A SIGLA DE FEAR OS MISSING OUT – MEDO DE FICAR POR FORA – É O NOME DA
SÍNDROME QUE RONDA POR AÍ . FIQUE ( DESLIGADO )! POR MANUELA BIZ
Há alguns dias fui almoçar em um parque de food trucks – furgões que
vendem comida de restaurante na rua. Antes de escolher qualquer coisa, passei
cerca de 40 minutos andando de um lado para o outro: se comesse a paella, iria para casa sem
experimentar a polenta ou as massas artesanais. Até tentei me convencer de que
poderia voltar outro dia , mas quem me garantia que os mesmos cozinheiros estariam lá? Muita pressão!
No fim, decidi pela paella. Porém, comi com os olhos a polenta do casal ao lado. Tanto que nem aproveitei meu prato. “ A dificuldade em desapegar da outra opção é natural do ser humano. Mesmo que tenha em mãos aquilo que escolheu”, explica Ana Luiza Mano, membro do núcleo de pesquisa em psicologia da Pontifícia Universidade Católica ( PUC-SP) , em São Paulo. Fazer uma escolha é difícil, pois você precisa renunciar a outras possibilidades. Coma FOMO é assim, existe sempre a sensação de que se está , de fato, perdendo algo. Angustiante, não?
No fim, decidi pela paella. Porém, comi com os olhos a polenta do casal ao lado. Tanto que nem aproveitei meu prato. “ A dificuldade em desapegar da outra opção é natural do ser humano. Mesmo que tenha em mãos aquilo que escolheu”, explica Ana Luiza Mano, membro do núcleo de pesquisa em psicologia da Pontifícia Universidade Católica ( PUC-SP) , em São Paulo. Fazer uma escolha é difícil, pois você precisa renunciar a outras possibilidades. Coma FOMO é assim, existe sempre a sensação de que se está , de fato, perdendo algo. Angustiante, não?
O PROBLEMA COMEÇA OFFLINE
A síndrome ganhou nome e sobrenome em 2013, quando foi anexada ao
dicionário inglês de Oxford. Por ser uma
denominação recente. É associada à era virtual. “F.O.M.O independe da internet e é inerente à pessoa
em vários campos da vida. Quem tem tendência ao problema vai ter medo de estar
por fora no trabalho, entre amigos, nos esportes...”, diz Ana Luiza. “A web é
apenas um meio no qual a doença de manifesta de forma mais clara. Há pessoas
que são usuárias intensas de redes sociais, por conta do trabalho mas não têm
F.O.M.O. Elas desligam o smartphone e se
desconectam do que está sendo postado lá”. Quer uma prova para se certificar de
que a síndrome está rondando seu dia a dia? Puxe na memória quantas pessoas
você conhece que saem de férias e ligam diversas vezes para o escritório para
saber se está tudo bem. “Vai que algo esteja acontecendo e a equipe precise de
ajuda”, tentam justificar. Agora, lembre-se de todos os amigos que vivem na
base do “e se...”: “E se eu tivesse estudado direito e não administração?”, “E
se tivesse feito aquela viagem?” F.O.MO. se manifesta exatamente
assim. A pessoa está em um lugar, mas não consegue manter a mente junto
de si. Ela está sempre trabalhando em outras possibilidades, e isso gera
ansiedade. Você não fica satisfeito com o que tem, porque a grama do vizinho
pode ser mais verde. Ahhh... Aquela polenta!
DE OLHO NO OUTRO LADO DA CERCA
Felicidade é uma conta aritmética simples. Você pega a realidade e
apenas subtrai as expectativas. Se o resultado for positivo, você fica feliz.
Mas se fica devendo, porque tem mais expectativas do que sua vida
comporta, você se sente frustrado. “Há
uma consciência coletiva que dita as
regras do que precisamos para sermos felizes: dinheiro, amigos, passeios,
carros... E ainda ter tudo isso mais que todas as outras pessoas”, explica
Aline Gomes, psicóloga no Rio de Janeiro. Como queremos pertencer a esse grupo
chamado sociedade, muitas vezes cedemos à pressão e nos sentimos diminuídos se
não estamos tão bem quanto quem está ao
redor. Quem tem vários amigos da mesma idade e/ou profissão pode ter passado
por isso quando um deles ganhou uma promoção e se destacou. Como todos tinham
as mesmas chances, os que não foram igualmente promovidos podem ter sentido o
golpe.
O SENSO COMUM MANDA
Vivemos na base da comparação. Tanto que
temos dificuldade de bancar uma decisão diferente da maioria das pessoas. Por
exemplo: sábado à noite é sinônimo de curtição. Então, não é raro encontrar
quem se sinta um perdedor por tirar essas horas da semana para ver TV em casa.
Mesmo que a maratona de sofá com Netflix seja por vontade própria, ainda fica a
sensação de que, se pode aproveitar melhor o tempo, como conhecer o restaurante
mongol, ir àquele bar descolado que o amigo indicou, ou então àquela balada
itinerante que fica na cidade até domingo. “Por estarmos inseridos na sociedade,
temos papéis a cumprir: de amigo, profissional, pessoa antenada. Fazer
cobranças a si mesmo é normal, diz Priscila Gasparini Fernandes, psicóloga e doutora em psicanálise pela Universidade de
São Pulo (USP).
Respire. Todo combatente precisa de um recesso. “Não podemos deixar que a necessidade de acertar e se adequar gere ansiedade”, alerta Priscila. Lembra do cara que não relaxa nas férias? Na verdade ele não é um profissional dedicado. Ele não se desliga nesse período não por achar que os outros não sabem fazer o trabalho, e sim porque tem medo de perceberem que o trabalho pode ser feito sem ele. Em outras palavras, a F.O.M.O. aparece quando a insegurança bate – quem está tranqüilo com o próprio desempenho e com a relação coma equipe tira férias sem sofrimentos. “Quanto maior for o autoconhecimento, mais segura a pessoa se sente sobre as escolhas que faz e mais assume responsabilidades por elas. Seja na carreira, seja na vida pessoal”, diz Aline.
Respire. Todo combatente precisa de um recesso. “Não podemos deixar que a necessidade de acertar e se adequar gere ansiedade”, alerta Priscila. Lembra do cara que não relaxa nas férias? Na verdade ele não é um profissional dedicado. Ele não se desliga nesse período não por achar que os outros não sabem fazer o trabalho, e sim porque tem medo de perceberem que o trabalho pode ser feito sem ele. Em outras palavras, a F.O.M.O. aparece quando a insegurança bate – quem está tranqüilo com o próprio desempenho e com a relação coma equipe tira férias sem sofrimentos. “Quanto maior for o autoconhecimento, mais segura a pessoa se sente sobre as escolhas que faz e mais assume responsabilidades por elas. Seja na carreira, seja na vida pessoal”, diz Aline.
A CONEXÃO COM O ONLINE
Faça uma experiência simples:
escolha uma sexta-feira qualquer para passar a noite em casa. Selecione algumas
séries para assistir, compre cerveja e petiscos e se jogue no sofá. A partir
desse momento, ignore seu celular
completamente. Eu tentei. E aguenta firme por quase uma hora.. Aí, o som do
WhatsApp minou minha força de vontade e me rendi: eu precisava saber o que meus
amigos falavam em tantas mensagens.
Se eu não tivesse um smartphone, talvez minha noite no sofá teria sido um sucesso. De fato, a internet é um ótimo combustível para a F.O.M.O. ‘A web acelerou demais nossa vida. Não vivemos mais o processo natural de acontecimento dos eventos do mundo. Hoje tudo é urgente e prioritário. Aguardar passa a ser perda de tempo”, explica Ana Paula Magosso, psicóloga em São Paulo. “Não sabemos mais lidar com essa angústia da espera”. Estamos acostumados a responder ( e a ter respostas)) a qualquer estímulo, quase que imediatamente – ou você também não fica irritado quando aquele e-mail demora um dia inteiro para ser respondido? “Outra questão é a necessidade do ser humano de fazer parte de grupos, de ser aceito e reconhecido como membro”, diz Priscila.
Então, desde que parte de nossa vida migrou para o ambiente virtual, é óbvio sentir que é imprescindível fazer parte do que acontece ali também. Isso inclui acompanhar posts, fotos, dar e receber likes, compartilhar informações... Afinal, se você não fizer, há risco de ficar de fora. Aliás, isso já deve ter acontecido. Que jogue o primeiro smartphone quem nunca ouviu de um conhecido algo como: Está sabendo que o João se mudou/casou/vai ser pai/ foi promovido? Não? Mas ele postou no Facebook!”
Além disso, percebeu como a vida do João está movimentada? E a sua, como anda? Aí mora outro grande perigo que a internet agregou à F.O.M.O. “Quando apresentamos nossa rotina no mundo virtual, filtramos aquilo que nos interessa compartilhar. Mostramos apenas o que temos vontade, pois o outro não está realmente nos vendo”, analisa Ana Paula. É ali que colocamos em ação um eu idealizado na plataforma online, com edição de textos e muitos filtros de foto. Porém, quem acredita nisso corre um sério risco de, novamente, se comparar e se frustrar. “A maioria das pessoas posta em redes sociais momentos bons, para retratar uma vida feliz e perfeita, sem problemas. Isso não é real”, alerta Priscila. Um aviso: ninguém é tão bonito quanto na foto de perfil”!
Se eu não tivesse um smartphone, talvez minha noite no sofá teria sido um sucesso. De fato, a internet é um ótimo combustível para a F.O.M.O. ‘A web acelerou demais nossa vida. Não vivemos mais o processo natural de acontecimento dos eventos do mundo. Hoje tudo é urgente e prioritário. Aguardar passa a ser perda de tempo”, explica Ana Paula Magosso, psicóloga em São Paulo. “Não sabemos mais lidar com essa angústia da espera”. Estamos acostumados a responder ( e a ter respostas)) a qualquer estímulo, quase que imediatamente – ou você também não fica irritado quando aquele e-mail demora um dia inteiro para ser respondido? “Outra questão é a necessidade do ser humano de fazer parte de grupos, de ser aceito e reconhecido como membro”, diz Priscila.
Então, desde que parte de nossa vida migrou para o ambiente virtual, é óbvio sentir que é imprescindível fazer parte do que acontece ali também. Isso inclui acompanhar posts, fotos, dar e receber likes, compartilhar informações... Afinal, se você não fizer, há risco de ficar de fora. Aliás, isso já deve ter acontecido. Que jogue o primeiro smartphone quem nunca ouviu de um conhecido algo como: Está sabendo que o João se mudou/casou/vai ser pai/ foi promovido? Não? Mas ele postou no Facebook!”
Além disso, percebeu como a vida do João está movimentada? E a sua, como anda? Aí mora outro grande perigo que a internet agregou à F.O.M.O. “Quando apresentamos nossa rotina no mundo virtual, filtramos aquilo que nos interessa compartilhar. Mostramos apenas o que temos vontade, pois o outro não está realmente nos vendo”, analisa Ana Paula. É ali que colocamos em ação um eu idealizado na plataforma online, com edição de textos e muitos filtros de foto. Porém, quem acredita nisso corre um sério risco de, novamente, se comparar e se frustrar. “A maioria das pessoas posta em redes sociais momentos bons, para retratar uma vida feliz e perfeita, sem problemas. Isso não é real”, alerta Priscila. Um aviso: ninguém é tão bonito quanto na foto de perfil”!
A HORA DE SE DESCONECTAR
Nós trabalhamos, nos
relacionamos, pagamos contas e marcamos viagens com poucos cliques. Então, como
estar online pode ser um problema? “Tudo que causa prejuízo ara você e para
quem está ao seu redor pode ser considerado um vício”, analisa Aline. E como
saber se você está sendo prejudicado pela F.O.M.O.? “Não há uma regra que
indique quantas horas por dia alguém deve permanecer online. O que vale é o bom
senso e a responsabilidade de não perder
o foco das atividades cotidianas”, explica Pricila. “Fique atento e não tenha
vergonha de procurar ajuda se você se sente afastado do mundo offline, se tem
dificuldade de cumprir prazos ou de prestar atenção nas pessoas ao seu lado
quando conversa com outras no ambiente virtual, ou se está mais introvertido ou
ansioso que o habitual”.
Há terapia indicada para quem apresenta qualquer um desses sintomas. “Pregar abstinência virtual, nesse caso, é inviável, pois não tem como separar a vida offline da online”, diz Ana Luiza. Mas, no dia a dia tente criar momentos em que a tecnologia fique de fora. “No caso do uso excessivo do smartphone, defina regras para evitar que ele atrapalhe sua vida social. Enquanto assiste a um filme, desligue o aparelho. Enquanto almoça com os amigos, evite checar suas mensagens”, indica Leonard Verea, psiquiatra em São Paulo. “Outra sugestão é estipular o tempo que vai navegar em por cada rede social por dia. Guarde 15 minutos par o Linkedin, outros 15 minutos para o Facebook, mais 15 minutos para o Instagram. Depois, deixe o celular (tablet ou notebook) longe do alcance das mãos. Dê atenção a outras áreas da sua vida, como as atividades físicas”, sugere Aline.
O fato é que verificamos o nosso e-mail e as mídias sociais centenas de vezes ao dia porque precisamos. Ou porque simplesmente queremos. Somos criaturas sociais e gostamos de ficar por dentro, e não por fora. Só não vale mesmo, por causa disso, deixar de saber o que está rolando poucos centímetros à frente, logo ali, atrás da tela do smartphone, onde aquela pessoa de quem você tanto gosta está dizendo algo que você nem está escutando.
Há terapia indicada para quem apresenta qualquer um desses sintomas. “Pregar abstinência virtual, nesse caso, é inviável, pois não tem como separar a vida offline da online”, diz Ana Luiza. Mas, no dia a dia tente criar momentos em que a tecnologia fique de fora. “No caso do uso excessivo do smartphone, defina regras para evitar que ele atrapalhe sua vida social. Enquanto assiste a um filme, desligue o aparelho. Enquanto almoça com os amigos, evite checar suas mensagens”, indica Leonard Verea, psiquiatra em São Paulo. “Outra sugestão é estipular o tempo que vai navegar em por cada rede social por dia. Guarde 15 minutos par o Linkedin, outros 15 minutos para o Facebook, mais 15 minutos para o Instagram. Depois, deixe o celular (tablet ou notebook) longe do alcance das mãos. Dê atenção a outras áreas da sua vida, como as atividades físicas”, sugere Aline.
O fato é que verificamos o nosso e-mail e as mídias sociais centenas de vezes ao dia porque precisamos. Ou porque simplesmente queremos. Somos criaturas sociais e gostamos de ficar por dentro, e não por fora. Só não vale mesmo, por causa disso, deixar de saber o que está rolando poucos centímetros à frente, logo ali, atrás da tela do smartphone, onde aquela pessoa de quem você tanto gosta está dizendo algo que você nem está escutando.
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CUIDADO QUE A F.O.M.O. PEGA VOCÊ!
Ela não é um bicho-papão mas não
vacile
NAS REDES SOCIAIS- Aquelas poucas
e rápidas espiadas no Facebook para
espantar o marasmo não são prejudiciais. Só não vale exagerar e procrastinar
seus compromissos. “Em muitos casos, a F.O.M.O. diminui a concentração e causa
mau aproveitamento do tempo para realizar as tarefas!, diz Priscila. Observe
com atenção se você fica angustiado quando está em algum lugar sem conexão com
a rede. Esse é o alerta máximo que algo não vai bem.
NO TRABALHO – Sua equipe se
levanta para uma reunião. Você, desavisado e sem saber o que está acontecendo,
procura desesperadamente por alguma convocação perdida na caixa de e-mail. Em
pânico, constata que não há nada ali. “A dificuldade de desapegar está ligada à
necessidade de manter tudo sob controle e de se sentir imprescindível!, explica
Ana Paula. Entenda: há coisas que serão bem resolvidas e executas sem você.
NA FAMÍLIA – Você realmente está
presente naquele almoço tradicional de domingo com a família ou está mais
divertido acompanhar o chat entre os brothers? Finge que assiste ao jogo do
filho ou não para de telefonar para o escritório? “Em um mundo extremamente digitalizado, vemos
que as pessoas têm uma grande rede relacionamentos online, mas se afastaram
e empobreceram os contatos presenciais”,
alerta o psiquiatra Leonard Verea.
NA AUTOPERCEPÇÃO – Todos têm
fraquezas, mas preste atenção se você sempre se sente inseguro com as escolhas
que faz – desde as mais simples, como o prato do almoço, às maiores, como o
profissional. Essa sensação crônica de que poderia ter feito melhor ou
diferente merece uma análise. Combata isto listando mentalmente tudo de
positivo que já conquistou e evite compara-se com outras pessoas,
principalmente com aquelas projetadas nas redes sociais. 9 FONTE: REVISTA MEN’S
HEALTH, nº 111, JULHO 2015, páginas 94,95,96e 97).
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