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domingo, 2 de julho de 2017

ESTUDANTE LONDRINENSE PARTICIPARÁ DE OLIMPÍADA NA IRLANDA

Gustavo Palote Martins, 16, sempre estudou em escola pública:   "Muitos participantes fizeram cursinhos específicos para a olimpíada, nunca imaginei que ficaria em primeiro lugar"

   Após ficar em primeiro lugar na competição nacional de Linguística, Gustavo Martins prepara-se para o primeiro desafio internacional 

   Um estudante de Londrina faz parte do seleto grupo de quatro brasileiros que vai representar o país na Olimpíada Internacional de Linguística, no final de julho na Dublin Citu University, em Dublin, na Irlanda, Gustavo Palote Martins, 16, é aluno do terceiro ano do ensino médio do Instituto Federal do Paraná (IFPR) e, após ficar em primeiro lugar na Olimpíada Nacional de Linguística, prepara-se para o primeiro desafio internacional. 
   Participar – e vencer – olimpíadas não é uma novidade para o adolescente. Desde a infância, ele já participou e terminou como medalhista de competições nacionais de matemática, inclusive conquistando duas medalhas de ouro. “Foi em grupos sobre as olimpíadas de matemática nas redes sociais que descobri a prova de linguística”, conta ele. 
   Apesar do tema ser desconhecido, o estudante – que também gosta de línguas e começou a aprender inglês de maneira autodidata – procurou a professora de língua portuguesa Karen Alves Andrade Moscardini, do IFPR, para viabilizar a inscrição. 
   “Até então, eu não sabia o que era linguística, mas fui pesquisar e descobri que o objetivo das provas é conhecer padrões para desvendar outras línguas e seus fenômenos. É muito ligado a lógica”, explica o estudante, que agora se prepara para experimentar a primeira viagem internacional e não esconde a ansiedade. “A primeira vez que andei de avião foi para participar da última etapa nacional em Brasília”, conta. 
   Palote, como é conhecido pelos amigos, se preparou para as Olimpíadas estudando pelas provas de edições anteriores. “Entendi que é uma questão de semântica, a gente tem que colocar a mente na outra língua para entender o que significa”, esclarece. Além das línguas tradicionais, há desafios sobre línguas indígenas, árabes e até mesmo as inventadas, entre outras possibilidades. “Em um prova caiu uma questão sobre uma língua do Senhor dos Anéis”, diverte-se. 
   Na última fase nacional ele ficou uma semana em Brasília na ELO (Escola de Linguística de Oulo), realizada na UNB (Universidade Nacional de Brasília), onde assistiu palestras e participou de atividades sobre as diversas vertentes da disciplina. “Tinha muitos participantes que fizeram cursinhos específicos para a olimpíada, nunca imaginei que ficaria em primeiro lugar”, comemora. 
   Questionado sobre a preferência entre matemática e linguística, ele garante que não faz distinção. “As duas disciplinas têm muitas semelhanças, pois são baseadas em raciocínio lógico”, diz o medalhista, que gosta de participar das provas principalmente porque aprende conteúdos que não estão no currículo tradicional da escola. ”É possível usar a criatividade, o que incentiva a querer aprender”, garante. 
   A professora Karen, que ensina língua portuguesa no IFPR, conta que já inscreveu outros alunos na Olimpíada de Língua Portuguesa, mas a modalidade que envolve linguística foi uma novidade apresentada pelo próprio Palote. “Ele é extremamente interessado e ativo. Minha contribuição é em relalção a sanar dúvidas e oferecer material para ele estudar”, comenta, destacando que ela própria teve que estudar para aprender o padrão de algumas línguas contempladas nas provas.
   Para ela, olimpíadas em geral podem se tornar instrumentos pedagógicos interessantes na medida em que incentivem a aprender conteúdos que extrapolam o que é ensinado em sala de aula. “Mas o que ensinamos no currículo tradicional é a base para que seja possível avançar”, lembra.

   EXPECTATIVA

   Para a família do estudante Gustavo Palote os últimos dias têm sido de muita expectativa. “Ficamos muito orgulhosos, Sabíamos que ele se saía bem nas olimpíadas de matemática e física, mas linguística foi uma surpresa”, conta o pai do adolescente, o aposentado Vicente Palote, que junto com a esposa Dulcineia da Silva Martins, comemora os feitos do adolescente. 
   Ele revela que a irmã mais velha de Gustavo, Larissa, é doutora em Física, mas garante que não tem segredo para estimular os filhos a gostarem de estudar. “O importante é acompanhar, participar das atividades da escola e principalmente acreditar no potencial dos filhos e incentivá-los”, ensina. 
   A expectativa de todos, agora, é em relação aos custos da viagem. A organização da olimpíada brasileira está tentando garantir as passagem dos quatro selecionados, mas o medalhista londrinense precisa de apoio financeiro para custear despesas na Irlanda e também poder participar de um curso preparatório que o evento oferece na Universidade de Breslávia, na Polônia, com duração de uma semana. 
   “Já andei pesquisando e vi que é bem caro. Seria ótimo conseguir um patrocínio, vamos lutar muito para ele aproveitar todas as oportunidades”, garante o pai, que aproveita o momento para destacar que o filho sempre estudou em escola pública, o que não o impediu de ter resultados brilhantes nos estudos. “É possível aprender muito mesmo com todas as deficiências da educação”, diz. (FONTE: CAROLINA AVANSINI – Reportagem Local, caderno FOLHA CIDADES, terça-feira, 27 de junho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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