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quinta-feira, 6 de julho de 2017

DISPOSIÇÃO PARA SAIR DO DESENCANTO


   Os jovens são os mais atingidos pela onda perturbadora nacional, mas na avaliação do professor Ronaldo Baltar, doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Centro de Ciências Humanas da Universidade Estadual DE Londrina (UEL), quando os destroços da crise baixarem, o Brasil terá uma nova chance 
   Oportunidade que os brasileiros não devem depositar em outras mãos que não as suas. “É triste ver, principalmente, a juventude sem perspectiva. Em conversa com os estudantes, tanto universitário quanto do ensino médio, observarmos que não falam muito em futuro no Brasil. Diferente de outras crises, como a dos anos 1980 e 1990 , quando a impressão que se tinha era de que passariam logo, que o país voltaria a crescer Parece que o brasileiro perdeu esta dimensão por conta de tudo que está acontecendo. Mas, vejo algo de positivo e que não aconteceu no passado. As pessoas estão reivindicando mais, não só diretamente aos políticos, mas nas vizinhanças e nas redes sociais. Tem acontecido mais solidariedade e busca por alternativas entre as pessoas. Se o Brasil não é mais o país do futuro, as pessoas decidiram fazer o futuro agora. Tem havido desencanto, mas as pessoas estão dispostas a mudar isso”, avalia Baltar. 
   Neste ambiente em que tudo germina, também podem irromper salvadores da pátria. Na opinião do professor, eles não terão sucesso.
“O Brasil tem vivido também momentos de polarização, causada pela questão ideológica partidária e também pela desigualdade, que é a não aceitação da igualdade. Isso foi potencializado nas redes sociais. Porém, tende a diminuir a partir do momento em que consigamos abarcara diversidade de maneira efetiva. Para isso é preciso fazer valer a regulamentação de direitos”, acredita Baltar, acrescentando que é melhor que essas tensões apareçam no debate e se resolvam em políticas públicas. 
   Mas, e onde está a perspectiva de um país do futuro, como fizeram os brasileiros crer?
   O professor olha para as paredes do beco em que os brasileiros se sentem, tentando enxergar o que tem do outro lado. 
  “Não será fruto de um desenvolvimento econômico, como muitos esperam, mas de um amadurecimento. Hoje, o País está se chocando contra si porque está encarando as diferenças. O problema é não estar vivendo institucionalmente a diversidade em que todas as minorias precisam ser ouvidas e ter legitimidade. Vencidas estas demandas, teremos a construção de um Brasil novo, tolerante e inclusivo”, espera Baltar. (F.L.) (FRANCISMAR LEMES – Especial para a FOLHA , FOLHA MAIS, 24 e 25 de junho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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