O R (erre) caipira é nosso!
Nasceu em terras tupininquins. É invenção brasileira – uma mistura portuguesa e
indígena, claro. E, atestam especialistas, está em franca expansão. Pensar que
a pronúncia, conhecida tecnicamente de R
retroflexo, é exclusividade do
interior do centro-sul é um grande
engano. O jeito caipira de falar está invadindo capitais. Há diversas e
diferentes razões para entender como o sotaque surgiu e porque está se
espalhando.
“ Chamamos de R retroflexo porque a língua flexiona para trás.Ele é encontrado no sul de Minas Gerais. No Triângulo Mineiro, em São Paulo inteiro, no Paraná praticamente inteiro, no oeste de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, em regiões do Mato Grosso e parte de Goiás”, explica a professora Vanderci de Andrade Aguilera, pós doutora em sociolingüística e professora do programa de pós-graduação em estudos da linguagem da Universidade Estadual de Londrina(UEL).
“ Chamamos de R retroflexo porque a língua flexiona para trás.Ele é encontrado no sul de Minas Gerais. No Triângulo Mineiro, em São Paulo inteiro, no Paraná praticamente inteiro, no oeste de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, em regiões do Mato Grosso e parte de Goiás”, explica a professora Vanderci de Andrade Aguilera, pós doutora em sociolingüística e professora do programa de pós-graduação em estudos da linguagem da Universidade Estadual de Londrina(UEL).
Colonização
Tudo começou com os portugueses que se misturaram à índias no início da
colonização brasileira. “É oriundo de São Vicente. No século 16, quando se
formaram as capitanias hereditárias, tinha a de São Vicente. É uma mistura do
contato entre portugueses com as índias
tupis, que formaram famílias. Os portugueses tinham o L (ele)no final das palavras ou de alguma sílaba, que é o L coronal, atrás dos dentes. Mas, esse L não tinha na língua tupi, que tinha
dificuldade de pronunciar o L dando
origem ao R retroflexo”, explica
Vanderci.
É por isso que os moradores de regiões com esse tipo de variação lingüística têm facilidade em trocar uma letra por outra, pronunciando “pranta” em vez de planta. Adoniram Barbosa eternizou esse jeito de falar no verso “frechada do teu olhar”, em Tiro ao Álvaro. Da Baixada Santista, onde estava a capitania de São Vicente, o R reflexo pouco a pouco foi disseminado pelo estado de São Paulo e outras regiões do Brasil.
Em Londrina, - e na região Norte do Paraná – chegou pelas falas dos bandeirantes paulistas e dos mineiros lavradores, no início do século 20. “Aqui em Londrina foi trazido com os mineiros do sul de Minas Gerais, que vieram plantar café, e com os paulistas do interior”, aponta Vanderci. Na capital de São Paulo, a predominância é o R alveolar vibrante enquanto no Rio de Janeiro se encontra o R velar.
É por isso que os moradores de regiões com esse tipo de variação lingüística têm facilidade em trocar uma letra por outra, pronunciando “pranta” em vez de planta. Adoniram Barbosa eternizou esse jeito de falar no verso “frechada do teu olhar”, em Tiro ao Álvaro. Da Baixada Santista, onde estava a capitania de São Vicente, o R reflexo pouco a pouco foi disseminado pelo estado de São Paulo e outras regiões do Brasil.
Em Londrina, - e na região Norte do Paraná – chegou pelas falas dos bandeirantes paulistas e dos mineiros lavradores, no início do século 20. “Aqui em Londrina foi trazido com os mineiros do sul de Minas Gerais, que vieram plantar café, e com os paulistas do interior”, aponta Vanderci. Na capital de São Paulo, a predominância é o R alveolar vibrante enquanto no Rio de Janeiro se encontra o R velar.
Chique
Agora, em pleno século 21, o tal R
caipira está conquistando novos lugares. Tenho notícias de que em algumas
regiões do Pará e de Rondônia, o R está
crescendo , levados por pessoas que saem
daqui e vão para lá. Em Curitiba, quase não se ouvia. Era apenas 5%. Hoje tem
mais de 30%. Brinco que agora ser caipira é chique”.
Para a professora doutora em estudo da linguagem Fabiane Cristina Altino, do Departamento de Letras Vernáculas da UEL, há razões que explicam essa expansão. “Uma das possibilidades é a grande renda per capita do interior. Temos o agronegócio, ainda muito forte. E onde está o dinheiro está a norma”, ressalta Fabiane. “A gente encontra em jovens de Curitiba, pela mobilidade e facilidade de caminhar. A mídia influencia e, com certeza, a música sertaneja da década de 1980 para cá. Na aula digo que não há dupla sertaneja que usa o R velar (característico do Rio de Janeiro). ( Extraído da página 19, Cultura , de FÁBIO LEPORINI Fabio@jornaldelondrina.com.br , publicação do JORNAL DE LONDRINA, rerça-feira, 28 de abril de 2015).
Para a professora doutora em estudo da linguagem Fabiane Cristina Altino, do Departamento de Letras Vernáculas da UEL, há razões que explicam essa expansão. “Uma das possibilidades é a grande renda per capita do interior. Temos o agronegócio, ainda muito forte. E onde está o dinheiro está a norma”, ressalta Fabiane. “A gente encontra em jovens de Curitiba, pela mobilidade e facilidade de caminhar. A mídia influencia e, com certeza, a música sertaneja da década de 1980 para cá. Na aula digo que não há dupla sertaneja que usa o R velar (característico do Rio de Janeiro). ( Extraído da página 19, Cultura , de FÁBIO LEPORINI Fabio@jornaldelondrina.com.br , publicação do JORNAL DE LONDRINA, rerça-feira, 28 de abril de 2015).
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