Crônica escrita por WALMOR MACCARINI, jornalista, publicaçao 2Q/01!2019 pelo jornal FOLHA DE LONDRINA, coluna ESPAÇO ABERTO, página 2
Nunca se falou tanto em homossexualismo como nestes tempos, e embora a maioria no Brasil – com base no que se ouve – ainda não aceite com naturalidade a relação de pessoas do mesmo sexo,, criou-se já um consenso de que é prudente não opinar publicamente a respeito. Esse tipo de relação existe desde o alvorecer da humanidade. No caso dos humanos (porque a homossexualidade também existe entre certos animais), lê-se da literatura sobre temas transcendentes que alguém que foi homem em sucessivas vidas anteriores, e que na existência atual nasça mulher, guarda na memória celular esse sentimento e tende a continuar com atração pela mulher. O mesmo se dá com quem viveu tantas vidas como mulher, portanto com atração pelo homem, mas renascendo homem aguarda a afeição antiga. Faz sentido. E não só com as relações afetivas, mas também com outras tendências e pendores.
Há quem aprecie dois homens se esmurrando nos ringues, mas se escandaliza se eles se beijam. Não sou tão vanguardista e ainda não me libertei plenamente de um certo preconceito, mas passei a compreender melhor essas relações depois do que li dos escritos citados. E, divagando sobre o tema, lembro-me que quando da celebração do aniversário de criação da República Democrática Alemã (a comunista) o líder soviético Leonid Brejnev beijou na boca, diante das autoridades presentes, o líder alemão Erich Honecker. Dez anos depois, outro chefe de Estado russo, Mickhail Gorbachev, repetiu o gesto, ao selar-se a queda do Muro de Berlim, beijando também na boca o mesmo Honecker. Porque na União Soviética o beijo fraternal entre os homens era um costume normal, e penso que ainda é. (Deixo aqui o registro de que algum tempo antes visitei a Alemanha, e por minha condição de jornalista, fui autorizado a transpor o muro e visitar o outro lado. E viria a entender a insensatez a existência daquele paredão de 150 quilômetros, a mesma reação que sinto agora com o propósito idêntico do presidente Donald Trump e construir um muro na divisa com o México. Tempo da intervenção militar no Brasil, essa visita ao setor comunista quase me custou a cadeia, no retorno).
A revolução cultural (ou contracultural) de 1968 e que gerou uma profunda mudança estética nas artes e nos costume, em todo o mundo, foi um fenômeno que abriu portas de libertação dos comportamentos humanos e que se reflete até os nossos dias. Eu visitava Chicago nesse ano e fui assistir ao festival de Woodstock, que se realizava no extenso Ravinia Park. Vi ali cem mil jovens acampados, com shows de bandas estridentes e os casais, inclusive adolescentes, entrando com sleep-bags para dormirem juntos. Aquele era um brado de liberdade da juventude norte-americana, como nunca ocorrera antes, e que se irradiaria em todos os países, Brasil incluído. Os pais não puderam conter essa onda avassaladora.
Enquanto isso, em São Francisco, berço da beatmnia, os hippies desfilavam pela extensa rua Haigs com seus trajes extravagantes, e os tabloides dirigidos a essa comunidade publicavam anúncios com propostas de encontros íntimos detalhando gostos e atributos pessoais. Eu também estava lá, e perguntei a meu guia se aquilo era permitido, e a resposta foi que a nação americana – inda hoje a mais democrática do mundo – preferia liberar essas licenciosidades do que ferir o princípio das liberdades individuais. Desde então vivenciei cens semelhantes.embora mais comportadas, em certos pontos da cidade de Tóquio e na Europa. O sexo livre, inclusive no Brasil, passou a ser permitido, e as casas de meretrício faliram. (FONTE: Crônica escrita por WALMOR MACCARINI, jornalista, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, segunda-feira. 28 de janeiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). * Os textos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opiniao@folhadelondrina.com.br
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