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sexta-feira, 16 de junho de 2017

CADA UM DE NÓS É A PÁTRIA


   Mais uma vez, e usando as mesmas reflexões e as mesmas palavras, revejo meus valores e concluo que atribuí importância exagerada àqueles que elegi, e me escandalizei com a inoperância, a baixa moral deles e seus desmandos. Penitencio-me porque eles são reflexos de mim mesmo e do meio em que vivo. Mas agora ponho-me de pé e à ordem, porque a pátria não é constituída penas pelos governantes, mas por toda a nação brasileira de 200 milhões. Cada um de nós é a pátria, então temos de definir o que queremos. 
   Se apenas fico indignado, minha mente se turva e não consigo raciocinar claramente, mas se levanto e deixo escapar meu brado de protesto, torno-me existente e visível, posso impulsionar mais um e seremos dois, que impulsionarão mais dois e seremos quatro, e assim sucessivamente. Minha sensação de impotência foi pouca coragem e baixo grau de decisão e cidadania. Recuso-me a acreditar que os valores morais estão perdidos, porque acredito-me possível, com fé convicta no poder que carrego comigo. 
   Os corruptos e corruptores são aspectos de minha pátria defeituosa. Em parte também contribuí para torná-la assim, por negligência, conformismo, comodidade e alguns outros comportamentos semelhantes. Também tenho perdido tempo com lamentações e me apequenei ao fazer grandes certos líderes que pouco tinham de grandeza. Mas não quero olhar os governantes nem os malfeitores, porque isso me corrói e me cega, e assim perco o rumo. Desejo, sim, que eles se emendam, pela iluminação de suas consciências, e pelo pouco que posso contribuir com os meios de que disponho. 
   Se apenas busco levar vantagens, se fujo de minha responsabilidade de cidadão, se não cultivo a esperança e ainda aniquilo com a do meu próximo, se não controlo meus pensamentos, palavras e atos, se apenas penso em competir e não em partilhar, se semeio maledicência e, disfarçadamente, pratico formas de enganação, então passo a fazer parte da pátria marginal. Não quero que os governantes me mudem, mas mudo a mim mesmo. Se eu for melhor, eles serão melhores. (FONTE: Crônica de WALMOR MACCARINI, jornalista em Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 15 de junho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). .* Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. Email: opinião@folhadelondrina.com.br).

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