Quando o circo chegava na cidade tudo se transformava! As companhias
circenses chegavam em caminhões e se
instalavam num terreno da cidade. Com a autorização da prefeitura, erguia sua
lona colorida e fazia a instalação elétrica. A água era captada na vizinhança.
Logo o alto-falante anunciava par a cidade toda que o “grande” e
“internacional”, o “maravilhoso” circo havia chegado, estreando com a
apresentação de grandiosos espetáculos
de palhaços, trapezistas, dançarinas,
teatros e cantores! A novidade se espalhava rapidamente e a alegria era contagiante entre as pessoas.
Todos queriam ir ao circo!
À noite, enquanto não chegava a hora do espetáculo, as pessoas iam e vinham, ao som da música, curiosos para ver o circo, conhecer os artistas e as atrações.
Geralmente, nos pequenos circos, os artistas se revezavam em diversas funções: eram os bilheteiros, logo depois vendiam pirulitos e amendoim, fazia o povo gargalhar como palhaço e no teatro encarnava um galã romântico capaz de arrancar lágrimas. As mulheres chamavam a atenção com a maquiagem carregada e os cabelos pintados . As meias rendadas por baixo dos maiôs também faziam sucesso.
Para aumentar o público o circo promovia concursos de beleza entre as moças, atiçando a vaidade feminina, chamava os rapazes para atividades de força e promoções tipo “acompanhados pagam meia entrada”.
Era impressionante como o artista chamava a atenção do público! Não importava se era um simples ator de circo ou um ator famoso, de rádio, cinema ou televisão. O fascínio que eles exerciam sobre o público era muito interessante, o que me fez lembrar de um caso bem engraçado. Certa vez chegou um circo na cidade e, é claro, a novidade se espalhou rapidamente. O artista principal, de nome Zequinha, era alto, magro, moreno, usava camisas branca de mangas compridas e bota até o joelho, além de um chapéu preto. Nem sei se era feio ou bonito, mas era o artista. As garotas logo se apaixonaram por ele, estereótipo de galã de cinema, misterioso, fala mansa e andar elegante.
Certa manhã, a notícias estava em todas as bocas. “A fulana fugiu com o “ Zequinha”. Naquela época, fugir era sair de casa e depois voltar, muitas vezes passando na delegacia e já resolvendo o problema com o casamento, noivado.
Mas a garota era uma adolescente. Os pais não bobearam, foram atrás e trouxeram a fugitiva, sã e salva, para casa. A aventura, que povoava tantas cabecinhas, deu errado e felizmente, foi resolvida pela pronta ação dos pais. O circo foi embora e a história acabou.
Muitos casos interessantes de paixões por artistas e de artistas que abandonaram o circo compuseram esse contexto, uns se realizando, outros não passando de sonhos e desilusões amorosas que dariam uma boa peça de teatro circense.
Hoje, o circo virou espetáculo grandioso de verdade. Mas não deve trazer a mesma alegria que os pequenos circos levavam às cidades pequenas. Quem sabe ainda exista por aí, em algum lugar, um circo erguendo suas lonas desbotadas, suas arquibancadas inseguras, seus picadeiros forrados de casca de arroz. E o público feliz, esquecidos de seus problemas, os olhos brilhando, as gargalhadas ressoando, a banda tocando. No maior espetáculo de todos os tempos. ( Texto escrito por ESTELA MARIA FERREIRA, leitora da FOLHA , extraído do página 2, espaço Dedo de Prosa, caderno FOLHA RURAL, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado, 18 de abril de 2015).
À noite, enquanto não chegava a hora do espetáculo, as pessoas iam e vinham, ao som da música, curiosos para ver o circo, conhecer os artistas e as atrações.
Geralmente, nos pequenos circos, os artistas se revezavam em diversas funções: eram os bilheteiros, logo depois vendiam pirulitos e amendoim, fazia o povo gargalhar como palhaço e no teatro encarnava um galã romântico capaz de arrancar lágrimas. As mulheres chamavam a atenção com a maquiagem carregada e os cabelos pintados . As meias rendadas por baixo dos maiôs também faziam sucesso.
Para aumentar o público o circo promovia concursos de beleza entre as moças, atiçando a vaidade feminina, chamava os rapazes para atividades de força e promoções tipo “acompanhados pagam meia entrada”.
Era impressionante como o artista chamava a atenção do público! Não importava se era um simples ator de circo ou um ator famoso, de rádio, cinema ou televisão. O fascínio que eles exerciam sobre o público era muito interessante, o que me fez lembrar de um caso bem engraçado. Certa vez chegou um circo na cidade e, é claro, a novidade se espalhou rapidamente. O artista principal, de nome Zequinha, era alto, magro, moreno, usava camisas branca de mangas compridas e bota até o joelho, além de um chapéu preto. Nem sei se era feio ou bonito, mas era o artista. As garotas logo se apaixonaram por ele, estereótipo de galã de cinema, misterioso, fala mansa e andar elegante.
Certa manhã, a notícias estava em todas as bocas. “A fulana fugiu com o “ Zequinha”. Naquela época, fugir era sair de casa e depois voltar, muitas vezes passando na delegacia e já resolvendo o problema com o casamento, noivado.
Mas a garota era uma adolescente. Os pais não bobearam, foram atrás e trouxeram a fugitiva, sã e salva, para casa. A aventura, que povoava tantas cabecinhas, deu errado e felizmente, foi resolvida pela pronta ação dos pais. O circo foi embora e a história acabou.
Muitos casos interessantes de paixões por artistas e de artistas que abandonaram o circo compuseram esse contexto, uns se realizando, outros não passando de sonhos e desilusões amorosas que dariam uma boa peça de teatro circense.
Hoje, o circo virou espetáculo grandioso de verdade. Mas não deve trazer a mesma alegria que os pequenos circos levavam às cidades pequenas. Quem sabe ainda exista por aí, em algum lugar, um circo erguendo suas lonas desbotadas, suas arquibancadas inseguras, seus picadeiros forrados de casca de arroz. E o público feliz, esquecidos de seus problemas, os olhos brilhando, as gargalhadas ressoando, a banda tocando. No maior espetáculo de todos os tempos. ( Texto escrito por ESTELA MARIA FERREIRA, leitora da FOLHA , extraído do página 2, espaço Dedo de Prosa, caderno FOLHA RURAL, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado, 18 de abril de 2015).
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