Sem dúvida um dos principais cartões-postais de Londrina, o Calçadão chega so 40 anos de vida rediscutindo o seu papel na cidade. Qual londrinense nunca passou por ali? Idealizado em meio a polêmicas em torno da viabilidade de se fechar uma via até então importante para fluidez do tráfego como a avenida Paraná, o espaço projetado pelo arquiteto e ex-governador Jaime Lerner logo caiu no gosto da população – inclusive motoristas. Porque visava promover a mobilidade de milhares de pessoas no ponto mais central da cidade, o Calçadão surgiu como uma obra de vanguarda inspirada na rua XV de Curitiba.
A paginação do piso de petit pavet em preto e branco e o desenho em elos foram pensados para que estimulassem os pedestres a fazerem pausa durante o percurso, favorecendo os estabelecimentos comerciais, que poderiam atrair os consumidores entre uma parada e outra no trajeto pelo Calçadão. Se antes da construção a obra gerou questionamentos – como tudo que envolve mudança de comportamento -, é difícil encontrar quem ainda considere aquele espaço público um incômodo e desnecessário projeto urbanístico.
O problema, segundo avaliação de alguns arquitetos e urbanistas, é que o Calçadão passou por transformações nos últimos anos que precisam ser discutidas por todos os londrinenses. A começar pela troca de parte do piso, promovida pela prefeitura em 2009, descaracterizando um desenho icônico. Um crime contra o patrimônio que jamais poderia ter sido aceito.
A retirada dos quiosques, na mesma época, também recebeu críticas, mas nesse caso havia uma clara distorção da ocupação desses mobiliários. Sem padrão arquitetônico, alguns deles viraram grandes botecos a céu aberto, com frequência inadequada, desrespeitando inclusive o Código de Postura do município, tirando o sono dos moradores do entorno. Era preciso um choque de ordem.
Com a volta padronizada dos quiosques, o que os urbanistas, pedestres e a vizinhança defendem agora é um Calçadão mais vivo e pulsante, especialmente à noite, com segurança e manutenção constantes. É preciso que o poder público e a sociedade civil organizada pensem conjuntamente uma forma de revitalizar o Calçadão de modo a garantir que esse importante cartão-postal continue simbolizado o que há de melhor em Londrina ao menos para os próximos 40 anos. (FONTE: OPINIÃO opinião@folhadelondrina.com.br página 2, sexta-feira, 8 de dezembro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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