Crônica escrita por PAULO BRIGUET, coluna AVENIDA PARANÁ, página 8, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA
1 – Quando o Pedro tinha dois anos, viu o nosso atual prefeito Marcelo Belinati na televisão, de camisa rosa. Fã do Marcelo, ele fez o seguinte comentário: Macelu Biinati mulherzinha!”. Jamais havíamos ensinado isso ao Pedro É óbvio que o uso da cor da rosa não fere a masculinidade de nenhum homem, assim como a cor azul não fere a feminilidade de nenhuma mulher. É óbvio que todo homem tem peças de cor rosa no guarda-roupa; eu tenho várias. Mas até uma criança de dois anos entende que a cor rosa simboliza o sexo feminino, assim como o verde simboliza a esperança e o branco simboliza a paz. É constrangedor ter que explicar algo tão simples a pessoas instruídas. É triste ter que explicar que o rosa e o azul são símbolos contra a ideologia de gênero.
2 – Para a esquerda brasileira, dizer que menina veste rosa e que menino veste azul é um escândalo, mas fazer um contrato de R$ 45 milhões para a criação de uma “criptomoeda indígena” é perfeitamente normal. Parabéns à ministra Damares Alves pela fala e pela suspensão do contrato. O Brasil precisa deixar de ser o país onde o óbvio é escândalo e onde o escândalo é óbvio.
3 – Frequentemente os conservadores cristãos são chamados de “fundamentalistas” pela esquerda. Ora, a definição técnica de fundamentalismo, segundo o grande Eric Voegelin, vem a ser a crença absoluta na validade literal das palavras escritas ou faladas. Para o fundamentalista, não existem símbolos nem nuances de sentido nas imagens verbais. Portanto, quem tomou ao pé da letra a frase de Damares Alves sobre os meninos de azul e as meninas de rosa está agindo como um perfeito fundamentalista religioso. Mais uma vez, vale a máxima leninista: “Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é”.
4 – De tudo o que se escreveu sobre “a polêmica do azul e rosa” , destaco três comentários lúcidos: O primeiro é do escritor Aguinaldo Silva, célebre autor de telenovelas: “Venderam a Ministra Damares Alves como uma espécie de ‘maluquete xiita’ e ontem ela provou que na verdade é outra coisa: uma mulher conservadora, sim. Mas sensata, convencida do que diz, preparadíssima e disposta a fortalecer os vínculos na célula mater da sociedade, que é a família”.
5 – O segundo comentário é da juíza Ludmila Lins Grilo: “Não devemos deixar de usar figuras de linguagem apenas porque alguns não são capazes de compreendê-las. Isso seria rebaixar a riqueza de nossa língua, amputando-a apenas para atender à inépcia de apedeutas, quando eles é que deveriam ascender a um patamar superior de compreensão.
6 – O terceiro comentário é do advogado Taiguara Sousa: “Os militantes não conseguem distinguir entre uma figura de linguagem e o sentido literal das palavras. Perderam essa capacidade, para a qual nunca foram treinados na alfabetização paulofreireana, focada que é na formação de militantes e não de seres humanos com capacidade de fala, leitura e escrita – de comunicar-se como gente, enfim”
7 – Eu moro no Brasil, um país em que os meninos vestem azul, as meninas vestem rosa e o povo veste verde-amarelo. (FONTE: Crônica escrita pelo jornalista PAULO BRIGUET, (fale com o colunista: avenidaparna@folhadelondrina.com.br) página 8, coluna AVENIDA PARANÁ, 5 e 6 de janeiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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