Com as atenções voltadas ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), mais um escândalo divulgado semana passada pela imprensa pode ter passado despercebido da maioria da população. O programa de reforma agrária, desenvolvido pelo Incra, beneficiou com a doação de lotes políticos, pessoas com renda considerada alta, mortos e até mesmo bebês. As irregularidades foram apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que ainda determinou a paralisação imediata do programa em todo o País.
A auditoria do TCU identificou mais de 578 mil beneficiários irregulares e representam cerca de 30% de toda a base. É mais um exemplo que aponta o descaso com que os bens públicos são tratados pelos agentes, até mesmo porque o TCU afirma que o Incra tem descumprido as recomendações há vários anos. Ainda que o programa gere muita controvérsia – como a desapropriação de fazendas produtivas, a demora para o cumprimento de mandados de reintegração de posse e a forma de ação de grupos como o MST e Contag -, se operado corretamente certamente os benefícios são inquestionáveis porque proporcionam uma nova perspectiva de vida a muitas famílias.
No entanto, o que não se pode continuar a tolerar são ações violentas desses grupos e uma “reforma agrária” que não cumpre seu objetivo. É dinheiro público desperdiçado. O que precisa ocorrer é punição. Agentes públicos que conduziram irregularmente o processo têm que responder pelos seus atos, assim como os beneficiários. Se o País chegou ao limite de uma “crise ética” , também são por atos como esse. A revisão de velhos comportamentos e as mudanças não ocorrerão apenas com a saída da presidente Dilma Rousseff (PT) do poder – é preciso haver uma mudança geral de comportamento de toda a população.
Além disso, a população precisa acompanhar mais atentamente a vida pública do País. Apenas votar a cada eleição não é mais suficiente até porque os atos desses agentes apontam que não se pode descuidar. O afastamento da política não pode continuar, somente eleitores vigilantes é que poderão mudar os rumos do País. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, segunda-feira, 11 de abril de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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