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sábado, 28 de março de 2015

TEM PAIXÃO


   1  “Li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios, quando alguém morria perguntavam apenas: tinha “paixão”?, escreveu em seu último livro o poeta português Herberto Helder (1930-2015). Herberto Helder tinha paixão. Criou um idioma próprio, orgânico e encantatório. O impacto de sua poesia sobre  o idioma é comparável  ao de Camões ou Pessoa.
   2, Nesta semana visitei a UTI Infantil do Hospital do Câncer. Digo sem hesitar: o Hospital do Câncer tem paixão. A paixão do bem, a paixão da esperança, a paixão do amor ao próximo.  Só essa paixão explica o fato de criar uma UTI para crianças com vista para a cidade.  É mais do que uma unidade de terapia intensiva, é uma janela para a vida. Mesmo nesse mundo em que se multiplicam a paixão pelo mal, a paixão pela morte, a paixão sem compaixão.
   3, Tinha paixão a Irmã  Nívea Bosignin, que desde 1954 educava crianças e espalhava simpatia no Colégio Mãe  de Deus. Ela partiu pouco antes do dia da Anunciação. As Irmãs de Maria cantaram a música que tanto ouvi quando criança: “Mãezinha do Céu/ Eu não sei  rezar! Eu só sei dizer/ Quero te amar”.
   4. Tem paixão os que foram às ruas no dia 15 de março e  voltarão às ruas no dia 12 de abril contra Dilma e o PT. Têm a paixão da verdade, a paixão da esperança, a paixão da justiça,  .Nesta semana, conversei com dois organizadores do Movimento Viva Londrina. Gente com nome e sem máscara: André Luís Elias e Fábio Martins. Gente séria, ponderada, corajosa.  Sem nenhum traço de golpismo, rancor ou arrogância.
    5. Londrina tem paixão. Por isso, foi a cidade que levou mais gente às manifestações  no Brasil inteiro, em termos proporcionais. E levará ainda mais no dia 12.
   6. Digo outra vez: Londrina tem paixão. Por isso, conforme editorial do JL, “a corrupção aqui não tem vida fácil”.  Vamos  a  fundo no combate do mal – não importa a ideologia, o partido, o governo.

   7. Digo uma terceira vez: Londrina tem paixão. Por isso, não aceitamos a  idéia de que impeachment e renúncia são  coisas que só servem para a direita. Aqui olhamos para a frente. Com paixão. ( Texto  escrito por PAULO BRIGUET, briguet@jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra  extraído da página  11, espaço Dia de crônica – PAULO BRIGUET,  publicação do JORNAL DE LONDRINA, sexta-feira, 27 de março de 2015).

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