Em muitas cidades a prefeitura
comemora quando consegue recapear algumas ruas, entre tantas esburacadas ou já
esfarelentas. “Já” esfarelentas, não ainda e desde muito tempo esfarelando, com
a vida útil do asfalto vencida, as pedras entupindo bueiros e causando
enchentes, toda a rua “em processo de rápida deteriorização”, como diria um
técnico, sabendo que sua advertência não será como nunca foi levada a sério
pelos governantes.
Afinal, dirão eles, o problema é herdado de governos anteriores, que não fizeram a devida manutenção, o asfalto envelhecendo mal sem cuidados nem consertos, além de mal feito pela corrupção ou pela incompetência sem fiscalização.
Enquanto isso, começamos a acordar que o Estado – das prefeituras à presidência da República - não é pai do povo, é seu filho e deve ser vigiado. Quem trabalha sustenta o Estado, recebendo serviços públicos de filho ingrato.
Recape, por exemplo, recupera mas não melhora rua, que apenas volta a ser a velha rua para trânsito sempre crescente, com transporte público sempre precário. Até que muitas ruas voltem a ser, como nos mapas antigos, apenas “vias carroçáveis”, onde só carroças conseguirão transitar.
Não, não as carroças do Collor, movidas a cavalos-vapor, mas carroças com cavalos e carroceiro, que a cidade foi enxotando para a periferia mas, enfim, voltarão vitoriosas. Passarão pelos buracos e destroços levando jardineiros, vendedores de víveres, disquentregas e até roça-táxis.
Caminharemos – ou trotaremos – para a Era ds Carroça.
O prefeito será um carroceiro com mestrado em Oxfordê
A toda poderosa ABC, Associação Brasileira dos Carroceiros, bancará candidato à presidência da República ou por uma coligação – carroção de muitos partidos.
Aquele Rolls-Royce da Presidência será trocado por uma carruagem do museu com cavalaria das Forças Armadas.
A AIC – Associação Internacional da Carroagem, arrebatará a diretoria da Fifa, da Onu e, de quebra, do FNI.
A indústria automobilística lançará carroçarros, carroças movidas a motor, nos bairros ricos ou rebeldes com asfalto, e movidas a cavalo nos bairros pobres e resignados. Estacionamentos terão baias para cavalos, e o quadro de maior sucesso na tevê será A Carroça da Sorte, com um carroção distribuindo prêmios pelo país.
E as pessoas passarão a nascer aC ou dC, antes ou depois da Era das Carroças.
A Seleção ganhará a Copa, e o time e o time desfilará no Carroção dos Bombeiros .
Isto, claro, se antes não acharem um jeito de recuperar não só algumas, mas todas nossas ruas. ( Página 21, cultura – espaço DOMINGOS
PELLEGRINI d.pellegrini@sercomtel.com.br
publicação do JORNAL DE LONDRINA, domingo, 23 de agosto de 2015). Afinal, dirão eles, o problema é herdado de governos anteriores, que não fizeram a devida manutenção, o asfalto envelhecendo mal sem cuidados nem consertos, além de mal feito pela corrupção ou pela incompetência sem fiscalização.
Enquanto isso, começamos a acordar que o Estado – das prefeituras à presidência da República - não é pai do povo, é seu filho e deve ser vigiado. Quem trabalha sustenta o Estado, recebendo serviços públicos de filho ingrato.
Recape, por exemplo, recupera mas não melhora rua, que apenas volta a ser a velha rua para trânsito sempre crescente, com transporte público sempre precário. Até que muitas ruas voltem a ser, como nos mapas antigos, apenas “vias carroçáveis”, onde só carroças conseguirão transitar.
Não, não as carroças do Collor, movidas a cavalos-vapor, mas carroças com cavalos e carroceiro, que a cidade foi enxotando para a periferia mas, enfim, voltarão vitoriosas. Passarão pelos buracos e destroços levando jardineiros, vendedores de víveres, disquentregas e até roça-táxis.
Caminharemos – ou trotaremos – para a Era ds Carroça.
O prefeito será um carroceiro com mestrado em Oxfordê
A toda poderosa ABC, Associação Brasileira dos Carroceiros, bancará candidato à presidência da República ou por uma coligação – carroção de muitos partidos.
Aquele Rolls-Royce da Presidência será trocado por uma carruagem do museu com cavalaria das Forças Armadas.
A AIC – Associação Internacional da Carroagem, arrebatará a diretoria da Fifa, da Onu e, de quebra, do FNI.
A indústria automobilística lançará carroçarros, carroças movidas a motor, nos bairros ricos ou rebeldes com asfalto, e movidas a cavalo nos bairros pobres e resignados. Estacionamentos terão baias para cavalos, e o quadro de maior sucesso na tevê será A Carroça da Sorte, com um carroção distribuindo prêmios pelo país.
E as pessoas passarão a nascer aC ou dC, antes ou depois da Era das Carroças.
A Seleção ganhará a Copa, e o time e o time desfilará no Carroção dos Bombeiros .
Isto, claro, se antes não acharem um jeito de recuperar não só algumas, mas todas nossas ruas. ( Página 21, cultura – espaço DOMINGOS
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