[icioOs sócios Rafel Moreno e Raphael Koyama tentam reduzir o desperdício de alimentos em estabelecimentos de Londrina por meio de aplicativo que criaram´ |
MIE FRANCINE CHIBA – Reportagem Local, Folha Economia, página 7, publicação 23 e 24/2²2019, jornal FOLHA DE LONDRINA
ECOFOOD conecta consumidores a refeições de qualidade em restaurantes que têm excedente de comida: objetivo é evitar que o alimento vá parar no lixo antes de cumprir seu papel
Quantas refeições você seria capaz de salvar do desperdício por mês? Por ano? Dois engenheiros civis de Londrina, cujas famílias atuam no ramo alimentício, tiveram uma ideia para reduzir esse problema. Raphael Koyma e Rafael Moreno desenvolveram um aplicativo que ajuda os estabelecimentos a venderem refeições que deixariam de ser consumidas e poderiam parar no lixo, o ECOFOOD. Por meio do app - disponível para Android e iOS – o consumidor adquire um voucher, que deve ser apresentado ao buscar a refeição no restaurante. Ao fazê-lo , ele estará adquirindo uma refeição a um preço mais acessível, e salvando uma porção de comida de qualidade do desperdício.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), no mundo, 1,3 bilhão de toneladas de alimento é desperdiçada ou se perde ao longo das cadeias produtivas de alimentos ao ano. Isso representa 30% de toda a comida produzida no mundo atualmente. Muito desse desperdício está nos buffets dos restaurantes, nas bancas dos hortifrútis ou nas vitrines de padarias e confeitarias, por exemplo. Todos os dias, esses tipos de estabelecimentos têm a difícil tarefa de oferecer qu9antidade e variedade de alimentos ao consumidor, correndo o risco de terminarem o dia com excedente de comida.
A família de Koyama é dona dos restaurantes Matsuri. Ele conta que o desperdício ficou mais evidente quando a família inaugurou o Matsuri Garden, que trabalha com buffet self-service. “Self service é um local que você tem que manter o buffet bonito. Mas qualquer lugar que você passar aqui em Londrina, no final do expediente, no último horário, vê que acaba sobrando um pouco de comida”, comenta o engenheiro.
Quando não é servido a funcionários e donos dos restaurantes, o alimento geralmente vai para o lixo. Então, por que não oferecer esse excedente aos consumidores, antes que ele tome esse destino? As refeições geralmente são entregues aos consumidores no final do expediente dos restaurantes – no final do almoço ou no final da janta em média com preços 50% mais baixos. “Não é nada diferente do que a pessoa consome no estabelecimento”, ressalta Koyama. “Aquele produto que está no ECOFOOD é o produto que seria oferecido naturalmente até o final do horário comercial, mas que, com o fim do expediente, tende a ficar na prateleira, na gôndola, no buffet”, continua. “A questão é que, depois das 13h30, os restaurantes já não têm mais um grande fluxo de pessoas. O que ele não vendeu ali, não vende mais e infelizmente é desperdiçado”, acrescenta Rafael Moreno.
A oferta de vouchers no aplicativo varia de acordo com o excedente que o estabelecimento possui no dia. E não é preciso ser um grande desperdiçador para usar a ferramenta, afirmam os sócios. “Até porque a gente, como um app que quer reduzir o desperdício, quer que o parceiro tenha essa consciência”, esclarece Koyama. Ele cita o caso de uma empresa de comida fit que oferece apenas dois vouchers de bolo aos sábados para que o produto não fique na vitrine até o estabelecimento reabrir na segunda-feira. “O que não vendem no sábado, até meio dia, ela (a dona), disponibiliza para as pessoas comerem porque o estabelecimento fecha no sábado e não vende na segunda o produto que ficou parado b fim da semana. FERRAMENTA BUSCA CONSCIENTIZAÇÃO
Casas de assados, churrascarias, frutarias, hotéis, padarias, pizzarias rodízio, restaurantes são exemplos de estabelecimentos que poderiam se beneficiar do aplicativo, diz Raphael Koyana, co-fundador da ECOFOOD. Hoje, já são cerca de 30 cadastrados. Com a ferramenta, os fundadores também esperam conscientizar os consumidores para o desperdício de comida e mostrar que cada um pode fazer sua parte no dia a dia.
Em seu perfil, o usuário pode ter ideia do quanto contribuiu para evitar o desperdício de comida no planeta através do número de refeições que já salvou, volume de comida que evitou de ser jogada no lixo e quantidade de gás carbônico que deixou de emitir ao comprar alimentos pelo aplicativo. “A gente quer que as pessoas passem a ter vivo nelas o sentimento de que conseguem contribuir com pouca coisa, mas que é muito nobre. Ela passa a enxergar que uma pequena ação no dia a dia faz uma grande diferença”, comenta Koyama.
“Hoje (quinta-feira)a gente está lançando o aplicativo em Londrina. Mas imagina esse aplicativo para milhões de pessoas no Brasil inteiro? Cada um salvando uma refeição que seria jogada fora. Isso tem representatividade”, conclui Rafael Moreno, co-fundador. (M.E.C).
‘NÃO PODE DEIXAR DE FALTAR, NEM SOBRAR’
Depois que a cozinha de Lourenço encerra o buffet do almoço, por volta das 14h, os funcionário comem e então o local é aberto para receber os portadores de vouchers do ECOFOOD. Nos primeiros dias foram oferecidos dois ou três. As marmitas são bem servidas, diz a sócia Rose Silva Freitas – com cerca de 600 g de ravióli, maminha, feijão, arroz, birô birô, por exemplo – e são vendidas a R$12,50. Para evitar o desperdício, o restaurante trabalha com um coach que orienta o estabelecimento em relação às melhores práticas. Mas mesmo assim, nem sempre é possível evitar o excedente. “Fazemos em média 60 kg de comida e costumamos receber mais de 200 pessoas. Mas, feriado, por exemplo, não tem jeito. Pode ser que a pessoa viaje e, quando se trabalha com self-service não pode deixar faltar, nem sobrar, porque é o meu lucro que está ali”, comenta a sócia.
No primeiro dia, o Pastel Mel disponibilizou no aplicativo cinco vouchers de marmitex médias , com cerca de 500g de comida do buffet a R$12, valor cerca de 40% mais barato que a marmitex executiva vendida normalmente no estabelecimento. Rose Furunchi, diretora geral do restaurante, afirma que o estabelecimento já estava fazendo estudos para evitar o desperdício de alimento do buffet. “Queira ou não, a gente tinha dificuldade de manter pouco alimento no final no buffet. As pessoas chegam querem qualidade e variedade. Por isso a gente tem que repor até determinado horário e não tem movimento suficiente para acabar com toda a comida. Deixamos para os funcionários no período da noite jantarem e ainda assim acabamos jogando muita coisa fora.” O aplicativo foi uma solução encontrada para o problema. A ideia, porém, é oferecer a menor quantidade possível de vouchers no aplicativo. “Quanto menos disponibilizar, melhor, porque quer dizer que não tem muRita comida sobrando. (M.E.C) FONTE: MIE FRANCINE CHIBA – Reportagem Local, Folha Economia, página 7, 23 e 24 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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