Transcrição do Editorial do jornal FOLHA DE LONDRINA do dia 22 de outubro de 2019
A identificação e interrupção de um esquema de corrupção é uma grande vitória para a sociedade, principalmente quando os responsáveis pelo crime são punidos conforme a lei. Mas o cidadão tem a percepção de que foi feita a justiça quando o recurso desviado – ou pelo menos parte dele – volta para a comunidade, ressarcindo os cofres públicos.
É o caso da devolução de R$ 365 milhões por parte da concessionária de rodovias CCR Rodonorte, por meio de um acordo de leniência firmado junto ao Ministério Público Federal do Estado. Nesta segunda-feira (21), o governador Ratinho Junior anunciou as 12 obras que serão executadas com os recursos devolvidos pela empresa.
Todas as melhorias serão na região entre Curitiba e Apucarana, passando pelos Campos Gerais, com 30 quilômetros de duplicações viárias e oito interseções de nível, com viadutos, trincheiras e passagens. A lista completa pode ser vista na edição desta terça-feira (22), no caderno de Economia.
A Rodonorte foi alvo da Operação Integração em março deste ano e reconheceu que houve corrupção, lavagem de dinheiro e pagamento de propinas a agente públicos desde 2000, para conseguir mudanças contratuais que beneficiassem a empresa. Outras cinco concessionarias que atuam no Anel de Integração do Paraná também são alvos da mesma investigação.
A empresa pagará um total de R$ 750 milhões, divididos em R$ 365 milhões de execução de obras, R$ 350 milhões para redução e, 30% da tarifa de todas as praças de pedágio que opera e R$ 35 milhões em multa.
Os pontos que receberão as obras foram escolhidos conforme levantamento realizado pelas polícias rodoviária Federal e Estadual, levando em consideração a segurança de motoristas e pedestres, o fluxo de veículos e a mobilidade. Alguns dos trechos têm altos índices de mortes por atropelamento. As obras devem ficar prontas até o fim do contrato com as concessionárias, em novembro de 2021.
Frequentemente são noticiadas operações policiais que apuram desvio de dinheiro, prisões, delações e acordos de leniência. Mas é importante que a sociedade conheça o desfecho desses casos e saiba onde está aplicado o dinheiro apurado da corrupção, até mesmo para que o cidadão cumpra o papel de fiscalizar o uso dos recursos públicos.
Muitos defendem que o dinheiro de corrupção recuperado deve ser destinado a instituições que combatem esse tipo de crime. Mas hoje, a situação financeira de muitos Estados pede atenção à áreas básicas, como saúde, educação e infraestrutura. Dessa maneira é possível mudar a ideia de que no Brasil a corrupção é um crime que compensa.
Obrigado por acompanhar a FOLHA. (FONTE): Editorial do jornal FOLHA DE LONDRINA, terça-feira, 22 de outubro de 2019, página 2, FOLHA OPINIÃO, opiniao@folhadelondrina.com.br).
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