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sexta-feira, 28 de julho de 2017

A LAVA JATO CONTINUA VIVA


   A prisão do ex-presidente do Banco do Brasil e ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, nesta quinta-feira (27), mostrou que a Lava Jato continua viva, apesar da recente decisão da direção da Polícia Federal de desfazer a força-tarefa que atuava na operação. Bendine foi preso em Sorocaba, interior de São Paulo, na 42ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Cobra. Além dele, foram alvos de mandados de prisão temporária André Gustavo Vieira da Silva e Antonio Carlos Vieira da Silva Jr., suspeito de serem operadores do executivo. À frente da Petrobrás de 2015 a 2016, ele é suspeito de ter recebido R$ 3 milhões em propinas da Odebrecht, entre junho e julho de 2015. Em troca, ele iria proteger a empreiteira em contratos na estatal. E o mais surpreendente: a proteção seria inclusive em relação às consequências da Lava Jato, que foi deflagrada em março de 2014. Lembrando que àquela altura, com as investigações lideradas pelo juiz Sérgio Moro em andamento, o presidente recém-empossado da Petrobras tinha o dever de estancar a corrupção dentro da empresa e não incrementá-la. Ainda mais considerando o salário dele, conforme adiantou o colunista Claudio Humberto em sua coluna desta sexta-feira, na FOLHA. Segundo o jornalista, Bendine recebia R$ 62,4 mil de aposentadoria do Banco do Brasil e mais R$ 123 mil para presidir a Petrobras – salário e aposentadoria tão diferente da realidade do trabalhador brasileiro. O suposto pedido de propina, que teria ocorrido pouco depois de sua posse, está na delação de executivos da Odebrecht, e foi relatado pelo ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht e pelo diretor da Odebrecht ambiental, Fernando Reis. É compreensível que a sociedade brasileira, duramente explorada pelo esquema de corrupção desvendado pela Lava Jato, está preocupada com possibilidades de esvaziamento da força-tarefa. A nova fase deflagrada na quinta-feira é uma prova importante de que há muito a investigar. (OPINIÃO, página 2, sexta-feira, 28 de julho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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