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segunda-feira, 10 de abril de 2017

PARA APRENDER COM OS JAPONESES

Dono de uma doceria no centro da cidade, Vitor Tsuji aprimorou a técnica em uma escola de cozinha e confeitaria no Japão há seis anos 

   Com curta duração, as bolsas de treinamento específico da JICA vêm atraindo os londrinenses; inscrições para o segundo semestre encerram dia 19 de abril
   Valorizar os detalhes, a disciplina e o treinamento sempre foram características marcantes na educação japonesa, e que agora vêm motivando muitos descendentes no Brasil a embarcarem rumo a essa vivência.
   Um grande facilitador nesse processo são as bolsas de treinamento especifico para estudantes e profissionais em diferentes campos de educação. Essa é uma das ações da Japan International Cooperation Agency (HCA), que desde 1971 oportunizou a participação de aproximadamente três mil bolsistas nikkeis (descendentes de japoneses).
   Segundo a JICA no Brasil, essa participação se concentra mais nas regiões Sul e Sudeste do País, devido a grande concentração de nikkeis. Para se ter uma ideia, o Norte do Paraná, especificamente Londrina e região, abriga a segunda maior população de descendentes em território nacional. Sendo assim, o Estado é representado por cerca de 20% do total de aprovados.
   Individualmente ou em grupo, os cursos de curta duração ocorrem entre 30 a 90 dias. De acordo com o órgão, para o segundo semestre de 2017 que tem as inscrições abertas até o próximo dia 19, são cerca de 40 cursos em áreas como medicina, odontologia, empreendedorismo, agroturismo entre outros. O início do treinamento é a partir do mês de outubro. 
    A JICA providenciará as passagens aéreas e a ajuda de custo relativo ao período de permanência. Nesse benefício estão inclusos os gastos para preparativos, envio de materiais, assistência médica (exceto tratamentos odontológicos e doenças preexistentes) e visto japonês. 
   Os treinamentos são técnicos, e segundo o órgão, os estudantes também "são capacitados para liderarem a comunidade de seus respectivos países, contribuindo para a melhoria da região a que pertencem.”
   Esse é um dos motivos que tem levado a estudante do último ano de Pedagogia Katia Sayuri O. Kaibara, de 28 anos, a se preparar para o processo seletivo. Ela, que mora em Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina), está se candidatando à bolsa de curta duração na área de Educação Infantil. 
   “Já estive no Japão para estudar e para trabalhar, mas dessa vez quero buscar uma experiência como professora. Acho que o modelo de ensino e educação japonesa pode ser aprendido pelos brasileiros. Minha ideia é vivenciar tudo isso para transmitir esse conhecimento para outras pessoas”, comenta. 
   Katia está preocupada com a questão da comunicação durante o curso, e para isso vem estudando através de aplicativos de idiomas. “O edital só exige o conhecimento básico do japonês ou inglês, mas quero estar bem preparada para aproveitar ao máximo”, afirma. 
   Entre os bolsistas, a JICA informa que há um certo perfil de acordo com a área de interesse. Por exemplo, os recém-formados, na faixa etária de 21 a 30 anos, os cursos de Arquitetura, Computação Gráfica são os mais procurados. 
   Dos 30 aos 50 anos, os profissionais com experiência buscam oportunidades em Medicina, Odontologia, Empreendedorismo e Gastronomia. Como é a história do londrinense Vitor Tsuji, de 37 anos 
   Formado em Tecnologia em Gastronomia, ele foi aprimorar a técnica em uma escola de cozinha e confeitaria no Japão, em 2011. Sua bolsa teve a duração de 11 meses e foi essencial para Vitor dar seu maior passo profissional. 
   “Sempre tive vontade de ir em busca da perfeição, da estética. E eu consegui realizar isso através dessa experiência no Japão. Quando retornei, busquei uma consultoria no Sebrae e abri meu próprio negócio”, revela o proprietário da Amai Amai Macarons e Delícias.
   Vitor explica que a ideia era trazer para o Brasil a proposta dos pequenos negócios no Japão. “Nesse modelo, o sabor é hipervalorizado. Estamos no mercado há quatro anos e sempre sou questionado sobre a decisão de não ampliar a loja. Eu digo que a proposta é justamente trabalhar com encomendas para fazer um trabalho personalizado e o mais fresco possível”, diz.
   REQUISITOS 
   Como regra geral, os candidatos às bolsas JICA de possuir idade entre 21 a 50 anos (até 1 de abril de 2017), possuir nível médio de escolaridade: ter habilidade de linguagem para alcançar uma formação adequada; quando retornar ao país, ter interesse em divulgar os conhecimentos adquiridos durante o treinamento e estar em condições física e mental saudáveis. 
   A JICA é um órgão do governo japonês responsável pela implementação da Assistência Oficial para o Desenvolvimento (ODA), que apoia o crescimento e a estabilidade socioeconômica dos países em desenvolvimento.
   CANDIDATOS CONTAM COM A AJUDA DA COMUNIDADE 
   A candidata à bolsa em Educação Infantil Katia Sayuri O. kaibara tem contato com experiência de ex-bolsistas de Londrina para formalizar o processo de inscrição. Ela diz que as principais dúvidas são em relação à interpretação das informações exigidas. 
   Pensando nessa dificuldade, um grupo de ex-bolsistas vem se reunindo periodicamente em Londrina, desde o final do ano passado, com o objetivo de auxiliar candidatos a divulgar as bolsas. “Queremos aumentar a adesão e desenvolver projetos de compartilhamento do conhecimento”, conta o empresário Frank Hisatomi, um dos coordenadores. 
   Luciano Matsumoto, diretor do Integranikkey em Londrina, entidade que fomenta o desenvolvimento pessoal, profissional e de negócios na comunidade nipo-brasileira, também percebeu uma grande demanda por informações e promoveu há poucas semanas um encontro com os ex-bolsistas. O evento reuniu cerca de 85 pessoas. 
   “As pessoas tèm muitas dúvidas, principalmente na questão da língua japonesa. A ideia foi esclarecer os pontos principais. Por exemplo, muitos não sabem que há cursos com intérprete ou outros, com opções de material em inglês”, completa. 
   OPORTUNIDADE PARA OS BRASILEIROS 
   Enquanto a JICA está com inscrições abertas para bolsistas nikkeis, o programa MEXT (Ministerio da Educação, Cultura, Esportes, Ciências e Tecnologia) é direcionado para brasileiros. A nacionalidade brasileira, alias, é um dos requisitos, aliás, é um dos requisitos, além de saúde física e o interesse de se aprofundar na cultura japonesa.
   “O conhecimento da língua vai depender da modalidade e área de interesse”, diz a assessora executiva do Consulado Geral do Japão em Curitiba, Akemi Ferreira. Ela explica que há seis modalidades de bolsa: pesquisa, graduação, técnica, profissionalizante, treinamento para professores e cultura e língua japonesa. 
   De acordo com ela, a maior demanda é para os cursos de pós-graduação, isto é, de pesquisa, com duração mínima de 1 anos e meio. O processo seletivo nessa modalidade terá início no mês que vem. “E os estudantes não precisam necessariamente, estarem vinculados a uma universidade”, afirma. 
   O Consulado do Japão em Curitiba não divulga números detalhados, mas a assessora informa que há um aumento considerável na procura pelas bolsas. Segundo Akemi, em 2011 foram 28 inscritos, mas em 2017 o total já chega a 149. “No Estado, a Região Norte ocupa o terceiro lugar em procura e Londrina tem sempre ao menos um representante”, cita. 
   O programa disponibiliza passagem de ida e volta e bolsa mensal durante o período do curso. Os valores podem variar entre Y 117 a Y 145 mil ienes. Podem participar pessoas com formação no Ensino Superior (Bacharelado ou Licenciatura) ou que irão se formar no ano da inscrição, e até 35 anos incompletos. 
   Mais informações sobre as bolsas MEXT podem ser obtidas nas páginas www. Curitiba.br.emb-japan.go.jp ou pelo telefone: (41) 3322-4919. 
   SERVIÇO
  Os interessados no grupo de ex-bolsistas podem escrever para o e-mail exbolsitalondrina@gmail.com. Mais informações sobre o progrma da JICA podem ser obtidas na página www.jica.go.jp/brazil/portuguese/office/ (MICAELA ORIKASA – REPORTAGEM LOCAL, FOLHA EMPREGOS & CONCURSOS, segunda-feira, 10 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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