Publicação na FOLHA SAÚDE, jornal FOLHA DE LONDRINA, página 9, segunda-feira, 12 de agosto DE 2019, Texto escrito pelo psicanalista SYLVIO DO AMARAL SCHREINER.
Há uma frase do escritor Oscar Wilde interessante para pensarmos sobre como as transformações nos fazem ser pessoas diferentes ao longo da vida. A frase diz: Desculpe, mas não reconheci você, eu mudei muito! Geralmente, quando não reconhecemos alguém pensamos que a outra pessoa mudou e por estar diferente fica irreconhecível. Porém, esta frase espirituosa nos mostra que, às vezes, nós mudamos e aquilo qu antes era tão conhecido já não o é mais.
Coisas que antes pareciam nos divertir e fazer sentido no passado uma hora não faz mais sentido algum. Desejos que antigamente pareciam ser tão importantes podem evaporar e dar espaço para outros. Estamos sempre em mutação e isso é bom, porque somente o que está vivo pode mudar e evoluir. O que está morto não muda nunca.
Assim como interesses e desejos mudam no decorrer da vida, os relacionamentos também. Casamentos e algumas amizades também podem sofrer algumas transformações. Muitas uniões terminam porque um ou dois mudaram a tal ponto que aquela união não traz mais sentido. Sim, isso acontece. Pode ser que as transformações levem um a não mais reconhecer o outro.
Mudanças de carreira também são possíveis. Há gente que sempre se dedicou e investiu uma dada carreira, até com sucesso, mas chega um momento em que as transformações internas as fazem tomar outro rumo, surpreendendo ela mesma e pessoas próximas.
Enquanto estamos vivos e nos envolvendo com a vida nós aprendemos e são justamente estas aprendizagens que nos transformam. Quanto mais vivemos mais iremos nos transformar.
O contrário, ou seja, não se permitir aprender com as experiências da vida – deixa as pessoas estancadas, sem nunca se transformar e, por isso, presas às suas mesmas coisas. São pessoas que estão sempre a reclamar da vida e que possuem uma visão extremamente negativa sobre tudo e todos. Creem já saber tudo e tornam-se arrogantes e chatas. Em outras palavras, são pessoas que não mudam e, se mudam, é tão pouco que se torna imperceptível. Estão biologicamente vivas porque andam, comem e funcionam, mas não vivem verdadeiramente.
Daqui a alguns anos se você as encontrar elas estarão na mesma, com as mesmas ideias e pensamentos, sem nenhuma mudança. A elas sempre se reconhece. (FONTE; Texto escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, coluna MUNDO VIVO, FOLHA SAÚDE, segunda-feira, 12 de agosto de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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