No último verão passei uns dias no
sítio de um amigo na região de Tamarana, quase na beira do rio Apucaraninha.
Mal deu tempo de chegar ao lugar e caiu uma tromba d’água. Eta chuva abençoada
, pois fazia tempo que não chovia no Norte do Paraná . Fiquei admirando a
chuva, sentindo o cheiro da terra molhada, até que a dona da casa chamou,
avisando que a boia já estava servida. Só de contar dá água na boca: galinha
caipira com quiabo e polenta, além de
uma boa porção de alho frito.
Depois do almoço ficamos um tempo conversando e bebendo um
gostoso café, feito no coador de pano. No final da tarde fomos pescar traíras
numa das lagoas do sítio. Pegamos o
suficiente para garantir a janta, deixando bastante peixe para a próxima pescaria. Nesse momento
começava a escurecer e foi então que observei que lá não havia tanto vaga-lume
como em outros tempos, apesar de estarmos num brejo, lugar preferido desses
insetos.
Aquilo me causou tristeza e preocupação.
Os vaga-lumes também conhecidos por pirilampos, fizeram parte de muitas brincadeiras
de minha infância, pois costumava colocá-los dentro de garrafas escuras
para vê-los piscar à noite ou esfregava-os nas minhas roupas para que elas
ficassem com traços brilhantes. O efeito
era maravilhoso, mas acho que isso hoje seria considerado um crime ambiental.
Recordo ainda de ter visto, quando criança, árvores cobertas por centenas de
vaga-lumes e de perseguir os fachos de luz que eles emitiam quando passavam
voando perto da gente.
Enquanto o amigo terminava de limpar os peixes e ajeitava os apetrechos
da pesca, fiquei pensando sobre aqueles bichinhos , que são parentes próximos
dos besouros e das joaninhas. Lembrei
que o meu filho tinha pesquisado isso n
universidade e havia me dito que vaga - lumes são insetos alados,
possuem uma enzima conhecida por luciferase e uma proteína chamada luciferina, que
produz uma luz fria (bioluminescência) usada para acasalar ou para avisar o grupo
que tem predadores por perto. Eles se alimentam de néctar, pólen, vegetais e de outros insetos, mas podem estar entrando
em risco de extinção devido ao desmatamento, ao uso excessivo de inseticidas na
lavoura e à forte iluminação artificial das cidades.
Estava pensativo e distante, por isso ao reparei que o compadre já tinha colocado
os peixes Np embornal e me olhava de
modo esquisito. Então perguntei: “Cido, cadê os vaga-lumes? Ele disse: “Não sei não, mas deve de tá piscando por aí, onde ainda resta um capão de
mata. É pena, mas nos últimos anos
não se vê mais esse bicho por aqui”. (
Texto escrito por GERSON ANTONIO MELATTI
e DANIEL FRANCISQUINI MELATTI, que são leitores da FOLHA. Extraído do espaço DEDO DE PROSA, da FOLHA RURAL, sábado 28 de Junho de 2014,
do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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