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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

JANÚARIA DE LONDRINA


Com tantos objetivos ainda a serem alcançados, já sexagenária, e convivendo com as limitações impostas por uma artrose generalizada, sua cabeça inquieta assemelha-se aos brinquedos da moderna tecnologia ; fica difícil focar e parar no ponto certo. O tempo urge. A vida se esvai num passe de mágica. A beleza da flor já não é a mesma. O viço se perde pouco a pouco, mas fica algo inatingível que a mantém em pé, lutando com seus “ senões “. Sente-se igual a flor “ sempre viva “ que vai secando mas conservando e ostentando seu interior- “vida”. É vaidosa, aprecia o belo, e o espelho deixou de ser seu companheiro inseparável. A sequência cronológica não afetou seu psiquismo. Vinda de família humilde, orgulha-se dos pais que lhe deram o que muitos não tiveram- “ amor “. Literalmente falando foi muito amada e compreendida, Recebeu ainda como herança o exemplo de vida honesta e íntegra – “ seu maior patrimônio “. Sua saúde sempre foi debilitada. Houve um bom período de calmaria e nele viveu um pouco. Apanhou mas aprendeu algumas lições, pois a vida é uma escola e dela sairemos sem o certificado de conclusão. Compreende melhor agora os versos de Gonzaguinha: “ Viver e não ter a vergonha de ser feliz, Cantar a alegria de ser um eterno aprendiz “. Hoje, impedida de caminhar livremente sem as bengalas, posta-se à janela do apartamento, no alto do 13 andar, qual Januária da canção de Chico Buarque de Holanda: “ Todo mundo homenageia Januária na janela... Quem madruga sempre encontra Januária na janela... “ Para Januária de Londrina, a janela é uma TV ao vivo. De lá ela vê as pessoas irem e virem do trabalho, dos passeios, das caminhadas e “ das morcegadas “. Em suas observações percebe a vida seu ciclo natural. Cenas do passado faz-se presente. Desperdício de tempo, pensa, ao constatar a inércia de algumas pessoas que, ao invés de caminharem ao encontro da felicidade, sentam-se e lhe parece lamuriarem as oportunidades perdidas. Não percebem que o relógio não pára e que o tempo perdido não volta mais. Mas Januária observa...medita...sonha... seu pensamento voa... Cansada, volta à rotina manquitolando, porém tentando encontrar uma fórmula ou forma de melhorar o mundo lá fora, e o seu também. Otimista, espera calma e pacientemente. Não cruza os braços nem venda os olhos... busca informações, conhecimentos. Anseia pela evolução da ciência e da tecnologia. Procura na terra e aguarda dos Céus. Só sabe que vai conseguir. Chegou o seu momento e agora também percebe que só valorizamos depois da perda; só se pede perdão depois do erro cometido; só vem o arrependimento depois que caiu a “ ficha “ mas... daí já era... Hoje Januária valoriza muito mais a vida. No seu entender o que podemos e devemos fazer diariamente é agradecer ao bom Deus, criador de tudo. ELE é realmente o grande arquiteto deste universo maravilhoso. E sendo bom Pai nos ama e nos quer felizes. Deu-nos tudo gratuitamente. Compete a cada um de nós nos descobrirmos e fazermos desta “ tela, que é o espaço de vida que temos,” nossa obra prima, única e inimitável. Obrigada Deus. Aceite minha humilde reverência. Januária de Londrina. ( José Roberto )


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