Os pesquisadores Noemia Ishikawa e Nelson Menoli ajudaram na produção de livro sobre cogumelos yanomani
Dois londrinenses foram premiados na 59ª edição do Prêmio Jabuti, a mais importante premiação da literatura brasileira. O livro Ana amapõ-Cogumelos Ynomami” venceu na categoria Gasronomia. A obra, que foi elaborada por pesquisadores indígenas yanomami, contou com a colaboração do grupo de pesquisas comandado pela pesquisadora doutora Noemia Kazue Ishikawa, que é de Londrina. Ela lidera os estudos Cogumelos da Amazônia do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
Referência na pesquisa sobre cogumelos no País, Ishikawa estava em um restaurante, em Manaus (AM), na terça-feira, quando recebeu a notícia que o livro ficou em primeiro lugar. “Fiquei tão emocionada que nem conseguia comer”, contou. “Uma mistura de alegria e gratidão imensa, pois ganhar um Prêmio Jabuti junto com os índios Yanomami, equipe do Instituto Socioambiental e outros pesquisadores queridos é gratificante”, resumiu a pesquisadora, que foi tema de reportagem da FOLHA publicada em setembro.
A obra é a primeira a ser publicada sobre os cogumelos comestíveis no Brasil e reforça a contribuição do modo de vida indígena para a preservação da floresta. “Acho que o prêmio, com toda sua indiscutível tradição e importância, coloca luz a vários temas, como o etnoconhecimento dos índios sobre a biodiversidade da Amazônia”, destaca a pesquisadora, que também atua no programa de pós-graduação em Biodiversidade e Conservação na UFPA (Universidade Federal do Pará – campus Altamira).
UEL
O livro contou com a participação de dez autores e, entre eles, além de Ishikawa, está Nelson Menoli, biólogo londrinense formado pela UEL (Universidade Estadual de Londrina)). “Este primeiro lugar representa a satisfação de 15 anos estudando os fungo e fazendo com que eles se tornem cada vez mais próximos do público em geral. Ver a união entre a ciência e o conhecimento tradicional indígena é algo que muito me orgulha”, elencou.
Segundo ele, o tempo de estudos na UEL foi decisivo para sua formação como pessoa e pesquisador. “Logo depois que me formei já pude perceber o quanto a experiência que obtive na universidade foi importante para o meu desenvolvimento social, pessoal e para alcançar vários objetivos profissionais”, ressaltou ele, que atualmente está fazendo pós-doutorado pela Clark University, nos Estados Unidos.
A obra é biligue e reúne um trabalho minucioso de catalogação de cogumelos comestíveis |
Para os dois pesquisadores, a condecoração com o Prêmio Jabuti é uma forma de valorizar o conhecimento dos Yanomami e o fortalecimento da língua sanõma, já que o livro é bilíngue, em língua indígena Yanomami e português. “É uma maneira de despertar a atenção de toda a sociedade para a necessidade real de preservação das áreas indígenas e das comunidades tradicionais. Não só da Amazônia, mas também de outras regiões do Brasil”, destacam.
O é resultado do trabalho de pesquisadores indígenas da região do Awaris, no extremo noroeste de Roraima, na Terra Indígena Yanomami, em parceria com o ISA (Instituto Socioambiental). A obra reúne um trabalho minucioso de catalogação de cogumelos comestíveis e promove um diálogo entre os conhecimentos dos indígenas sobre cogumelos comestíveis e os conhecimentos científicos.
A cerimônia de entrega do Jabuti 2017 acontecerá no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, no dia 30 de novembro. Os três primeiros colocados de todas as categorias receberão como prèmio o troféu e R$ 3,5 mil. (FONTE: PEDRO MARCONI e VITOR OGAWA – Reportagem Local, FOLHA CIDADES, quinta-feira, 2 de novembro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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