Rosane Araújo que recolhe material para os mosaicos nas caçambas de lixo, acredita que sua arte pode fazer alguma coisa pela cidade e pelas pessoas |
Transcrição da página 4, caderno FOLHA 2, 2 e 3 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA.
Rosane Araújo deixa sua marca artística em Londrina espalhando mosaicos em paredes, escadarias e até postes do Calçadão ( NATÁLIA PEREZIN – Estagiária. Supervisão CÉLIA MUSILLI, Editora da Folha 2, 2 e 3/2/2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA.
Quem anda pelas ruas mais movimentadas de Londrina certamente passou por mosaicos colados em postes e muros, mesmo sem perceber.
Na barragem do Lago Igapó ou o Zerão, as pequenas peças coloridas marcam presença na cidade. Estamos acostumados a perceber a arte de rua como o grafite ou cartazes, mas o mosaico também pode marcar o meio urbano. Muitas vezes não conhecemos os autores das obras, ainda que elas tenham uma pequena assinatura.
A artista Rosane Araújo passou a assinar seus mosaicos há pouco tempo, esmo tendo começado a trabalhar com essa arte em 2011. Ela já colocou suas obras em vários lugares de Londrina: paredes, escadarias, postes, mesas e bancos nas praças, entre outros. A maioria de suas obras, todas coloridas, retratam animais, em especial os gatos e peixes, além das flores. Sua inspiração inicial, porém, foram as mandalas e a liberdade de combinar cores, formas e estilos.
Ela começou seu trabalho na Vila Portuguesa, onde montou um ateliê gratuito para dar aula de arte para as crianças. “Como a arte mudou minha vida, eu acho que ela muda a vida de qualquer um”, disse. Depois suas obras estenderam-se por outras regiões da cidade.
A escadaria decorada no Zerão foi finalizada em março do ano passado e Rosane levou seis meses para fazer. Durante esse tempo, a artista fez muitas amizades com as pessoas que passavam por lá. Muitas vezes ela foi insultada enquanto fazia seu trabalho e acha que algumas pessoas não entendem nem procuram saber mais sobre o tipo de arte que ela faz e como pode deixar a cidade mais bonita. Apesar disso, a maioria das reações vem de admiradores. “Quase todo mundo elogia e os mosaicos são muito bem aceitos”, diz.
Sobre suas intenções, Rosane não hesita em falar sobre seu desejo em colorir o cotidiano das pessoas. “Eu acho a vida bastante pesada, a minha arte é uma forma de fazer algo pelos outros”, e também acha que isso pode fazer as pessoas levantarem os olhos – ela coloca a maioria dos seus mosaicos a 1,60m de altura porque um dia viu na televisão que é a altura média das mulheres brasileiras.
A arte sempre foi presente na vida de Rosane: desde criança desenha e hoje trabalha em um ateliê, produzindo telas e cerâmicas. Para ela a arte é alimentadora: ela começa um desenho sem finalizá-lo. Cada vez que passa por ele, desenha um pouco mais e isso a preenche. “A arte salva. Salva de algo, do quê, eu não sei”, afirma Rosane.
90% dos materiais que usa para fazer os mosaicos são de caçamba de lixo. Rosane diz que se acha legal, pega. Em sua casa, ela faz o desenho em uma tela e lá cola as placas. Quando chega no local escolhido, ela apenas transfere o mosaico, já pronto. Essa técnica facilita o trabalho dela e reduz o tempo de produção. Ela pega os azulejos inteiros e os corta com um torquês e uma riscadeira para que saiam as formas que ela deseja.
Rosane não pretende parar de espalhar sua arte pela cidade. “Eu tenho planos de fazer arte enquanto tiver condições de fazer. Enquanto tiver condições físicas vou ser artista”.
O mosaico, ou Arte Mosaica, é uma arte decorativa que utiliza colagem próxima de pequenas peças – que podem ser de materiais, formato e cores diferentes – para formar uma grande figura. Em todo o Brasil este tipo de arte está presente de alguma forma. A Escadaria Selarón, oficialmente conhecida como Rua Manuel Carneiro, no Rio de Janeiro, é um dos mais conhecidos lugares desse tipo e virou um ponto turístico na cidade por conta dos mosaicos em seus 215 degraus. O artista plástico Jorge Selarón começou a obra no início dos anos 1990, com o objetivo de restaurar a escadaria e usou mais de dois mil azulejos coloridos que hoje atraem turistas e todo o mundo. (FONTE: NATÁLIA PEREZIN, estagiária, *Supervisão CÉLIA MUSILLI, Editora da Folha 2, página 4, caderno FOLHA 2, 2 e 3 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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