Lucimara Aparecida Diniz ficou emocionada com a atitude das crinas: "Elas têm a bondade no coração" |
Vitima de ofensas após postagem falsa na internet, mulher recebe doações de alunos de escola municipal de Londrina, que ficaram sensibilizados com a história
As redes sociais, quando usadas sem o devido cuidado, podem prejudicar pessoas e deixar marcas que vão muito além das físicas. No caso de Lucimara Aparecida Diniz, 42, que no início de novembro foi vítima de uma postagem falsa na internet, o episódio mostrou que em meio a tantas ofensas recebidas, a solidariedade também pode ser uma marca do ambiente virtual.
Diniz é uma pessoa bastante conhecida, principalmente por aqueles que passam pelo Calçadão de Londrina, em frente a uma agência bancária. Ela teve poliomielite quando pequena e sobrevive da solidariedade das pessoas. Nesta segunda-feira (11), ele recebeu doações de alunos da Escola Municipal Professor Leônidas Sobrinõ Porto, que, sensibilizados com a história da mulher, resolveram fazer uma campanha.
Segundo Elisandra Ventura de Andrade, professora do quinto ano da instituição localizada na zona oeste, a proposta de ajudar Diniz foi trazida por um estudante no projeto Folha Cidadania, que é desenvolvido nas escolas pela FOLHA em parceira com prefeituras de Londrina e região, empresas e entidades.
“No dia do projeto o aluno veio com a história dela e todos ficaram pensando como ajudar. Eles pesquisaram muito sobre o caso dela e a repercussão que gerou. A partir disso pensaram como aquela situação negativa poderia ser revertida e se tornar algo positivo. Foram os próprios estudantes que organizaram e arrecadaram alimentos, fraldas geriátricas e produtos de limpeza”, contou a educadora. Por conta do apelo solidário, toda a escola, que possui 540 alunos, acabou ajudando. No total, cinco caixas cheias de produtos e alimentos foram angariadas.
A sala responsável por organizar a campanha batizada de “União do bem” foi representada na entrega por três alunos. Ana Clara de Sousa, 11, que esteve presente, afirmou que todos ficaram felizes em poder ajudar. “Ficamos agradecidos por fazer isso. É uma oportunidade de colaborar com quem precisa e que passou por dias ruins. Todos se envolveram e vimos que não importa a deficiência do próximo, pois todos somos iguais”, destacou.
Para o estudante Marcos Daniel de Souza, 11, o aprendizado foi importante para todos os colegas de classe, escola e professores. “É muito bom poder fazer o bem, porque um dia podemos precisar. O essencial é o que temos dentro de nós e não a aparência”, resumiu. “Entendi o valor das pessoas e que a internet não pode servir para fazer o mal ao outro, mas sim gerar alegria”, acrescentou Enzo Pablo Isaias, 10.
REFLEXO NA VIDA
No Calçadão diariamente há 20 anos, já que não pode trabalhar, por conta de deficiência, Lucimara Aparecida Diniz ficou emocionada com a atitude das crianças. “Elas têm a bondade no coração, Isso é motivo de comemoração, pois se esta geração for assim teremos uma sociedade muito mais humanizada”, resumiu. Vivendo de doações e com a mãe de 74 com vários problemas de saúde, ela estava precisando dos produtos, principalmente as fraldas geriátricas. “São caras e nem sempre consigo comprar”.
A história de Diniz também serviu para fomentar o debate sobre os perigos das redes sociais, preconceito e a doença que ela possui. “Os alunos aprenderam a se colocar no lugar do outro, respeitando as diferenças, e a praticar a tolerância. Além disso, o projeto vem ajudando no comportamento deles na sala de aula e com toda a certeza vão levar isso para a vida, ainda mais por pertencerem à geração conectada”, elencou a coordenadora pedagógica da escola, Andréa Pereira Cruz. (FONTE: PEDRO MARCONI – Reportagem local, caderno FOLHA CIDADES, página 2, terça-feira, 12 de dezembro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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