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terça-feira, 19 de novembro de 2013

UM POUCO MAIS DE MIM



Fui professor de quinta até a oitava série do curso fundamental. Aposentaram-me antes da época normal devido a mobilidade reduzida, proveniente de artrose generalizada. Isto em 1994. Morando sozinho e amante das letras e de músicas, assim preenchia o tempo . Postava-me em minha janela e ficava observando as pessoas, como escrevi em Januária de londrina. As pessoas mais próximas me aconselhavam a escrever minhas memórias. Relutei muito. Tive uma infância não muito agradável. Ora estava no hospital e voltava com as pernas engessadas, ora em tratamento de saúde. Perdia os sentidos durante ou após as refeições- 2 ou 3 minutos Nos anais da medicina meu problema era desconhecido. Quando fizer o relato de minhas lembranças , contarei a graça que mamãe e eu alcançamos. Tinha eu na época 15 anos. Mas minha grande preocupação sempre foi a alienação cultural de uma grande maioria que nos cercava. Fui criado durante 40 anos num vilarejo com população urbana de 418 habitantes - minha amada Serra Morena, hoje Cruzeiro do Norte,Município de Uraí. Não havia água encanada, luz elétrica, não havia outro meio de locomoção a não ser uma linha férrea. É distante da estrada de rodagem, 6 quilômetros mais ou menos. Parece impossível, mas tenho grande saudade daquele tempo. Momentos inesquecíveis. No início do vilarejo, papai era a pessoa mais letrada e um ser humano maravilhoso. Adorava Serra Morena. Após seu falecimento, em 1968, devido a paralisação, ou funcionamento de seus rins, aquele nobre povo homenageando sua memória deu seu nome a uma instituição de ensino: “ Complexo Escolar Rubens Lucas Filgueiras. Desnecessário dizer que nossa gratidão será eterna. Minha infância, juventude e boa parte de minha fase de adulto, vivi ali. Preocupava-me ver aquela gente tão distante de bancos escolares e de mais atualização sobre a vida e o mundo. Hoje, aqui em Londrina, na era tecnológica , com uma gama imensa de informação gratuita nas redes sociais, tal fator ainda me preocupa. Novo tempo, nova estrutura familiar e social; uma mudança enorme no conceito e valores. Há uma juventude que muito nos envaidece e nos deixa mais confiantes, porém, uma parcela bastante considerável parece alheia ao que acontece ao seu redor. Compreendo com naturalidade o período de transição. Hoje estou com 73 anos cronológicos. O tempo é o tempo. Felizmente tenho “n” objetivos e se me for dado o direito, muito ainda tenho a aprender e hoje me sinto com o dever de compartilhar minhas experiências e meu ponto de vista. É como se o tempo não tivesse passado muito, pois meus amigos são, em sua maioria jovens e adolescentes. Muitos lêem meus escritos e quero aqui agradecer a todos. Perdão se fui severo demais com vocês. Obrigado pelo apoio e o não esquecimento. Professor-educador sente-se como segundo pai. Amo vocês. Mas do meu jeito!



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

JANÚARIA DE LONDRINA


Com tantos objetivos ainda a serem alcançados, já sexagenária, e convivendo com as limitações impostas por uma artrose generalizada, sua cabeça inquieta assemelha-se aos brinquedos da moderna tecnologia ; fica difícil focar e parar no ponto certo. O tempo urge. A vida se esvai num passe de mágica. A beleza da flor já não é a mesma. O viço se perde pouco a pouco, mas fica algo inatingível que a mantém em pé, lutando com seus “ senões “. Sente-se igual a flor “ sempre viva “ que vai secando mas conservando e ostentando seu interior- “vida”. É vaidosa, aprecia o belo, e o espelho deixou de ser seu companheiro inseparável. A sequência cronológica não afetou seu psiquismo. Vinda de família humilde, orgulha-se dos pais que lhe deram o que muitos não tiveram- “ amor “. Literalmente falando foi muito amada e compreendida, Recebeu ainda como herança o exemplo de vida honesta e íntegra – “ seu maior patrimônio “. Sua saúde sempre foi debilitada. Houve um bom período de calmaria e nele viveu um pouco. Apanhou mas aprendeu algumas lições, pois a vida é uma escola e dela sairemos sem o certificado de conclusão. Compreende melhor agora os versos de Gonzaguinha: “ Viver e não ter a vergonha de ser feliz, Cantar a alegria de ser um eterno aprendiz “. Hoje, impedida de caminhar livremente sem as bengalas, posta-se à janela do apartamento, no alto do 13 andar, qual Januária da canção de Chico Buarque de Holanda: “ Todo mundo homenageia Januária na janela... Quem madruga sempre encontra Januária na janela... “ Para Januária de Londrina, a janela é uma TV ao vivo. De lá ela vê as pessoas irem e virem do trabalho, dos passeios, das caminhadas e “ das morcegadas “. Em suas observações percebe a vida seu ciclo natural. Cenas do passado faz-se presente. Desperdício de tempo, pensa, ao constatar a inércia de algumas pessoas que, ao invés de caminharem ao encontro da felicidade, sentam-se e lhe parece lamuriarem as oportunidades perdidas. Não percebem que o relógio não pára e que o tempo perdido não volta mais. Mas Januária observa...medita...sonha... seu pensamento voa... Cansada, volta à rotina manquitolando, porém tentando encontrar uma fórmula ou forma de melhorar o mundo lá fora, e o seu também. Otimista, espera calma e pacientemente. Não cruza os braços nem venda os olhos... busca informações, conhecimentos. Anseia pela evolução da ciência e da tecnologia. Procura na terra e aguarda dos Céus. Só sabe que vai conseguir. Chegou o seu momento e agora também percebe que só valorizamos depois da perda; só se pede perdão depois do erro cometido; só vem o arrependimento depois que caiu a “ ficha “ mas... daí já era... Hoje Januária valoriza muito mais a vida. No seu entender o que podemos e devemos fazer diariamente é agradecer ao bom Deus, criador de tudo. ELE é realmente o grande arquiteto deste universo maravilhoso. E sendo bom Pai nos ama e nos quer felizes. Deu-nos tudo gratuitamente. Compete a cada um de nós nos descobrirmos e fazermos desta “ tela, que é o espaço de vida que temos,” nossa obra prima, única e inimitável. Obrigada Deus. Aceite minha humilde reverência. Januária de Londrina. ( José Roberto )


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Passando por aqui



Como o pêndulo de um relógio no seu vaivém  e tique-taque,  minhas lembranças divididas parecem brincar na gangorra rítmica do tempo.  A vontade de registrá-las parece conflitar com a presente sensação.  Passar no filtro do tempo , estampar na tela da memória situações de um passado vivido  por mim, as quais têm seu peso e valor só para mim , causa-me dificuldades. Uma é a fiel exposição dos fatos e a  outra é encontrar palavras com carga suficiente e,  mais uma de outras tantas,  é o receio da vulgaridade.  Ser original e autêntico  se faz  necessário e é meu intento, mas   nem  tudo deve ser dito , porque em nada acrescentaria,  somente acumularia os já tão conhecidos “ ensaios e erros”. Não é a preocupação com análise posterior,  não,  apenas um franzir de sobrancelhas;  quiçá  alguma semelhança como pano de fundo na trama do enredo.  No frigir dos ovos é tudo mais ou menos igual:  nascemos, crescemos – alguns – e morremos.  No palco deste teatro que é a vida, cada um é o autor e ator protagonista  de sua história-única. E o que mais me fascina é saber que não foi necessário curso de arte cênica, intuitivamente representamos  nosso(a) personagem  magistralmente, com desenvoltura e bossa próprias. Por analogia, para escrever o que pretendo é preciso retroceder no tempo. E percorrer caminhos conhecidos, fantasias vividas é  ao mesmo  tempo bom  e salutar, um pouco de saudosismo, mas  quem  é que não senta na cadeira do tempo na varanda das recordações,    hein?  Coisas mais sem significado para os demais, para mim,   massageiam aquela parte que parecia adormecida e as recordações se afloram. Então tenho eu a certeza de que jamais estaremos sós. Creio que ninguém  vai se sentir  isolado, abandonado tipo natureza morta.  As  recordações  nesse vaivém nos faz reviver,  e diz o adágio: “Recordar é viver “.  Retornando a ideia central acima interrompida por devaneio  saudosista  e de reflexão,  podemos ainda  avaliar nosso desenvolvimento ,   inclusive  no emocional.  Repentinamente chega o comando:  a ordem foi dada e eis – me  aqui  pronto a esboçar o registro de minhas lembranças do “Passando por aqui”.  O presente,  apesar dos pesares,  é por onde iniciarei,  ele se me configura melhor. E   o texto     Januária de Londrina “, foi escrito em 23 de Dezembro de 2002    ( José Roberto )



sábado, 9 de novembro de 2013

É A SETA

      
Com a postagem deste vídeo sobre a vida e obra de Irmã Dulce, lá da Bahia, abrindo o blog, você, ungida pelo Espírito Santo de Deus atingiu nossa alma, coração, mente e raciocínio lógico. Impossível não se emocionar , parar, refletir!... Independente de classe social, cultura e cor, a imagem e semelhança do Criador se fará mais presença em nós, após o exemplo do amor-cristão. Esta postagem retrata a exteriorização de seu interior humano caridoso e servil ao Senhor. Sutilmente este vídeo simboliza“ a seta “ É como se ele dissesse este é o caminho do Senhor . Não há ideologia que não se adéqüe ao conteúdo desta obra prima de um anjo que esteve entre nós. Peço a todos meus amigos para visitarem este blog: http//pedaçosdemim62.blogspot.com.br/ quase na certeza de que retornarão seguidas vezes ,pois os conteúdos são de grande valia. Se somos centelha do divino, melhor nos tornaremos, posto que beneficiados com o compartilhamento de seus artigos que só acrescentam . Precisamos e muito, de assuntos motivadores, interessantes, e de um astral que é amostragem do amor à vida, superação e continuísmo na bela trajetória da vida. Farei deste comentário, um pouco extenso, o próximo texto em meu blog. E o farei prazerosamente. Fica o lembrete: http//pedaçosdemim62.glogspot.com.br ( José Roberto )


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CANETA


Aqui estou eu novamente, papel e caneta na mão, coração apertado, um nó na garganta,  e olhos cheios d’água, dificultando-me vê-la deslizar, num caminho a mim desconhecido, a ela –quem sabe – tão familiar. Ou estará apenas solidarizando-se comigo, mostrando-me ser a  companhia amiga e fiel que sempre procurei: uma caneta. E faz sentido!     ( José Roberto )


                  

Caneta amiga e companheira de todos os momentos, as incertezas e os dissabores tecem as emoções e, num vazar incessante, as palavras –com o quem quer se libertar- surgem. Inspiração  dizem alguns, desabafo  digo eu que as pré-sinto.  Bem vindas sejam sempre!          ( José Roberto )



 CAMINHANDO

Caminhava despreocupadamente. Fui despertado por um alegre buzinar de carro. Não reconheci  momentaneamente. A distância impedia-me,

Surpresa, alegria, tristeza, saudade, remorso, arrependimento. A mesma pessoa, o mesmo olhar. Conversamos. Não muito.  Alguém estava a sua espera. Mesmo assim conversamos.

A mesma atenção, a mesma criatura, mas... a dúvida: houve reciprocidade de sentimentos? Fez-se o passado presente? Ó Deus, por que a interrupção? Por que o não seguimento consecutivo? O milagre não existe? Deus meu, enganei-me? Estou sendo enganado? Se assim o for, quisera eu o fim, mas... seja feita a Vossa vontade!         ( José Roberto )




quarta-feira, 6 de novembro de 2013

IMPACTO


O que é o primeiro impacto! Respirei fundo olhando a estátua de um deus grego fisicamente diante  de mim. E antes mesmo de agradecer pelo momento deixei meus olhos fartarem-se no encantamento. Santo Deus que é aquilo que vi? Será re
al ou fruto de uma viagem imaginária, um vislumbre, uma miragem. A natureza é maravilhosa e tenho de concordar com o poeta-compositor Vinícius  de Moraes quando diz:  escuta amigo, se é pra desfazer pra quê é que fez?          ( José Roberto)



terça-feira, 5 de novembro de 2013

FALHA DE QUEM!



                     De quem seria a falha, se tudo foi com amor!... Há sentimentos que não se manifestam. Nos anos de convívio, jamais estivemos “a dois”. O passado esteve sempre com você  e eu a ignorar a farsa aparente. Sua ausência sem aviso desestruturou a relação. Dignidade  provei, revelando meu outro envolvimento, Você tentou aceitar sua falha, compreendeu,tentou,mas não ficou; desistiu. Hoje, após décadas, quando nos reencontramos, as delícias de então, agora supervalorizadas  , faz você ver – plagiando Ataulfo Alves  - que era feliz e não sabia.