Sempre ouvimos falar que “as palavras comovem e os exemplos arrastam”. E, sem dúvida, a grande maioria ds pessoas tem o poder da fala e dos argumentos, mas carecem de atitudes que deem suporte àquilo que se defende com a fala.
Se retomamos o tema da “modernidade fluida”, de Zigmunt Bauman, nos damos conta de que os discursos cada vez mais se afastam das atitudes praticadas. Não fosse isso, não estaríamos com uma quantidade tão elevada de políticos e empresários envolvidos em monstruosos esquemas de corrupção. Não seria tão grande o índice de infidelidade na família e nas relações humanas. E não faltam palavras bem construídas para tentar embaçar ou encobrir a lama de desonestidades.
Por outro lado, essa fluidez moderna parece enfraquecer a força dos exemplos. Os atos de fidelidade, os testemunhos de solidariedade, o arriscar a vida para salvar o irmão já não arrastam mais como antes. São até elogiados, mas não chegam a ser seguidos ou recriados. Se Ghandi vivesse em nossos tempos, conseguiria reunir o povo na marcha libertária pela força da não violência? Luther King teria a mesma força junto de seu povo na luta contra o racismo?
Sem dúvida, o testemunho de Francisco o coloca como o maior líder, não apenas da Igreja, mas de toda a humanidade. Seu testemunho de paz, de amor aos empobrecidos, seus gestos de solidariedade para com os migrantes e para com a vítimas de terremotos, sua atenção aos pobres e sua presença junto aos últimos da sociedade, são elogiados, estampam as capas de revistas e ilustram uma multidão de sites pelo mundo a fora. Porém, parece arrastar poucas pessoas.
Há como que uma letargia, um adormecimento das mentes e dos corações. O excesso de preocupação com nós mesmos impede-nos de enxergar o outro. Supervalorizamos nossos dramas pessoais e nos tornamos incapazes de sentir de perto a dor do outro. Não raro, há maior sensibilidade e cuidado com um animal doméstico do que com um semelhante caído, ferido ou abandonado. Assim, nem mesmo o grande testemunho de Francisco tem despertado em nós um efetivo amor.
Será por isso que a questão do pobre incomoda tanto? Dentro e fora da Igreja, esse tema é sempre desafiante. Quem sempre atenuá-lo ou deixa-lo em segundo plano. Faz lembrar uma postura de Dom Hélder Câmara: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo, quando pergunto por que eles são pobre, chamam-me de comunista”.
Por suas posturas Francisco tem recebido críticas dentro e fora da igreja. E são críticas que não se fundam na verdade do evangelho, na verdadeira busca do bem comum. Antes, as atitudes de Francisco é que se mostram evangélicas, com atitudes que revelam proximidade com as práticas de Jesus: um amor que se mostra em obras, em ações concretas a favor das famílias, da vida humana e da vida no planeta. Nosso Papa faz jús à missão que Senhor confiou àquele jovem na Idade Media: “Francisco, reconstrói a minha Igreja!”.
Francisco está no caminho certo, mas, como Jesus, que passou a vida fazendo o bem, sofre perseguição e incompreensão. Siga em frente, Francisco, pois o amor em obras é que nos traz a salvação! E, Juízo definitivo, aquilo que tivermos feito, ou não, em favor dos pobres é que dirá se partilharemos ou não, das alegrias do Reino.
E isso é pra começo de conversa!.( FONTE: IR. DENILSON MARIANO, SDN, EDITORIAL da revista O LUTADOR, mês Novembro de 2017, página 4, Gráfica e Editora O LUTADOR, Belo Horizonte, MG).
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