós tínhamos uma data de volta, um porto-seguro”, reflete Márcia.
Se Márcia e Frederico demoraram um pouco mais para se acostumar à nova realidade, Gregório e Francisco deram um show de adaptação. Em pouco tempo, os dois já estavam falando italiano e dando, inclusive, dicas para os pais. “Quando eu ia escrever um bilhete para a mãe dos colegas deles e tinha alguma dúvida sempre pedia ajuda para o Gregório”, entrega Márcia. Além disso, experiência como psicóloga foi um pouco diferente, já que ela conseguiu trabalhar de maneira remota no país. “Quando fomos para o Canadá a internet não era como é hoje. Na Itália já consegui continuar trabalhando via Skype, então a rotina era diferente”, conta ela.
Para o casal, as viagens trouxeram inúmeros pontos positivos e aprendizados que ficarão marcados para sempre.”Esse intercâmbio faz a gente crescer muito. Com certeza gostaríamos de ir para algum lugar de novo no futuro. Diz Frederico. (BRUNA QUINTNILHA – REPORTAGEM LOCAL – FOTO GUSTAVO CARNEIRO. Veja mais fotos www.folhaweb.com
Segundo ele, isso fez com que os dois tivessem muito cuidado coma preparação da viagem, que, por fim, correu de forma tranquila. Durante o período em que estiveram no exterior, Márcia engravidou e deu à luz Francisco, o caçula da família. “A gravidez não foi planejada, mas veio no momento certo. Sou psicóloga e tive que me afastar do trabalho durante a viagem, então pude aproveitar esse momento para me dedicar à família. Além disso, com o Francisco veio a possibilidade de ser mãe em uma outra cultura”, conta Márcia.
Tal experiência também rendeu a ela uma segunda profissão. “No Canadá eu tive um parto humanizado e a oportunidade de conhecer o trabalho de doula. Acabei participando de um grupo e fiz o curso para trabalhar como doula. Ou seja, além da experiência particular, tive também a oportunidade de adquirir uma nova profissão”, destaca.
De volta ao Brasil, a família passou cinco anos em Londrina antes de voltar a colocar o pé na estrada. Dessa vez, o destino era Bolonha, na Itália, de onde voltaram há três meses. Segundo o casal, dessa vez a tomada de decisão foi mais fácil graças à viagem anterior. “O fato de ser um país bem diverso e com uma língua diversa, essa experiência exigiu de nós um período maior de adaptação. Mas sempre digo que a adaptação para algo melhor é sempre mais fácil do que o inverso. Além disso, nossa situação era totalmente diferente da de quem vai como imigrante, por exemplo, sem data para voltar. Nós tínhamos uma data de volta, um porto-seguro”, reflete Márcia.
Se Márcia e Frederico demoraram um pouco mais para se acostumar à nova realidade, Gregório e Francisco deram um show de adaptação. Em pouco tempo, os dois já estavam falando italiano e dando, inclusive, dicas para os pais. “Quando eu ia escrever um bilhete para a mãe dos colegas deles e tinha alguma dúvida sempre pedia ajuda para o Gregório”, entrega Márcia. Além disso, experiência como psicóloga foi um pouco diferente, já que ela conseguiu trabalhar de maneira remota no país. “Quando fomos para o Canadá a internet não era como é hoje. Na Itália já consegui continuar trabalhando via Skype, então a rotina era diferente”, conta ela.
Para o casal, as viagens trouxeram inúmeros pontos positivos e aprendizados que ficarão marcados para sempre.”Esse intercâmbio faz a gente crescer muito. Com certeza gostaríamos de ir para algum lugar de novo no futuro. Diz Frederico. (BRUNA QUINTNILHA – REPORTAGEM LOCAL – FOTO GUSTAVO CARNEIRO. Veja mais fotos www.folhaweb.com
NOVAS PERSPECIVAS
De acordo com o casal Márcia Sel e Frederico Fernandes, a ideia de
passar um período fora do País, estudando sempre existiu. “Sempre tivemos,
mesmo antes dos meninos nascerem, esse projeto de estudar fora por um tempo,
mas sempre com a perspectiva da família estar junto, por isso, quando fomos já
tínhamos como objetivo ter uma experiência, um crescimento em família!, conta a
psicóloga.
Segundo eles, a experiência de passar um longo período longe do Brasil fez com que eles passassem a enxergar sua realidade de maneira diferente. “Além disso, voltamos sempre com mais vontade de interagir, de fazer mais pelo nosso país”, observa Frederico.
A mudança de perspectiva e de valores também é inevitável, conforme os dois. “O despego que essa experiência traz é algo que considero um dos maiores ganhos. Quando você está fora você vive com o que é necessário apenas e vê que pode viver bem assim. Quando saímos daqui, por exemplo, tínhamos dois carros e agora não fazemos questão de ter nenhum”, exemplifica Márcia. “Vemos que a cultura do ter acaba se tornando um fardo ao invés de trazer conforto. Ter a liberdade de colocar suas coisas na mala e viajar é ótimo”, complementa Frederico.
Para o professor, o mais importante nestes casos não é para onde se vai, mas simplesmente passar pela experiência e deixar e se deixar surpreender por ela. “Nós poderíamos ter ido para qualquer outro país. O essencial não é para onde você vaie onde você está, mas onde ir. O movimento de ir é que traz algo especial para você”. (B.Q.)
Segundo eles, a experiência de passar um longo período longe do Brasil fez com que eles passassem a enxergar sua realidade de maneira diferente. “Além disso, voltamos sempre com mais vontade de interagir, de fazer mais pelo nosso país”, observa Frederico.
A mudança de perspectiva e de valores também é inevitável, conforme os dois. “O despego que essa experiência traz é algo que considero um dos maiores ganhos. Quando você está fora você vive com o que é necessário apenas e vê que pode viver bem assim. Quando saímos daqui, por exemplo, tínhamos dois carros e agora não fazemos questão de ter nenhum”, exemplifica Márcia. “Vemos que a cultura do ter acaba se tornando um fardo ao invés de trazer conforto. Ter a liberdade de colocar suas coisas na mala e viajar é ótimo”, complementa Frederico.
Para o professor, o mais importante nestes casos não é para onde se vai, mas simplesmente passar pela experiência e deixar e se deixar surpreender por ela. “Nós poderíamos ter ido para qualquer outro país. O essencial não é para onde você vaie onde você está, mas onde ir. O movimento de ir é que traz algo especial para você”. (B.Q.)
ÉPOCA DE AMADURECIMENTO
Segundo a família Tauil da Costa
Branco a viagem para a França trouxe grandes aprendizados para todos, porém,
quem mais colheu furtos da experiência foi a filha mais nova, Renata. Conforme
Helenita, a caçula da família, na época com 14 anos, amadureceu muito com a
experiência. “A mudança mais gritante
foi a da Renata. Aqui em Londrina
ela não fazia quase nada sozinha, porque
tínhamos receios de que acontecesse alguma coisa, e lá ela pôde se virar “.
Como a família demorou um período para conseguir um apartamento, Renata acabou sendo matriculada em uma escola distante de casa. “Ela precisava pegar o metrô, mudar de linha, não era muito fácil. Levava uns 45 minutos para chegar na escola, mas ela aprendeu a se virar”,, comenta Helenita. Na escola francesa, Renata ingressou em uma turma de francês para imigrantes, mas em pouco tempo já estava frequentando as aulas regulares com os franceses. “Os próprios professores se surpreenderam, ela conseguiu se adaptar muito rápido”, conta Carlos José.
Para Renata, a experiência trouxe mais independência. “Ter que se virar muito sozinha fez com que eu deixasse de ser tão grudada com a minha mãe. Além disso, eu tinha muita vergonha de tudo e fui perdendo isso. (B.Q.)
Como a família demorou um período para conseguir um apartamento, Renata acabou sendo matriculada em uma escola distante de casa. “Ela precisava pegar o metrô, mudar de linha, não era muito fácil. Levava uns 45 minutos para chegar na escola, mas ela aprendeu a se virar”,, comenta Helenita. Na escola francesa, Renata ingressou em uma turma de francês para imigrantes, mas em pouco tempo já estava frequentando as aulas regulares com os franceses. “Os próprios professores se surpreenderam, ela conseguiu se adaptar muito rápido”, conta Carlos José.
Para Renata, a experiência trouxe mais independência. “Ter que se virar muito sozinha fez com que eu deixasse de ser tão grudada com a minha mãe. Além disso, eu tinha muita vergonha de tudo e fui perdendo isso. (B.Q.)
JUNTOS EM PARIS
A jornalista Helenita
Tauil e o engenheiro Carlos José Costa
Branco também sempre tiveram o desejo de passar um período morando fora do País.
A oportunidade surgiu em 2007 , quando o casal embarcou junto com as duas
filhas, Nathália e Renata, na época com 19 e 14 anos, respectivamente, para uma
temporada de um ano em Paris, na França.
“Na época em que fomos s minha filha mais velha ia prestar vestibular par
Medicina e eu pensei que tinha que aproveitar o momento, pois depois ela
entraria na faculdade e iria ficar mais difícil para irmos”, lembra Helenita.
Segundo ela, o plano inicial era ir para a Itália, mas o destino da aventura acabou mudando quatro meses antes da viagem. “Uma miga nos convenceu a irmos para a França. Com essa mudança acabamos correndo bastante com as coisas e acabamos indo sem um lugar certo para ficar a princípio”, diz a jornalista. Com isso, a família precisou passar os 20 primeiros dias em Paris em um hotel, já que não houve tempo para conseguir um apartamento.
Para Nathália e Renata, hoje com 27 e 22 anos, respectivamente, a princípio a ideia da viagem foi um susto. “Eu tinha acabado de terminar o colégio e estava fazendo cursinho. No começo eu não queria ir, era algo totalmente fora de contexto para mim “, comenta Nathália que se preparava para o vestibular na época. “Lembro que levei uma mala cheia de livros para estudar, mas não li quase nenhum”, relembra aos risos”.
Conforme a família, a fase de adaptação foi a mais difícil. A etapa, que normalmente já e um grande desafio , se tornou ainda mais complicada para a família devido a um fator inesperado. “Poucos dias depois de termos chegado, o Carlos José pegou uma pneumonia. Ninguém falava a língua direito e foi um período bem complicado para nós, de muita apreensão e preocupação”, conta Helenita. “No começo ficamos muito assustadas, naquela época a gente não tinha tanta facilidade para se comunicar com o pessoal daqui. Teve a mudança de lugar pouco antes de irmos e assim que chegamos meu pai ficou doente. O começo chocou um pouco, mas depois nos identificamos muito com a França”, acrescenta Renata.
Apesar do começo desafiador, assim que Carlos José se recuperou a família começou a se acostumar com a nova rotina e e curtir a viagem. Segundo o engenheiro, aprender a lidar com costumes e valores diferentes foi um dos maiores benefícios da experiência. “Você passa a ver as culturas e as pessoas de um outro jeito. Essa viagem serviu para nós aprendermos a observar primeiro antes de julgar ou agir. “Todo mundo amadureceu muito tanto na parte de ter mais liberdade quanto na de lidar com as diferenças”, reflete ele.
Com uma rotina completamente diferente da do Brasil, a família pôde ainda repensar algumas questões. “A gente aprendeu a valorizar outras coisas. Percebemos principalmente que não precisamos de muitas coisas para a gente carregar, que podemos ter uma vida mais leve”, diz Helenita. (B. Q.- Foto: Marcos Zanutto, páginas 14,15,16 e 17, COMPORTAMENTO – FOLHA DA SEXTA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 17 de julho de 2015).
Segundo ela, o plano inicial era ir para a Itália, mas o destino da aventura acabou mudando quatro meses antes da viagem. “Uma miga nos convenceu a irmos para a França. Com essa mudança acabamos correndo bastante com as coisas e acabamos indo sem um lugar certo para ficar a princípio”, diz a jornalista. Com isso, a família precisou passar os 20 primeiros dias em Paris em um hotel, já que não houve tempo para conseguir um apartamento.
Para Nathália e Renata, hoje com 27 e 22 anos, respectivamente, a princípio a ideia da viagem foi um susto. “Eu tinha acabado de terminar o colégio e estava fazendo cursinho. No começo eu não queria ir, era algo totalmente fora de contexto para mim “, comenta Nathália que se preparava para o vestibular na época. “Lembro que levei uma mala cheia de livros para estudar, mas não li quase nenhum”, relembra aos risos”.
Conforme a família, a fase de adaptação foi a mais difícil. A etapa, que normalmente já e um grande desafio , se tornou ainda mais complicada para a família devido a um fator inesperado. “Poucos dias depois de termos chegado, o Carlos José pegou uma pneumonia. Ninguém falava a língua direito e foi um período bem complicado para nós, de muita apreensão e preocupação”, conta Helenita. “No começo ficamos muito assustadas, naquela época a gente não tinha tanta facilidade para se comunicar com o pessoal daqui. Teve a mudança de lugar pouco antes de irmos e assim que chegamos meu pai ficou doente. O começo chocou um pouco, mas depois nos identificamos muito com a França”, acrescenta Renata.
Apesar do começo desafiador, assim que Carlos José se recuperou a família começou a se acostumar com a nova rotina e e curtir a viagem. Segundo o engenheiro, aprender a lidar com costumes e valores diferentes foi um dos maiores benefícios da experiência. “Você passa a ver as culturas e as pessoas de um outro jeito. Essa viagem serviu para nós aprendermos a observar primeiro antes de julgar ou agir. “Todo mundo amadureceu muito tanto na parte de ter mais liberdade quanto na de lidar com as diferenças”, reflete ele.
Com uma rotina completamente diferente da do Brasil, a família pôde ainda repensar algumas questões. “A gente aprendeu a valorizar outras coisas. Percebemos principalmente que não precisamos de muitas coisas para a gente carregar, que podemos ter uma vida mais leve”, diz Helenita. (B. Q.- Foto: Marcos Zanutto, páginas 14,15,16 e 17, COMPORTAMENTO – FOLHA DA SEXTA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 17 de julho de 2015).
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