Segundo o professor e linguista Dino Preti,
“nós regulamos a nossa linguagem em
função do ouvinte”. Com isso, ele quer dizer que todos nós escolhemos a forma
como vamos dizer ou escrever algo dependendo da situação. De maneira prática,
você não vai falar da mesma maneira com seu chefe e com um amigo ou parente. Provavelmente, ao
falar com o chefe, você vai tentar ser
mais formal e evitar gírias ou expressões vulgares, que não seriam um problema ao conversar com um
amigo.
Entre as várias escolhas que fazemos
ao nos comunicarmos, a mais importante, sem dúvida, é a do vocabulário
utilizado. Uma palavra mal colocada pode gerar desde uma simples dificuldade na
compreensão da mensagem até um sério mal entendido.
Na escola, nós aprendemos e usamos
muito a ideia de sinônimos, ou seja, palavras que têm significado semelhantes.
Sendo assim, teoricamente, você pode perfeitamente trocar uma palavra por outra
que tenha o mesmo sentido, não é? Mas, na verdade, o que acontece é que não
existem sinônimos perfeitos, sempre há alguma diferença, ainda que sutil, se
não no sentido, pelo menos no “valor” atribuído a cada termo.
Por exemplo, vamos supor que você
tenha um amigo que viaja frequentemente ao Paraguai e traz coisas para revender
aqui. Se você se referir a ele como “sacoleiro" , é provável que ele concorde
com você. Por outro lado, se for chamado de “muambeiro” ou “contrabandista”,
certamente ficará ofendido. Isso porque, embora os termos citados tenham significados
bem semelhantes, apresentam valores diferentes, sendo um mais negativo que o
outro.
Outro fator que pode interferir no
efeito causado pelo uso de uma ou outra palavra é a frequência com que ela é
usada. Nesse sentido, “belo” e “bonito”, embora tenham o mesmo sentido, acabam
tendo pesos diferentes, já que “belo”, por ser um termo menos comum, passa uma
ideia mais poética.
Há ainda quem opte por usar uma
palavra em outra língua, na tentativa de valorizar o que é dito. É o caso de
lojas que colocam nas vitrines termos em inglês, como “sale” ou “off” , em vez
de “promoção” ou “desconto”. Para algumas pessoas, isso evidenciaria uma
suposta qualidade superior do estabelecimento e dos produtos. Para outras,
porém, pode causar o efeito contrário, soando como algo pedante e
desnecessário.
Como fazer então, para que o tiro não
saia pela culatra? É simples, preste atenção às pequenas dicas:
1 – A clareza
vem primeiro. O primeiro objetivo do seu texto (falado ou escrito), é
comunicar, então verifique se conseguiu passar todas as ideias que pretendia.
2 – Use só o
que conhece. Não tente usar palavras com as quais não está acostumado. O
mesmo vale se você não tiver certeza absoluta do significado. O melhor, nesse
caso, é evitar a palavra e depois, com tempo, tirar suas dúvidas.
3 – Não
“enfeite” demais. Geralmente, tentativa de deixar o texto mais chique ou
erudito acabam gerando resultados desastrosos, causando um efeito contrário ao
desejado.
4
- Reescreva quantas vezes precisar. Às
vezes, a solução para o o problema não é
simplesmente trocar uma palavra por outra, mas todo o enunciado. Tente
dizer a mesma coisa de outro jeito, reestruturando a frase inteira, se for
preciso.
5 – Aceite
críticas. Frequentemente, estamos tão envolvidos na escrita de um texto
que não percebemos pequenos detalhes que poderiam melhorá-lo. É importante
estar aberto a críticas e sugestões e, se for o caso, colocá-las em prática
para ver o resultado.
Finalmente, é importante destacar
que isso tudo vale para qualquer tipo de
texto, seja sua redação escolar, postagens em uma rede social ou textos
técnicos, como relatórios ou e-mails comerciais, por exemplo. Basta ter em
mente que sempre dá pra melhorar.
Até a próxima terça. ( FLAVIANO LOPES
– PROFESSOR DE PORTUGUÊS E ESPANHOL.* Encaminhe suas dúvidas ou sugestões psra bemdito14@gmail.com
página 5, FOLHA 2 , publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, terça-feira ).
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