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terça-feira, 14 de junho de 2016

EU ESTUDARA O MAIS-QUE-PERFEITO


   Quando o assunto é verbo, os estudantes   brasileiros costumam não ter muita dificuldade na prática, já que utilizam verbos desde que aprenderam a falar. Aliás, toda criança, quando começa a falar, já vai, intuitivamente, percebendo a diferença entre os tempos ( “bebo” e “bebi”, por exemplo, e até mesmo entre verbos regulares e irregulares (ela aprende que “fazer” não fica “fazi , assim como “bebi” ou “comi”).
   Já na teoria, o nível de complexidade é maior. Saber o nome   de todos os tempos verbais é um ponto que depende de estudo e, algumas vezes, de “decoreba”. Com a conjugação completa não é diferente. Como vimos na semana passada, por exemplo, a conjugação de um verbo na segunda pessoa do plural (vós) pode ser um problema para muita gente. Podemos dizer o mesmo a respeito de alguns tempos verbais, menos utilizados que outros, e que podem, em alguns casos, causar confusão a respeito de sua conjugação ou uso. 
   Entre esses últimos casos, talvez o mais problemático seja o mais-que-perfeito do indicativo, pouco usado na língua falada do dia a dia, mas, por isso mesmo, frequentemente cobrado em vestibulares e concursos. Entretanto, trata-se de um tempo simples, que não deveria ser tão assustador assim. Vamos ver:
   Inicialmente, para que serve esse tempo? Bem, o pretérito mais-que-perfeito indica a ação concluída antes de outra ação ser concluída. ( por isso ele MAIS-que perfeito). Por exemplo: Se você telefonou para alguém às oito horas, mas a pessoa saiu de casa às sete, poderíamos dizer que quando você ligou, essa pessoa já SAÍRA de casa. Ou então você poderia , ao ler sobre este assunto aqui, dizer que já o ESTUDARA antes. 
   Agora você deve estar pensando que normalmente não fala assim. E é verdade. O pretérito mais-que-perfeito soa meio estranho às vezes simplesmente porque nós, brasileiros, costumamos ter preferência pela forma composta. Ou seja, em vez de dizer que ela SAÍRA ou que eu ESTUDARA, acabamos usar “TINHA SAÍDO” e “TINHA ESTUDADO” ou, de maneira mais formal “HAVIA SAÍDO” e “HAVIA ESTUDADO”. Percebeu como assim fica mais familiar? 
   Na prática, não há problema nenhum em usar essa forma composta em lugar da forma simples, mas é fundamental conhecê-la bem , pois não é exclusividade de vestibulares e outras provas. É comum encontrar esse tempo em qualquer tipo de texto mais formal, inclusive em jornalísticos, (tenho certeza de que, se você ler a edição de hoje da Folha de cabo a rabo, encontrará vários exemplos). 
   A conjugação em si é fácil, como você pode observar pelo exemplo abaixo, com o verbo estudar: 
   EU ESTUDARA
   TU ESTUDARAS
   ELE ESTUDARA
   NÓS ESTUDÁRAMOS
   VÓS ESTUDÁREIS
   ELES ESTUDARAM
   Tome cuidado: algumas pessoas confundem esse tempo verbal com outros, por falta de atenção ou por uma semelhança que realmente existe. Por exemplo, a terceira pessoa do plural ( ESTUDARAM) é idêntica à mesma pessoa do pretérito perfeito. Então, é necessário diferenciar os temos pelo contexto. Outra confusão que sempre observo é com o futuro do presente do indicativo, principalmente na segunda e terceira pessoas do singular (ESTUDARAS e ESTUDARA), mas aí já é uma dupla falta de atenção: com a grafia, já que no futuro estas formas têm acento (ESTUDARÁS e ESTUDARÁ) e com o próprio contexto, já que são tempos praticamente opostos (o passado mais remoto e o futuro).
   Na dúvida, consulte seu professor ou um bom dicionário. Ou envie um e-mail para nós.
   Até a próxima terça! ( FLAVIANO LOPES – Professor de Português e Espanhol. Encaminhe as suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gmail.com página 5, caderno FOLHA 2, espaço coluna BEM DITO, terça-feira, 14 de junho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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