Eu cresci ouvindo música sertaneja. Mineiros, meus pais vieram para o Paraná
construir a vida e fizeram o favor de me apresentar a Tonico e Tinoco, Inezita
Barroso, Cascatinha e Inhana, e às modas de Tião Carreiro e Pardinho – o chamado
sertanejo raiz. Nesse meio, outros nomes inesquecíveis, como Irmãs Galvão e Trio Parada Dura. Sei boa parte das músicas
de cor e, naturalmente, me interessei pela evolução do ritmo.
No começo, cantava-se a terra, a vida na
roça, a saudade do campo. O amor perdido e impossível também eram temas comuns. O gênero evoluiu musicalmente, a viola ganhou a
companhia de outros instrumentos e o
modo de cantar deixou de ser em uníssono, adotando o esquema de primeira e
segunda voz. Milionário e José Rico foram os
principais responsáveis por essa
migração, seguidos por uma legião de duplas, como Matogrosso e Mathias, Cezar e
Paulinho, Joaquim e Manoel, entre outros.
O marco seguinte foi Fio de Cabelo, de Chitãozinho e Xororó, que estourou em 1982, abrindo as portas para tantas outras duplas já na ativa, como Christian e Ralf, João Mineiro e Marciano, Leandro e Leonardo, Chico Rey e Paraná, Zezé Di Camargo e Luciano. O sertanejo romântico cantou o sentimento das mais variadas formas. Música simples, diziam os admiradores, música brega, taxavam os estudados.
Em comum, esses dois momentos da música sertaneja tinham sentimentos nobres como matéria e davam voz a um sem número de brasileiros em versos como: “ Hás tempo eu fiz um ranchinho/ Pra minha cabocla morá/ Pois era ali nosso ninho/ Bem longe desse lugá. “ De que me adianta viver na cidade/ Se a felicidade não me acompanhar/ Adeus, Paulistinha do meu coração/ Lá pro meu sertão, eu quero voltar”. “No rancho fundo/ bem pra lá do fim do mundo/ Onde a dor e a saudade contam coisas da cidade”.
O marco seguinte foi Fio de Cabelo, de Chitãozinho e Xororó, que estourou em 1982, abrindo as portas para tantas outras duplas já na ativa, como Christian e Ralf, João Mineiro e Marciano, Leandro e Leonardo, Chico Rey e Paraná, Zezé Di Camargo e Luciano. O sertanejo romântico cantou o sentimento das mais variadas formas. Música simples, diziam os admiradores, música brega, taxavam os estudados.
Em comum, esses dois momentos da música sertaneja tinham sentimentos nobres como matéria e davam voz a um sem número de brasileiros em versos como: “ Hás tempo eu fiz um ranchinho/ Pra minha cabocla morá/ Pois era ali nosso ninho/ Bem longe desse lugá. “ De que me adianta viver na cidade/ Se a felicidade não me acompanhar/ Adeus, Paulistinha do meu coração/ Lá pro meu sertão, eu quero voltar”. “No rancho fundo/ bem pra lá do fim do mundo/ Onde a dor e a saudade contam coisas da cidade”.
Mas hoje, o tal sertanejo universitário
matou toda essa pureza, difundindo a bebedeira, a pegação, a ostentação de
tantos outros desagradáveis “aõs” em letras certamente rejeitadas pelos verdadeiros sertanejos. Exemplos: “ Gatinha assanhada, cê
tá querendo o quê? / “Vishe, perfeito!/ Foi tapa na
bunda/ Na cara, puxão de cabelo/ Na cama, no chão e no banheiro/ Foi daquele
jeito!”. “É toda sexy, i Love you cat/ Vou te levar pro meu duplex/ Se tem
jontex , então relax / Prazer gatinha, me chamo Rex”.
É triste para quem tem alguma ligação com o sertanejo ouvir letras como essa, sem qualquer intenção de elevar quem as ouve. Tonico e Tinoco devem se revirar nos túmulos. Quer dizer, acho que não, eles eram puro demais. Nem entenderiam isso. ( Texto de CECÍLIA FRANÇA, jornalista na FOLHA, extraído do espaço DEDO DE PROSA, pag. 2, FOLHA RURAL, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA , sábado, 10 de janeiro de 2015).
É triste para quem tem alguma ligação com o sertanejo ouvir letras como essa, sem qualquer intenção de elevar quem as ouve. Tonico e Tinoco devem se revirar nos túmulos. Quer dizer, acho que não, eles eram puro demais. Nem entenderiam isso. ( Texto de CECÍLIA FRANÇA, jornalista na FOLHA, extraído do espaço DEDO DE PROSA, pag. 2, FOLHA RURAL, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA , sábado, 10 de janeiro de 2015).
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