Editorial do jornal FOLHA DE LONDRINA, 11/2/2019, página 2, coluna OPINIÃO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA
Não é novidade que o brasileiro é perdulário com a compra e aproveitamento de alimentos. Mas agora surge um novo retrato do desperdício na cozinha do País. Segundo a pesquisa do projeto Diálogos Setoriais União Europeia-Brasil, da Embrapa, realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), o brasileiro joga fora mais de 40 kg de comida por ano. Apesar de todas as mudanças comportamentais que o mundo vem passando, por aqui ainda impera a cultura ultrapassada do “antes sobrar do que faltar”. É a chamada valorização da abundância levando para o lixo uma grande riqueza.
A classe social não determina onde está o desperdício, conforme mostra o estudo. De uma maneira geral, o esbanjamento de comida está tanto nas mesas dos ricos quanto dos pobres.
A FGV e a Embrapa quiseram entender as principais causas do desperdício, considerando as sobras de alimentos em pratos, panelas ou armazenados na geladeira. Mais da metade (53%) dos entrevistados disse que cozinha quantidades acima do necessário.
Os pesquisadores descobriram também que a dupla arroz e feijão vem em primeiro lugar, representando aproximadamente 36% do volume de alimentos que vão para o lixo. Na sequência aparecem as carnes (bovina e frangos) com 35%.
Segundo o estudo, as famílias erram desde o momento de ir ao supermercado. Não fazem lista e compram por impulso – muitas vezes o que já tem em casa.
Na União Europeia, o desperdício de alimentos chega a 88 milhões de toneladas por ano. O tema tem chamado tanta atenção que foi incorporado à Agenda 2030 pelo ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável), da Organização das Nações Unidas, colocando como meta diminuir a quantidade de comida que é jogada fora. Lembrando que o problema não afeta só o bolso da população, mas também o meio ambiente. É preciso considerar que a produção de alimentos utiliza recursos naturais essenciais, como a água e contribui para aumentar o efeito estufa. (FONTE: EDITORIAL DO JORNAL FOLHA DE LONDRINA, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019, página 2, coluna Opinião).
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