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sexta-feira, 24 de março de 2017

O CULTO AO MARTÍRIO DA CRUZ


   Os fieis cristão se enternecem mais com o Jesus humano, com seus milagres e a história do martírio da cruz, porque esses eventos são o inusitado, o fantástico, o incomum entre os mortais. Mas Jesus não considerava milagrosas as suas curas (um fenômeno natural à luz de compreensões mais elevadas) e empenhava-se em seus ensinamentos, exemplos e revelações. O Jesus temporal é exaltado pelas belas palavras do Sertão da Montanha , e o Jesus místico revela-se no que lhe foi concedido vivenciar nos 40 dias em que permaneceu no monte do deserto. A crucificação foi um ato um acontecimento doloroso da vida física do Mestre, mas – pelas suas próprias palavras – não o seu mais importante ato sacrificial, porque o maior deles foi sua descida a este planeta, de baixíssima densidade para ele, que procedia dos planos elevados de luz. Sua descida a esta dimensão não foi abrupta, mas gradual, pois ele iria ingressar na limitação de um pecado invólucro carnal. A revelação é que a fecundação no ventre materno ocorreu pelo processo natural e que foi-lhe injetado um gene-essência, provavelmente com a função de servir como polo de conexão com a dimensão de onde ele viera. Sua vinda foi um ato de sua própria vontade, por doação à humanidade, e aqui ele deixou seu legado. A menção que Jesus é “o filho unigênito de Deus” ( o que quer dizer único filho) é um equívoco de Paulo, assim como é infundado dizer que Maria é a “mãe de Deus”. Fieis das religiões cristãs dominantes costumam reverenciar o Jesus crucificado e o Jesus dos milagres – porque, repita-se, o fantástico fascina mais do que os sábios ensinamentos dele, notadamente amar nossos semelhantes – e acredita que o sacrifício da cruz os redimiu dos pecados. Isto emana da crença dos judeus de que o sacrifício de animais no Templo os libertava de seus erros. Dia chegará em que haverá menos difusão da imagem de Jesus crucificado, e no lugar dela a figura do divino rabi como ele era quando aqui esteve e como o imaginamos hoje na resplandecência do planto celestial onde se encontra. (WALMOR MACCARINI, jornalista em Londrina, página 2. Coluna ESPAÇO ABERTO, sexta-feira, 24 de março de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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