Já comentamos aqui, mais de
uma vez, que a língua portuguesa ( como, aliás, todas as línguas ) não é uma
coisa só. Existem muitas diferenças na maneira como as pessoas usam o idioma,
dependendo da situação. Essas diferenças,
que os gramáticos costumam chamar de variações ( ou variantes )
lingüísticas, podem ser de vários tipos. Antes de citar os principais, uma
pequena observação: os nomes não são uma unanimidade, por isso, ao buscar mais
detalhes em alguma gramática ou livro didático, talvez você se depare com
nomenclaturas diferentes. Portanto, preocupe-se mais em conhecer essas
variantes do que em decorar nomes. Além disso, é importante notar que vamos
tratar aqui apenas dos cinco tipos principais:
l. Modalidade escrita e
modalidade falada. Essa variação já foi citada em uma de nossas primeiras
colunas e é bem fácil de entender, já que ninguém fala como escreve, nem
escreve como fala. A explicação é simples: se você falar da mesma maneira que
escreve, vai aparecer pedante, isto é, vai soar como alguém que quer mostrar
que sabe que os outros. Por outro lado, se escrever do mesmo jeito que fala,
seu texto ficará com um jeito meio infantil, devido a repetição de palavras e
frases curtas, típicas da linguagem oral.
2. Variações regionais. Um
dos tipos mais notados por qualquer pessoa,
trata-se da mudança que ocorre no vocabulário ou no modo de se falar de
um lugar para o outro. Um londrinense que vai a Curitiba pela primeira vez, por
exemplo, talvez estranhe termos como “piá”, “vina” ou “penal”, já que está acostumado com “menino”, “salsicha”
e “estojo”. Só um detalhe: não estamos falando de sotaque, que é a maneira de
se pronunciar uma palavra, mas sim do uso de palavras ou estruturas diferentes.
3.Variação social é a
diferença que existe entre norma culta ( o respeito a todas as regras
gramaticais ) e norma popular ( o uso mais “livre” da língua. Embora a norma
culta seja imprescindível para vestibulares, concursos e situações formais,
fugir das regras em algumas situações não é sinal de ignorância ou
analfabetismo. Tudo vai depender, na verdade, da situação. Afinal de contas, em
um bate-papos com amigos, ninguém vai ficar se preocupando muito com colocação
pronominal, por exemplo.
4. Variação histórica ( ou de
época ) são as mudanças sofridas pelo idioma com o passar do tempo. Entram aqui
as mudanças de ortografia ( “pharmácia” já se escreveu com “ph”), mas também
aspectos gramaticais, como o uso do pronome “vós” , e de vocabulário, já que
algumas palavras deixaram de ser usadas ou são substituídas por outras com o
passar do tempo. Esse é um processo natural da língua, facilmente percebido
quando você pega um clássico da literatura para ler e se depara com palavras
diferentes. Outro exemplo bem simples é o uso das gírias, que mudam muito
rapidamente ( garota já foi chamada de “broto” antes de ser “mina”).
5. Variação de estilo é o
nome que se dá entre a utilização da língua de uma maneira formal ou informal.
Mesmo desconsiderando todos os outros tipos de variação, qualquer pessoa vai
falar ou escrever de modo diferente de acordo com a situação. Você não conversa
da mesma maneira com um amigo e com seu chefe, por exemplo. Nem utiliza a mesma
linguagem de uma mensagem no celular para escrever um relatório ou uma redação.
Faz parte da língua saber qual nível
utilizar em cada situação
As variantes linguísticas são assunto bastante cobrado em vestibulares
e concursos, mas, além disso, saber reconhecê-las ( e utilizá-las) é também
fundamental para o bom uso do português em qualquer situação. Se tiver alguma
dúvida, já sabe, entre em contato pelo bemdito14@gmail.com. Até a próxima terça. ( FLAVIANO
LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS E ESPANHOL, página 5, FOLHA 2, espaço BEM DITO, publicação do jornal FOLHA DE
LONDRINA, terça-feira, 23 de junho de 2015).
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