PALMEIRA real não tem a altura da imperial mas também não é
fina como palmito. Plantamos meia dúzia rente ao muro da frente, e agora a mais
robusta e alta delas soltou seu cacho de flores. Gente pare, plantas florem,
mas crianças choram, flores perfumam.
BRANQUINHA sumiu de novo, decerto escapando pelo portão eletrônico
quando alguém saiu de carro. Mas desta vez voltou logo. Bravo latiu. Dalva falou “será que é ela?”, e era, toda serelepe,
chispando para dentro quando abri o
portãozinho ,e ela foi esconder a culpa
atrás de um arbusto. Depois chegou-se manhosa, o rabo mal abanando, até receber o primeiro carinho e
tornar-se a Branquinha de sempre , mais saltitante e feliz que bicho de desenho
animado. Agora temos de olhar bem quando saímos com carro, para ver se ela não
sai atrás, esperta que só. Deve ter saudade da rua, onde viveu antes de ser
adotada. E voltou meio marronzinha , demos banho, voltou a ser branquinha.
BRAVO, cada dia mais velho (só
ele?), só quer saber de descansar. Passa os dias deitado, mas basta alguém
esticar o braço para tocar a campainha , ele já está correndo e latindo até o
portão. Deve ter uma sensibilidade auditiva extraordinária. Rojão espouca longe,
ele corre para dentro de casa. Coriscos
ainda no horizonte, mal a gente ouve os trovões, mas ele já está de rabo baixo
e enfiado debaixo da mesa. Se aqui houvesse terremotos, Bravo decerto seria o primeiro a saber.
RECEITA de bifão de pernil em
chapa grossa. Pode ter até dois dedos de grossura. Deixe esquentar bem a chapa,
só então unte com manteiga ou azeite. Deite o bifão, cubra com tampa de panela,
fogo médio. Salgue só quando virar, podendo também temperar com pimenta-do-reino
ou/ mostarda em grãos moída ou com o que
quiser. Volte a tampar, deixe assar bem, depois é só destampar e comer. Não
fica ressecada e gasta-se muito menos gás e tempo do que se fosse no forno.
ACEROLEIRA, plantada há um ano,
já dá sua primeira carga. Tínhamos um pé de acerolas, que cortamos porque ninguém
comia nem colhia, e também receosos pelos netinhos, pois os galhos e folhas,quando
a gente colhe sem cuidado, dão uma coceira danada nos braços. Agora colhemos, guardamos na
geladeira e vamos fazendo suco com laranja e mamão, que delícia ( mas é preciso
coar, a vida é assim, né, a delícia sempre vem junto com trabalho. E os netos já tem idade para aceitar o conselho e não trepar na
aceroleira, até porque há tempos elegeram o caquizeiro como astronave. A vida
muda, a gente muda, ou lembrando John Lennon , que disse “o sonho acabou”. Pesadelos passam, ora/ tudo
é bom, John/ ora tudo melhora “.
LIXO de cozinha, que enterramos
aqui e ali como adubo, ressurge como pés de tomate, de abóboras e melancias. As
sementes se recusam a morrer. Gente se recusa a não sonhar. Eu sonhava com o
dia que a laranjeira-lima daria suas
primeiras frutas. Deu. Agora é só esperar amadurecer. Deus, obrigado.
POEMINHO: Quem planta pode esperar / quem sonha pode alcançar / esperança
é fruta / que se come desde já. ( Escrito por DOMINGOS PELLEGRINI d.pellegrini@sercomtel.com.br publicado no JORNAL DE LONDRINA, domingo, 23
de novembro de 2014)
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