Primeira lição de educação financeira
foi quando, menino, perguntei ao pai porque aquela plaquinha na padaria, e ele explicou
- Quem pede fiado, diz que vai pagar amanhã mas pode nunca pagar, então o padeiro avisa que fiado só amanhã...
- Quem pede fiado, diz que vai pagar amanhã mas pode nunca pagar, então o padeiro avisa que fiado só amanhã...
Na Alemanha, vi gente guardando com carinho, no moedeiro, velhas moedinhas de um centavo, tão gastas que mal dava para ver a efígie de Adenauer, o primeiro-ministro que a criou, e era preciso juntar algumas para comprar um chiclete.
- Mas – explicam os alemães – nós as usamos sempre, pois foi com ela que reerguemos a Alemanha depois da guerra.
Aqui, o comerciante nem ao
menos dá mais a balinha em troca dos centavos, e o consumidor acostumou-se a
não exigir, mas um amigo economista garante:
- Inflação não começa com um ou dez por cento, começa com 0,1 por cento.
- Inflação não começa com um ou dez por cento, começa com 0,1 por cento.
Mas nossa moeda de um centavo
foi abolida em 2004. É, agora, banco oficial envia a aposentados cartão de
crédito com limite de saldo negativo maior que a aposentadoria. Sei de
aposentado por esquizofrenia, e viciado em drogas, que no mesmo dia torrou tudo
em roupas novas e drogas, sem se importar que irá pagar, durante anos, juros
mensais de até 2,14%. Com juros sobre juros, além de empobrecer a cada mês, acabará
pagando muito mais do que sacou. Quando terminar de pagar a dívida, as novas
roupas já terão virado trapos há muito tempo.
Há pouco, o Banco Central aumentou de 30 para 35% o percentual da renda
usável com crédito consignado, e esses novos 5% só poderão pagar dívidas... de
cartão de crédito! Assim os bancos, que já empresta dinheiro consignado a taxas
bem maiores que a da poupança, sem inadimplência, com as mensalidades
descontadas na fonte, poderão abater
mais dívidas em parceria com o INSS, que desta forma trabalha para os bancos
sem ganhar nada, ao menos oficialmente. É um ajuste-bancário social, o povo
ficando com as dívidas e os bancos com os lucros.
Um dos principais motivos da
atual crise é esta: o governo trabalhou e trabalha para aumentar as dívidas da
população e desestimular a poupança, exatamente o contrário de países que
saíram do fundo do poço graças à poupança, como a Alemanha e o Japão.
Enquanto isso, o Banco Central
informa que quase metade da população (46,3%) está comprometida com dívidas.
Assim, pagam mais caro e compram menos, desativando o comércio e a indústria,
portanto baixando a arrecadação dos tributos diretos, cobrados pelo governo na
fonte, enquanto diminui a massa salarial que paga por esses tributos no consumo.
Ou seja, para ganhar votos, o governo deu crédito, que endividou o povo,
gerando crise que empobrece o governo. A ambição é companheira da burrice.
Enfim, enquanto tanto se fala em ajuste fiscal, o povo continua senso deseducado pelo governo para se endividar mais, gerando mais crise. É o caso de dizer de boca cheia:
Dívida? Crédito consignado? Só amanhã! (Crônica do escritor londrinense Domingos Pellegrini, página 21, cultura, espaço DOMINGOS
PELLEGRINI d.pellegrini@sercomtel.com.br facebook.com/escritordomingospellegrini fim de semana, 28 e 29 de novembro de 2015, publicação do JORNAL DE LONDRINA).
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