1 “Li algures que os gregos
antigos não escreviam necrológios, quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha “paixão”?, escreveu em seu último livro o poeta português Herberto Helder
(1930-2015). Herberto Helder tinha paixão. Criou um idioma próprio, orgânico e
encantatório. O impacto de sua poesia sobre
o idioma é comparável ao de
Camões ou Pessoa.
2, Nesta semana visitei a UTI Infantil do Hospital do Câncer. Digo sem
hesitar: o Hospital do Câncer tem paixão. A paixão do bem, a paixão da
esperança, a paixão do amor ao próximo.
Só essa paixão explica o fato de criar uma UTI para crianças com vista
para a cidade. É mais do que uma unidade
de terapia intensiva, é uma janela para a vida. Mesmo nesse mundo em que se
multiplicam a paixão pelo mal, a paixão pela morte, a paixão sem compaixão.
3, Tinha paixão a Irmã Nívea
Bosignin, que desde 1954 educava crianças e espalhava simpatia no Colégio Mãe de Deus. Ela partiu pouco antes do dia da
Anunciação. As Irmãs de Maria cantaram a música que tanto ouvi quando criança: “Mãezinha
do Céu/ Eu não sei rezar! Eu só sei dizer/
Quero te amar”.
4. Tem paixão os que foram às ruas no dia 15 de março e voltarão às ruas no dia 12 de abril contra
Dilma e o PT. Têm a paixão da verdade, a paixão da esperança, a paixão da
justiça, .Nesta semana, conversei com
dois organizadores do Movimento Viva Londrina. Gente com nome e sem máscara:
André Luís Elias e Fábio Martins. Gente séria, ponderada, corajosa. Sem nenhum traço de golpismo, rancor ou
arrogância.
5. Londrina tem paixão. Por isso, foi a
cidade que levou mais gente às manifestações
no Brasil inteiro, em termos proporcionais. E levará ainda mais no dia
12.
6. Digo outra vez: Londrina tem paixão. Por isso, conforme editorial do
JL, “a corrupção aqui não tem vida fácil”. Vamos a
fundo no combate do mal – não importa a
ideologia, o partido, o governo.
7. Digo uma terceira vez: Londrina tem paixão. Por isso, não aceitamos
a idéia de que impeachment e renúncia
são coisas que só servem para a direita.
Aqui olhamos para a frente. Com paixão. ( Texto escrito por PAULO BRIGUET, briguet@jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra extraído da página 11, espaço Dia de crônica – PAULO BRIGUET, publicação
do JORNAL DE LONDRINA, sexta-feira, 27 de março de 2015).
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