Poucas vezes na história um governo teve uma pauta tão obrigatória quanto a que ora pressiona a gestão do presidente da República Michel Temer.
A despeito da indiferença e até da má vontade de setores da sociedade brasileira que, por um motivo ou por outro, ainda não se atentaram para a dimensão da gravíssima crise do governo central – a dívida pública cresceu 159,7% em apenas um ano (comparação entre os meses de Julho de 2015 e 2016), a maioria dos brasileiros deposita suas esperanças em ações enérgicas e inadiáveis para interromper esta ruína financeira, uma máquina que despeja pessimismo no tabuleiro da economia .
O Brasil tem pressa. Muito mais pressa tem ainda os 12 milhões de desempregados, hoje sem ocupação e perspectiva. Eles dependem em grande medida de um novo ambiente econômico que só começará a surgir a partir das reformas postergadas por tanto tempo.
Não é possível aceitar desta vez a tradicional procrastinação de votações importantes no Congresso durante as campanhas eleitorais ou qualquer outro tipo de travamento político de matérias importantes como as reformas trabalhista e previdenciária, os primeiros passos de uma reestruturação da nossa base econômica. Sim, tais alterações devem ser discutidas com todos os envolvidos, mas com a celeridade que as circunstâncias exigem. A famosa prática de “empurrar com a barriga” não faz mais o mínimo sentido.
É também importante destacar que o debate é desafiador e não pode resultar em mudanças apenas parciais, o que compromete a efetividade deste conjunto de medidas médio prazo.
O primeiro duelo deste embate entre a mudança ou a espera que a solução cai do céu – como uma providência divina – deve ser a votação nas próximas semanas da PEC 241, que limita as despesas primárias da União a partir de 2017 ao que foi gasto no ano anterior, corrigido pela inflação (a despesa primária cresceu, em média, 6% acima da inflação entre 2008 e 2015). Se esta matéria passar, será um ótimo sinal. Caso contrário...
Uma coisa é certa: a roda da economia tem que voltar a girar para o bem do governo, do empresariado e do trabalhador. O primeiro terá ganho de arrecadação, o segundo terá mais faturamento e lucro, enquanto o terceiro terá à disposição um mercado de trabalho mais robusto para se inserir e prosperar. Porém, não esqueçamos, o combustível para isso será a confiança do mercado.
Os congressistas devem se conscientizar que simples troca de comando no Executivo não é suficiente para vivermos dias melhores. Eles só virão se o mercado entender que estamos avançando com um ajuste de rumo, fundamentado na austeridade e na eficiência nos gastos públicos, além das novas regras saneadoras impostas pelas reformas.
Por outro lado, os cidadãos têm o papel crucial de pressionar seus representantes no Parlamento para que eles não abandonem a pauta de vocação por causa dos seus próprios interesses eleitorais .
Assim como foram sensíveis às súplicas contra a corrupção, deputados e senadores devem prosseguir ouvindo os pleitos da sociedade para escaparmos do colapso.
Que o Congresso entenda a mensagem: mais do que nunca, a prioridade é o Brasil. ( CLAUDIO TEDESCHI, presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quarta-feira. 21 de setembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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