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quarta-feira, 12 de julho de 2017

PERSPECTIVAS NA ONCOFERTILIDADE


   Cientistas desenvolveram ovários sintéticos e estudo aponta que mulheres podem gerar filhos após o câncer de mama, sem aumenta o risco de retorno da doença
   Já imaginou usar uma impressora 3D para criar ovários sintéticos? Pois essa foi a descoberta de cientistas da Universidade do Noroeste, em Chicago (Estados Unidos), anunciada recentemente. O grupo de pesquisadores desenvolveu próteses de higrogel feitas em impressoras 3D e iniciou os estudos com camundongos. A parte interna dos ovários foi extraída, deixando os animais inférteis. Em seguida, eles implantaram a prótese, formando um ovário sintético. As fêmeas foram fecundadas naturalmente e deram à luz filhotes saudáveis, revelando a possibilidade de restaurar a função ovariana em ratos esterilizados. 
   De acordo com a publicação do estudo, a estrutura do ovário foi montada camada por camada de hidrogel, considerando o tamanho e o formato dos poros da estrutura para que os folículos ovarianos pudessem aderir a ela. Cerca de uma semana depois, o ovário sintético já estava vascularizado, o que permitiu seu desenvolvimento, isto é, o processo de ovulação, em que o óvulo é liberado para ser fecundado. 
   Em publicações internacionais, os autores afirmam que esse é o primeiro passo para a criação de uma bioprótese de ovário,” que pode apoiar a produção hormonal e a fertilidade em seres humanos que não possuem essa função, o que incluiu milhares de mulheres que estão em tratamento de quimioterapia e radiação”. 
   Os testes ainda não foram realizados em humanos, mas o grupo de cientistas acredita que futuramente isso será possível. “Nossa esperança é que um dia essa bioprótese ovariana seja realmente o ovário do futuro. O objetivo do projeto é ser capaz de restaurar a fertilidade e a saúde endócrina para jovens pacientes que foram esterilizadas por seu tratamento contra o câncer”, disse Teresa Woodruff , uma das autoras do estudo. 

   PESQUISA

   Outro estudo apresentado recentemente no Congresso anual da Asco (American Society of Clinical Oncology) trouxe uma nova perspectiva sobre gravidez após o câncer de mama, incluindo os tumores positivos de receptores de estrogênio (ER), considerado o tipo mais comum de câncer de mama. Os resultados da pesquisa, que envolvem 1.200 mulheres acompanhadas durante dez anos, revelaram que elas são capazes de gerar um filho sem aumentar o risco de desenvolverem novamente o tumor. 
   O fato de a gravidez aumentar as chances de recorrência do câncer de mama, especialmente com mulheres com doença ER-positiva, sempre foi uma preocupação entre pacientes e médicos, uma vez que o câncer ER-positivo é alimentado por estrogênio e os níveis hormonais durante a gravidez podem estimular o crescimento das células cancerígenas ocultas. No estudo, o autor principal e oncologista, Matteo Lambertini, afirma que os “achados confirmaram que a gravidez após câncer de mama não deve ser desencorajada, mesmo para mulheres com câncer ER-positivo. 
   No entanto, ele ressalta que “ao decidir quanto tempo aguardar antes de engravidar, os pacientes e os médicos devem considerar o risco pessoal de cada mulher para recorrência, particularmente para as mulheres que precisam de terapia hormonal adjuvante.”
   O estudo inclui mulheres que foram diagnosticada com câncer de mama não metatástico e antes de 2008, menores de 50 anos. A maioria (57%) apresentava câncer ER-positivo e mais de 40% apresentavam fracos fatores prognósticos. Dos 1.207 participantes, 333 engravidaram. O tempo médio deste o diagnóstico até a concepção foi de 2,4 anos. As mulheres com câncer de mama ER-positivo tendem a atingir a gravidez mais tarde do que aqueles com doença ER-negativa; 23% dos pacientes com doença ER-positiva apresentaram uma gravidez superior a cinco anos de diagnóstico em comparação com 7% com tumores ER-negativos. 
   Na publicação do estudo, a oncologista especialista em câncer de mama da Asco, Erica L. Mayer, diz que “esses dados garantem aos sobreviventes do câncer de mama que ter um bebê após o diagnóstico pode não aumentar as chances de seu câncer voltar. Para muitas jovens de todo o mundo que querem crescer e expandir suas famílias, é uma notícia muito reconfortante.”
   Lambertini ressalta que “é possível que a gravidez possa ser um fator protetor para pacientes com câncer de mama ER-negativo, através de mecanismos do sistema imunológico ou mecanismos hormonais, mas precisamos de mais pesquisas sobre isso.” (FONTE: MICAELA ORIKASA – Reportagem Local, página 10, FOLHA SAÚDE, segunda-feira, 10 de julho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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