Eu pensei que o professor
fosse eu!
Mas aquele dia me surpreendi com os encantos e as descobertas de um aprendiz.
A aula estava um pouco monótona e resolvi improvisar e fazer uma pergunta que, na minha perspectiva, seria mais descontraída, afinal, eram crianças, logo, me considerei preparado para respostas, digamos, não tão elaboradas assim. Confesso que a minha intenção era um pouco de diversão:
- Pedrinho, o que você quer ser quando crescer? – perguntei.
- Eu quero ser minoria, professor! – ele me respondeu.
Esbocei um leve sorriso, mas, rapidamente me contive.
Com certeza ele ouvira aquela palavra expressa num determinado contexto e a interpretou à sua maneira, como seria normal numa criança.
Temendo algum tipo de constrangimento, evitei questionamentos sobre o que ele sabia sobre a palavra “minoria”, mas foi aí que sua aula começou:
- Professor, tem criança que não tem brinquedo, né?
- Sim, Pedrinho, infelizmente – respondi.
- E acho que elas não vêm pra escola! Aqui todo mundo tem um monto de brinquedos, né? - insistiu o menino.
É verdade – concordei.
- E a casa delas não deve ser legal porque quando meu pai me traz de carro pra escola eu vejo pela janela um montão de meninos descalços na rua, sem camisa e sem brinquedos – continuou.
Muitos deles, sim – consenti já intrigado com o rumo daquelas afirmativas .
- Os meus primos e os meus amigos do condomínio quando fazem muita bagunça ficam de castigo e sem o videogame, mas meus tios me disseram que aqueles meninos que já não têm escola, não ficam em suas casas e não têm videogame ainda vão ter que ir pra cadeia dos adultos quando fizerem malcriação, porque só a minoria não quer assim. Quando eu crescer eu quero ser minoria!
Fiquei atônito, sem saber o que dizer, sem saber o que pensar!
Minha única reação, além da vergonha de ser adulto, foi sussurrar:
- Quando crescer eu quero ser criança! ( Texto escrito por ALBERTO CHAHAIRA SOBRINHO, pedagogo e bancário aposentado em Bela Vista do Paraíso, página 3, FOLHA 2,espaço CRÔNICA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, quarta-feira, 8 de julho de 2015).
Mas aquele dia me surpreendi com os encantos e as descobertas de um aprendiz.
A aula estava um pouco monótona e resolvi improvisar e fazer uma pergunta que, na minha perspectiva, seria mais descontraída, afinal, eram crianças, logo, me considerei preparado para respostas, digamos, não tão elaboradas assim. Confesso que a minha intenção era um pouco de diversão:
- Pedrinho, o que você quer ser quando crescer? – perguntei.
- Eu quero ser minoria, professor! – ele me respondeu.
Esbocei um leve sorriso, mas, rapidamente me contive.
Com certeza ele ouvira aquela palavra expressa num determinado contexto e a interpretou à sua maneira, como seria normal numa criança.
Temendo algum tipo de constrangimento, evitei questionamentos sobre o que ele sabia sobre a palavra “minoria”, mas foi aí que sua aula começou:
- Professor, tem criança que não tem brinquedo, né?
- Sim, Pedrinho, infelizmente – respondi.
- E acho que elas não vêm pra escola! Aqui todo mundo tem um monto de brinquedos, né? - insistiu o menino.
É verdade – concordei.
- E a casa delas não deve ser legal porque quando meu pai me traz de carro pra escola eu vejo pela janela um montão de meninos descalços na rua, sem camisa e sem brinquedos – continuou.
Muitos deles, sim – consenti já intrigado com o rumo daquelas afirmativas .
- Os meus primos e os meus amigos do condomínio quando fazem muita bagunça ficam de castigo e sem o videogame, mas meus tios me disseram que aqueles meninos que já não têm escola, não ficam em suas casas e não têm videogame ainda vão ter que ir pra cadeia dos adultos quando fizerem malcriação, porque só a minoria não quer assim. Quando eu crescer eu quero ser minoria!
Fiquei atônito, sem saber o que dizer, sem saber o que pensar!
Minha única reação, além da vergonha de ser adulto, foi sussurrar:
- Quando crescer eu quero ser criança! ( Texto escrito por ALBERTO CHAHAIRA SOBRINHO, pedagogo e bancário aposentado em Bela Vista do Paraíso, página 3, FOLHA 2,espaço CRÔNICA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, quarta-feira, 8 de julho de 2015).
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