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quinta-feira, 16 de março de 2017

O BRASIL QUE NÃO FAZ GREVE


   Eu tenho orgulho em fazer parte do Brasil que não faz greve. Do Brasil que levanta cedo, agradece a Deus pelo novo dia e se põe a trabalhar. Do Brasil que não é filiado a partido a partido nem a movimento social nenhum. Sou filho do Brasil, não filho da CUT. 
   Ontem os filhos da CUT – no meio da semana, como sempre – fizeram uma greve geral. Como não têm condições nem moral para evitar que a maioria dos trabalhadores trabalhe, decidiram paralisar as atividades daquela categoria reféns da esquerda. Adotaram o velho truque: pararam os ônibus – e, com isso, prejudicaram a mobilidade da população, fazendo parecer que a maioria aderiu à greve dos companheiros. A maioria dos trabalhadores se manifesta aos domingos, não em dias úteis. 
  Os filhos da CUT manifestaram contra a reforma previdenciária. É preciso uma dose descomunal de ignorância ou má fé para não entender que é algo fundamental para a sobrevivência do País. Trata-se de uma questão matemática: os brasileiros estão vivendo mais, a população idosa aumenta a cada dia e a população economicamente ativa, cedo ou tarde, não vai mais conseguir pagar as aposentadorias. Não existe governo grátis, não existe aposentadoria grátis. Se não houver uma reforma, que reduz principalmente as despesas com a previdência do setor público, o Estado ficará sem dinheiro para pagar as aposentadorias (como por sinal, já está acontecendo em alguns lugares, como o Rio de Janeiro). E olha que a reforma proposta pelo presidente Temeroso resolve apenas temporariamente o problema. Em poucos anos, as mudanças terão que ser mais profundas. (A propósito, a crise previdenciária é um problema mundial, e não adianta desviar os olhos). 
   Outro espantalho erguido pelos filhos da CUT é a reforma trabalhista. Como todos sabem, a indústria das ações trabalhistas sufoca e muitas vezes mata a atividade econômica em todo o País. É o caso clássico do remédio que acaba sendo pior que a doença que pretende curar. Desonerar a folha de pagamentos e reduzir a quantidade de demandas trabalhistas é o que se pode esperar de qualquer governante que enxergue dois palmos além do nariz (não sei se é o caso do atual). 
   Mas a questão não se encerra aí. É preciso também fazer as reformas tributária ( com redução de impostos) e a política (com a cláusula de barreira, o fim do fundo partidário e a extinção de partidos traidores da soberania nacional). Mais importante, porém, são três setores em que a palavra “reforma” talvez seja fraca. O País clama pela REINVENÇÃO da educação, da cultura e do próprio Estado. Esse triplo desafio talvez tenha uma importância tão grande para a história do Brasil quanto a abolição da escravatura. Nós, que trabalhamos todos os dias para o bem comum e constituímos a vasta maioria do povo brasileiro, somos os novos abolicionistas. Queremos sair da senzala à qual os políticos e os ideólogos nos confinaram. Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós! (Crônica escrita por PAULO BRIGUET, jornalista e escritor. Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br página 3, coluna AVENIDA PARANA – por Paulo Briguet, caderno FOLHA CIDADES, quinta-feira.16 de março de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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