Páginas

quarta-feira, 17 de maio de 2017

A SOLIDARIEDADE NAS MANCHETES


   Num país abalado por corrupção, desvios e julgamentos de crimes políticos, uma corrente silenciosa faz um trabalho de formiguinha para preencher lacunas que ferem de morte o tecido social. Desde a semana passada, motivada também pelo Dia das Mães, várias reportagens da FOLHA alinharam iniciativas que mostram a organização da sociedade civil em ações espontâneas que não dependem de governos e verbas públicas. No último domingo, o exemplo de Joseleide Baptistela, que criou uma biblioteca comunitária no residencial Vila Bela, na zona norte de Londrina, brilhou como uma estrela de esperança, apesar do escuro. Há cerca de um ano, observando a situação do bairro marcado pela violência, ela organizou em sua casa, de 36 metros quadrados, um espaço que hoje recebe 212 meninas e meninos em dois períodos. Além de oferecer acervo de 6 mil livros, o projeto já conta com aulas de inglês, canto, dança, artesanato e inclusão digital. Tudo para preparar melhor as crianças através da educação. Do mesmo modo, no último domingo, por iniciativa dos jovens da Igreja Adventista do Sétimo Dia, foi servido na Concha Acústica um almoço para pessoas em situação de rua para celebrar o Dia das Mães, tendo em vista que essas pessoas não têm família. Ainda existem na cidade espaços que acolhem pessoas sem moradia como o projeto Pão da Via, Casa do Bom Samaritano e o SOS (Serviços de Obras Sociais), entidades filantrópicas que atendem pessoas privadas de moradia e alimento. Também chamam atenção iniciativas como a “Quero na Escola”, plataforma digital, criada por jornalistas, na qual alunos de escolas públicas podem cadastrar seus desejos – aulas de fotografia, dança ou pintura – que são oferecidas por profissionais voluntários como forma de completar as atividades escolares. Exemplos como esses, que colocam a sociedade civil como protagonista na costura de um tecido social esgarçado, demonstram que nem tudo está perdido e que é possível exercer o bem a ser noticiado como um pequeno raio de sol que transformam as manchetes em espelho da esperança. Ações solidárias tornam visível o humanismo que sobrevive, apesar de tudo. (OPINIÃO, página 2, quarta-feira. 17 de maio de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário