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quinta-feira, 6 de julho de 2017

'VAI DORMIR QUE TEU MAL É SONO'


   O provérbio nos diz que “o sono é um bom conselheiro”, mas nos tempos atuais nem sempre conseguimos essas horas cheias para recarregar a bateria do nosso relógio biológico. É claro que cada pessoa tem um funcionamento biológico e precisa entender seu organismo e ter as “tais horas” de sono. Atualmente, sete horas de sono bem aproveitadas já podem ser consideradas o ideal. Isso pode, é claro, mudar de pessoa para pessoa. Afinal, às vezes algumas pessoas precisam de um pouco mais de tempo e outras com até seis ou cinco horas conseguem ter um desempenho satisfatório nas tarefas diárias. 
   Vale dizer ainda que dormir pouco torna a pessoa irritada, atrapalhando assim o relacionamento com os outros no dia a dia. A falta de memória e atenção dificulta a realização de atividades básicas diárias inclusive, já existe um nome para esse descompasso diário encontre os compromissos e o relógio biológico: “jetlag social”. Essa ideia de ter o sono sempre atrasado e que acumula durante a semana, o mês e, muitas vezes, o ano e causa o estresse. 
   Não existe mais o “alívio” de antigamente quando ouvíamos: “vai dormir que teu mal é sono”; afinal os males da vida moderna afetam diretamente nosso descanso. A tecnologia e o hábito de dormir e acordar com o celular ao lado da cama dificultam ainda mais esse processo. A falta de sono e o estresse ficam interligados. 
   Ademais, a vida moderna que hoje vivemos – com globalização, a mídia, o acesso rápido às informações em tempo real – acaba interferindo em nosso dia a dia, sendo cada um de nós mais ou menos afetados. Notícias no âmbito econômico, político, profissional geram preocupações porque muitas delas nos afeta direta ou indiretamente. Como consequências teremos as “famosas noites mal dormidas”.
   O que fazer em uma sociedade que muitas vezes premia a redução do sono como sinal de produtividade e compromisso com o trabalho? Mas o que quase ninguém lembra é que a falta de sono causa irritação e intolerância e esses são os primeiros sintomas que se manifestam nas pessoas. E caso a pessoa já tenha um perfil intolerante essa questão piora e muito. Imaginem essa bola de neve crescendo com as más notícias que acontecem no mundo e que temos que tentar blindar? É quase um novo aprendizado.
   Olheiras, fadiga, olhos secos, dificuldade de concentração e irritação são algumas das respostas do corpo para a privação do sono. Outras doenças que podem ter seu grau de risco aumentado pela falta de descanso são as cardiovasculares, o câncer, o diabetes e a depressão. Então, aprender a blindar sua qualidade de sono é quase um “elixir da juventude e da vida longa”. Cada vez mais iremos estudar o sono como algo crucial para o bem-estar. 
   É preciso mudar nossos hábitos de vida, começando por uma qualidade melhor de sono e resultando em uma noite bem dormida e seus benefícios, como descanso físico e mental reconfortante. Em outras palavras, fugindo um pouco da obsessão a que nos submetemos com fácil acesso da tecnologia moderna, porque o excesso dela nos faz dormir e andar menos, comer e beber demasiadamente, vícios esses que são prejudiciais à saúde, com certeza. Portanto, a luz amarela (alerta) já acendeu. Não vamos permitir que acenda a vermelha. Só depende de nós. 
   Bom sono a todos! (TEXTO de DANIEL NUNES SILVESTRIN, médico do Trabalho e cirurgião cardiovascular do Hospital São Vicente, em Curitiba, coluna PENSAR MAIS, página 3, FOLHA MAIS, 24 e 25 de junho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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