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quarta-feira, 5 de abril de 2017

PREFÁCIO DO LIVRO ' O VENDEDOR DE SONHOS 2 ' -AUGUSTO CURY

 
  O Vendedor de Sonhos é uma saga contada em vários livros com os mesmos personagens. Nessa saga, o drama é a comédia, a dor e o riso, a sanidade e a loucura percorrem as mesmas artérias, invadem os textos e tumultuam a história. Embora há uma sequência, cada livro pode ser lido separadamente. Eu não imaginava que o primeiro livro tivesse um sucesso explosivo, em especial porque é intensamente crítico do sistema social e porque grita que as sociedades modernas se tornaram grandes hospitais psiquiátricos onde o normal é ser doente. Agora estamos no segundo livro. O Vendedor de Sonhos 2 – A revolução dos anônimos.
   No primeiro livro, surge um personagem misterioso chamado Vendedor de Sonhos, ou Mestre, cuja origem e história ninguém sabe, que “chama” os caminhantes para segui-lo numa jornada arriscada para refletir e denunciar as loucuras do sistema social. Os discípulos chamados são tipos desvairados, excêntricos, complexos e confusos. Eu me vejo neles, e creio que vários leitores também. Nesse livro o Mestre inquieta, perturba e instiga seus ouvintes a procurar o mais importante de todos os endereços, um endereço que mesmo os reis raramente encontraram: o interior da alma humana. 
   No segundo livro, o Mestre continua virando a sociedade de cabeça para baixo. Seus discípulos “amalucados”, dos quais se destacam Bartolomeu e Barnabé, ganham , revelando uma criatividade surpreendente e aprontando mil peripécias. Provocam, satirizam e instigam a tudo e a todos, inclusive o próprio Vendedor de Sonhos. Esta obra mostra que as sociedades são construídas de heróis anônimos, que não estão sob os holofotes da mídia. 
   Entre esses anônimos se encontram os deprimidos, que apesar de abatidos pela cálida dor, enfrentam com dignidade seu inverno emocional; os ansiosos, que, solapados pela inquietação, sonham com dias tranquilos; os portadores de câncer, que, como guerreiros, lutam pela vida e fazem de cada dia um momento eterno; os pais, que esgotam seu corpo e sua mente para sustentar e educar os filhos; os professores, que, com salários magros e aplausos sociais, movem o mundo ao ensinar a seus alunos o pensamento crítico; os alunos, que, como frágeis Quixotes, creem que poderão mudar a história sem ter noção de que vivem num sistema social engessado e pouco generoso às novas ideias; os trabalhadores de escritórios e empresas, que não são notados a não ser quando causam um escândalo, mas que têm histórias borbulhantes. Todos eles são de alguma forma vendedores de sonhos, embora também vendam pesadelos. 
   Cada ser humano é uma caixa de segredos, mesmo quando, míopes, não os notamos. Explorá-los, gastar algum tempo com eles é um privilégio. Como psiquiatra, psicoterapeuta e autor de uma teoria que estuda o admirável mundo dos pensamentos e complexo processo de formação de pensadores, tenho aprendido muito com cada um desses anônimos e descoberto um tesouro soterrado em seu psiquismo. Sinto-me pequeno perto de muitos deles. 
   O romance O vendedor de Sonhos 2 – A Revolução dos anônimos, ao destacar esses tipos anônimos, reflete que nossa história é admiravelmente complexa, escritas com lágrimas e júbilo, tranquilidade e ansiedade, sanidade e loucura. (FONTE:
 AUGUSTO CURY- autor, editora PLANETA DO BRASIL LTDA- SP, ANO 2016).

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