Como o pêndulo
de um relógio no seu vaivém e
tique-taque, minhas lembranças divididas
parecem brincar na gangorra rítmica do tempo. A vontade de registrá-las parece conflitar com
a presente sensação. Passar no filtro do
tempo , estampar na tela da memória situações de um passado vivido por mim, as quais têm seu peso e valor só para
mim , causa-me dificuldades. Uma é a fiel exposição dos fatos e a outra é encontrar palavras com carga
suficiente e, mais uma de outras tantas,
é o receio da vulgaridade. Ser original e autêntico se faz necessário e é meu intento, mas nem tudo deve ser dito , porque em nada
acrescentaria, somente acumularia os já
tão conhecidos “ ensaios e erros”. Não é a preocupação com análise posterior, não, apenas um franzir de sobrancelhas; quiçá alguma semelhança como pano de fundo na trama
do enredo. No frigir dos ovos é tudo
mais ou menos igual: nascemos, crescemos
– alguns – e morremos. No palco deste
teatro que é a vida, cada um é o autor e ator protagonista de sua história-única. E o que mais me
fascina é saber que não foi necessário curso de arte cênica, intuitivamente
representamos nosso(a) personagem magistralmente, com desenvoltura e bossa
próprias. Por analogia, para escrever o que pretendo é preciso retroceder no
tempo. E percorrer caminhos conhecidos, fantasias vividas é ao mesmo tempo bom e salutar, um pouco de saudosismo, mas quem é
que não senta na cadeira do tempo na varanda das recordações, hein?
Coisas mais sem significado para os demais, para mim, massageiam aquela parte que parecia
adormecida e as recordações se afloram. Então tenho eu a certeza de que jamais
estaremos sós. Creio que ninguém vai se
sentir isolado, abandonado tipo natureza
morta. As recordações
nesse vaivém nos faz reviver, e
diz o adágio: “Recordar é viver “. Retornando a ideia central acima interrompida
por devaneio saudosista e de reflexão, podemos ainda
avaliar nosso desenvolvimento ,
inclusive no emocional. Repentinamente chega o comando: a ordem foi dada e eis – me aqui
pronto a esboçar o registro de minhas lembranças do “Passando por
aqui”. O presente, apesar dos pesares, é por onde iniciarei, ele se me configura melhor. E o
texto “
Januária de Londrina “, foi escrito em 23 de Dezembro de 2002 ( José Roberto )
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